domingo, 24 de novembro de 2019

[PLMC] As Terras Fajutas - C. S. Lewis



  Esse conto pode ser encontrado no livro A torre negra, lançado pela editora Planeta, mas que esperamos que saia também pela Thomas Nelson em algum momento.




"Minha primeira ideia foi de que havia algo errado com meus olhos. Eu não estava no escuro, nem mesmo no crepúsculo, mas tudo parecia curiosamente embaçado. Havia um tipo de luz do dia, mas, quando eu olhava para cima, não via nada que pudesse chamar confiadamente de céu. Ele poderia, possivelmente, ser o céu de um dia muito sem graça, monótono e cinza, mas carecia de qualquer sugestão de distância. 'Indescritível' era a palavra que eu usaria para descrevê-lo."
  Aqui temos um protagonista que pode muito bem ser o próprio Lewis, ele está em seu escritório na faculdade quando recebe a notícia que um antigo aluno, por quem tem grande estima, vai visita-lo. Ele fica feliz com a visita, só não gosta do fato de ele ter trazido a noiva junto sem avisar ao professor, o que impede-os, na concepção dele, de conversar sobre os assuntos que ambos tem em comum, pois isso deixaria a garota, grosseiramente, fora da conversa, ao mesmo tempo que o casal também não poderia conversar sobre as coisas que supostamente tem em comum pois isso deixaria o professor de fora, mas algo estranho acontece, e o professor então se vê em um mundo meio distorcido, onde quase tudo é meio indistinto e as coisas que parecem ser mais realistas e convidativas parecem ser meio fúteis.
   No decorrer do conto imaginamos as mais diversas possibilidades, mas o narrador, ao voltar para o "mundo real" percebe o que aconteceu e explica, o melhor é que ele fala: "Minha própria hipótese é a óbvia, que terá ocorrido a todos os leitores." Mas eu devo confessar que a mim não ocorreu, é provavelmente a única coisa que faz sentido, principalmente depois do surgimento do "gigante", mas quando ele surgiu eu joguei as favas toda e qualquer hipótese que tinha formado e simplesmente fui em frente torcendo para que em algum momento as coisas se esclarecessem, o que realmente acontece.
  É um conto muito bacana sobre o valor dado às coisas erradas, sobre o foco desajustado do ser humano, sobre o que realmente se passa dentro de cada um, a meu ver também sobre pré-julgametos. O narrador pode parecer meio babaca por boa parte da história, mas no final ele levanta um questionamento que nos faz ficar pensando... e se fosse eu?
  Foi o segundo conto que li do livro, o primeiro foi Anjos Ministradores, que não entendi a relação entre título e história, mas se alguém quiser que eu faça postagem sobre é só falar nos comentários.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

[PLMC] Sebastopol no mês de Dezembro - Liev Tolstói


  Acho que o lugar mais fácil de encontrar essa história é na edição de Contos completos do autor que a Companhia das Letras lançou, ou se você foi esperto como eu e comprou aquela caixinha coisa mais linda da Cosac, lá.




"A aurora mal começa a tingir o horizonte acima do monte Sapun; a superfície azul-escura do mar já se desvencilhou da escuridão da noite e espera o primeiro raio de sol para erguer seu brilho alegre; o ar frio e nevoento sopra da enseada; não há neve - tudo está negro, mas a friagem cortante da manhã agarra no rosto, estala debaixo dos pés e só o longínquo e incessante rumor do mar, de quando em quando interrompido pelos tiros de canhão retumbantes em Sebastopol, perturba o silêncio da manhã. Nas embarcações, a ampulheta marca oito horas.
Sebastopol
 

  É assim que começa o primeiro dos chamados Contos de Sebastopol, que foi uma das coisas mais lindas que li esse ano. Talvez seja estranho falar isso, já que aqui o autor vai nos colocar no meio da guerra, e veremos pessoas mutiladas e morrendo, mas é justamente pela palavra "veremos" que esse conto é tão incrível, o narrador te conduz, você se sente como se realmente estivesse em Sebastopol vendo tudo aquilo, a escrita é cheia de emoção e sentimos uma empatia absurda pelos personagens que acabaram de aparecer e não são nem apresentados direito, o autor fez um trabalho sem igual ao inserir o leitor no ambiente, narrando tudo de forma incrivelmente visual, descrevendo os sons e expressões dos demais, colocando tudo na segunda pessoa: "você sente, você vê, você ouve" e realmente sentimos ouvimos e vemos tudo o que ele diz, foi uma experiência única acompanhar essa história e ver como o ser humano se acostuma a absolutamente tudo, vendo os companheiros morrerem e já estarem tão engessados pela guerra que já não sentem o pesar, ver mutilados exultantes porque fizeram sua parte e poderão voltar para casa com honra, sabendo que perder um braço é ter sorte no meio em que estão.

"De repente um estrondo tremendo, que abala não só os órgãos auditivos, mas todo o seu ser, o espanta de tal forma modo que você estremece no corpo inteiro. Em seguida você ouve o zunido de um obus que se afasta, e uma densa fumaça de pólvora obscurece você, a plataforma e os vultos negros dos marinheiros que se movimentavam ali. Por causa desse nosso disparo, você ouvirá diversos comentários dos marinheiros e verá a animação deles e a demonstração de um sentimento que talvez você não esperasse encontrar - o sentimento de ódio, de vingança contra o inimigo, que se oculta na alma de todos."
  Provavelmente uma das coisas mais incríveis que li esse ano, nem tanto pela história, que é também muito boa, mas principalmente pelo cuidado e maestria com o qual o autor contou, cheio de emoção e... ne se, é simplesmente fenomenal.

domingo, 17 de novembro de 2019

[PLMC] Miss Dollar - Machado de Assis




  Esse conto, como toda a obra do Machado, salvo engano, está já em domínio público, então é fácil de encontrar, mas ele foi publicado originalmente em uma coletânea intitulada Contos Fluminenses, e se você quiser uma edição bacanuda tem Esse box  que é meu novo sonho de consumo.




Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina que Miss Dollar é uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue, abrindo à flor do rosto dous grandes olhos azuis e sacudindo ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão deve ser vaporosa e ideal como uma criação de Shakespeare; deve ser o contraste do roastbeef britânico, com que se alimenta a liberdade do Reino Unido. Uma tal Miss Dollar deve ter o poeta Tennyson de cor e ler Lamartine no original; se souber o português deve deliciar-se com a leitura dos sonetos de Camões ou os Cantos de Gonçalves Dias. O chá e o leite devem ser a alimentação de semelhante criatura, adicionando-se-lhe alguns confeitos e biscoutos para acudir às urgências do estômago. A sua fala deve ser um murmúrio de harpa eólia; o seu amor um desmaio, a sua vida uma contemplação, a sua morte um suspiro.A figura é poética, mas não é a da heroína do romance.
  Machado começa o conto dizendo que o ideal seria não apresentar a suposta protagonista, Miss Dollar, mas passa um bom tempo levantando suposições sobre quem seria ela, até finalmente nos revelar que Miss Dollar é: uma cadela!
  Não digo uma cadela por ser uma mulher vulgar e não merecedora de qualquer respeito, digo cadela porque ela realmente é um animal, um cachorro fêmea, na palavras do autor, uma cadelinha galga.
  Um belo dia Miss Dollar foge de casa e vai parar nas mãos de um certo homem que ama cachorros e os coleciona (achei isso meio estranho, mas beleza), logo coloca a dita cuja entre os demais cachorros, mas logo descobre que a cadelinha tem dono e que estão oferecendo uma recompensa para quem encontra-la e devolve-la, o colecionador de cães (confesso não me lembrar do nome de ninguém, sei que te um Mendonça, mas não sei se é ele ou o amigo) vai até a casa dos donos para devolver, só pelo bom coração, sem interesse na recompensa e ali ele vai conhecer as donas da cadelinha, uma jovem viúva de extrema beleza e sua mãe.
  Não é difícil imaginar o que virá a seguir, então não vou nem contar. Mas é uma história super interessante, sobre traumas e a capacidade de confiar nas pessoas, sobre persistência e até sobre amor aos animais, embora de forma bem mais suave do que os demais pontos abordados.
  O conto tem alguns momentos puxados para o humor, e a conversa do colecionador de cachorros com o amigo sobre a viúva me lembrou uma conversa parecida que tive com um amigo meu sobre sua futura esposa.
  É uma história que me deu uma sensação muito gostosa ao ler, mesmo que a cadelinha tenha sido esquecida em determinado momento e tenha um fim bem triste.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

[Marca Texto] Olhos D'Água - Conceição Evaristo

  Antes de mais nada quero dizer que este é um livro singular, mas no devido momento isso será comentado, ou não.
  Outro aviso é que esse mês também teremos mês temático (\o/\o/\o/\o/) lá entre 2013 e 2015 novembro era meu mês de reler a trilogia Jogos Vorazes, mas não é esse o especial, copiando descaradamente a ideia da Kelly, do Café e Bons Livros. Esse será um mês temático de Contos, nos mesmo moldes do mês das crianças que fiz em outubro, falando em outubro, crianças e Kelly, gostaria muito que quem quer que esteja vendo isso vá até o já mencionado blog ver o encerramento que ela fez para esse mês.
  Enfim, estou escrevendo isso na terça à noite, já tinha um tempinho que não escrevia nada tão em cima da data de publicação, mas não consegui escrever antes, sem mais delongas, vamos lá.





"Ela é que não ia ficar ali assentada. Se as pernas não andam, é preciso ter asas para voar"









  Hoje quero falar de conformismo, a adorada zona de conforto onde tudo é maravilhoso sobre o solo estéril que nada produz. Onde nos contentamos em reclamar do que nos incomoda ao invés de fazermos algo para mudarmos a nossa realidade, onde vemos o mundo desmoronando a nossa volta mas enquanto não somos atingidos nada nos importa.
  Falando por mim, já passou da hora de levantarmos e fazermos alguma coisa, transformar a insatisfação em inconformidade e alçar voo se não é possível andar em frente.

domingo, 10 de novembro de 2019

[O Julgamento] O Mal e Deus



Só pra constar, essa é a postagem n° 600 ♥↑♥

 O Julgamento é a nova coluna do blog que terá um tempo de vida, nela vou comentar sobre os artigos publicados no livro Deus no banco dos réus, do C. S. Lewis


Foto -Clive Staples Lewis

Deus no Banco dos Réus
  O primeiro artigo já deixou um pouco a desejar, para mim. Isso porque esse primeiro texto é como um comentário sobre um artigo publicado na semana anterior - mais especificadamente na The Spectator de 31 de janeiro de 1941 - Mas não temos acesso a esse artigo, embora Lewis tenha colocado os pontos principais (acredito terem sido os principais) para poder discorrer sobre, mas senti falta desse outro artigo por ser o do Lewis uma contestação que funciona também como complemento, acho que ele poderia estar nos extras do livro.
  Sobre o que Lewis fala sobre o assunto, ele refuta a conclusão tomada pelo outro autor (Dr. Joad) e dá seus argumentos, em um artigo de apenas cinco páginas, ou seja, ele é rápido e objetivo, mas, como disse, a falta do artigo sobre o qual ele fala dá uma sensação de ter pego a convesa andando, sabe?
"Se o mal tem o mesmo tipo de realidade que o bem, a mesma autonomia e inteireza, a lealdade ao bem passa a ser uma escolha arbitrária do partidário. Uma teoria sólida de valor exige algo diferente. Exige que o bem seja original e o mal, uma mera perversão; que o bem seja  árvore e o mal, a hera; que o bem seja capaz de enxergar todos os ângulos do mal (tal como quando homens sãos entendem a loucura) e que o mal não consiga devolver na mesma moeda; que o bem seja capaz de existir por conta própria ao passo que o mal precise do bem a fim de dar continuidade à sua existência parasitária."
 

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

[Opinião] O Pródigo - Brennan Manning e Greg Garrett #259

Compre pela Amazon e ajude a manter o blog
https://www.skoob.com.br/o-prodigo-549632ed559863.html
Editora: Vida

N° de Páginas: 250

Quote:

"Eu me importo, Jack Chisholm, porque estive onde você está. Porque acredito que o que está acontecendo em sua vida enquanto conversamos é aquele segundo chamado, o chamado que definirá quem você é de agora em diante."

Sinopse:
  Jack Chisholm é "pastor de pessoas" e lidera uma megaigreja. Tem diversos livros best-sellers e um slogan memorável: "Você pode fazer melhor". É pregador habilidoso, mas se tem algo de que ele não sabe nada é sobre a graça. Este ano, porém, próximo ao Natal, a congregação da Catedral da Graça olhará para o púlpito, e Jack não estará lá, mas já terá sido muito visto - nos noticiários.
  Depois de uma noite de devassidão que culmina em um romance com sua bela assistente, Jack Chisholm fica solitário numa velocidade deprimente. Os anciãos da igreja  o retiram do púlpito, os editores retêm seus direitos autorais. E, pior de tudo, sua esposa desaparece com sua filha. Mas, enquanto Jack está chegando ao fundo do poço, desesperançoso e paupérrimo, bebendo para se esquecer dos problemas, quem além de seu pai que tem os braços estendidos apareceria implorando ao filho pródigo: "Volte para casa"?
  O p´rodigo, livro que verdadeiramente acompanha O Evangelho Maltrapilho, ambém de Brennan Manning, ilustra o poder da graça por meio da história de um homem quebrantado que finalmente viu a Jesus, não porque pregava seu melhor sermão ou escrevia seu livro mais poderoso, mas porque miseravelmente falhou. Jack Chisholm perdeu tudo, mas encontrou a graça. A mesma graça que Brennan Manning devotou  toda a sua vida a compartilhar: profunda em natureza e vinda de um Deus que nos ama como somos, não como deveríamos ser.

Opinião:
    Vou começar com essa música, porque ela é o grito que todos nós deveríamos dar, e é também o grito do protagonista desse livro... depois de uma certa resistência.
  Essa é a minha segunda experiência com o autor escrevendo ficção, o outro livro ficcional dele que li foi Colcha de Retalhos: A história da minha história, para o qual não fiz postagem aqui (sorry).
  A própria sinopse, que coloquei acima, já é, por si, uma resenha do livro, então nem vou falar tanto. Aqui temos nosso protagonista, pastor fundador de uma igreja gigantesca que foi fundada em cima de uma teologia meritocrata, e sua eloquência o fez se tornar famoso... um belo dia ele vai para uma conferência no México e depois que o evento termina ele sai com a sua equipe e acabam bebendo além da conta e cai em adultério com a sua assistente, fato que se espalha como fogo em poça de gasolina, logo a credibilidade dele vai a zero e ele está apodrecendo em um quarto de hotel quando seu pai aparece para leva-lo para casa.
  Jack estava há anos sem falar com o pai devido a um desentendimento entre eles que ocorreu no velório de sua mãe, aqui já vemos que Jack não era o ser supremo livre de qualquer erro e totalmente puro que aparentava mesmo antes do adultério e de isso ter se tornado público.
  A partir daí o livro vai narrar o processo de cura de Jack, onde ele será perdoado e aprenderá a perdoar, onde o remorso e vergonha se tornarão arrependimento genuíno e onde Jack não irá se reerguer, mas será reerguido e passará a conhecer e pregar a graça que antes ele desconhecia, apesar de o nome da igreja que fundou ser, ironicamente, Catedral da Graça.
  É uma história interessante e envolvente, chega até a ser emocionante em alguns momentos, mesmo sendo bastante previsível, tem muita cara de filme e a escrita do autor é bem visual, assim como em Colcha de Retalhos, mesmo a história sendo tão diferente, já que esse outro é quase uma fábula.
  A edição, como falei na postagem sobre Atrevi-me a Chamar-lhe Pai, da mesma editora, padece de um acabamento melhor, mas o material da capa deste é mais resistente e de melhor qualidade.
  É um livro que parece ter sido feito para ilustrar o que o autor diz em O Evangelho Maltrapilho, que Deus não nos ama pelo que somos, mas pelo que Ele é.
https://www.skoob.com.br/autor/984-brennan-manning

domingo, 3 de novembro de 2019

[Opinião] Atrevi-me a Chamar-lhe Pai - Richard Schneider #258

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Editora: Vida

N° de Páginas: 188

Quote:
"Conversar com Deus como se fosse meu pai! O pensamento sacudia minha alma com a maneira peculiar que a verdade possui de, ao mesmo tempo, espantar e confortar.

Sinopse:
  Quando o Espírito Santo tocou esta orgulhosa mulher da nobreza muçulmana, as repercussões se fizeram sentir ao redor do mundo!
Esta é a história verídica de Bilquis Sheikh, senhora muçulmana que repentina e dramaticamente sofre uma transformação completa ao encontrar-se com Deus por intermédio da leitura da Bíblia. Enfrenta, então, ameaças de morte, perda da família, da posição social e é forçada a deixar sua terra natal. Tudo isso por procurar ser fiel a seu Salvador!
  Pelos olhos da sra. Sheik, podemos ver o confronto entre cristianismo e islamismo e o tremendo abismo entre as duas culturas. E, num nível ainda muito mais pessoal, descobrimos que o Espírito Santo muda o coração dos homens - até em circunstâncias menos prováveis.
Nesta época de dificuldades, é vital que os cristãos ocidentais compreendam quão difícil é ser cristão em terras muçulmanas, e por isso mesmo, percebam a preciosa dádiva de adorar ao Senhor livremente.


Opinião:
  Esse é um daqueles livros que abre seus olhos para muita coisa (nesse sentido, a capa foi muito bem escolhida).
  O livro é narrado em primeira pessoa por Bilquis Sheikh, onde ela relata a sua conversão da religião muçulmana para o cristianismo, essa é uma história real, ela contou sua história para o Richard e ele a transcreveu fielmente (assim esperamos) para o livro, tipo aconteceu com Abdullah, que contou sua história à Clívio Meireles e esse a colocou em um livro.
  Não quero comparar os dois livros pois Abdullah e Bilquis foram pessoas bem diferentes, Bilquis tem sua imensa casa com seu gigantesco e belo jardim e vive confortavelmente com seus muitos criados para fazerem o que for necessário para manter o estilo de vida dela, ela foi uma mulher importante no Paquistão na época da Segunda Guerra e tem certas mordomias hoje (ou melhor, tinha) devido aos serviços que prestou ao seu país.
  Bilquis, como a esmagadora maioria do povo paquistanês é muçulmana e tinha sua crença baseada no que essa religião prega, ela tem uma criada cristã da qual gosta muito mas não admite que fale sobre a divindade de Jesus naquela casa. É um livro muito interessante para conhecermos mais sobre a cultura pasquistanesa e muçulmana, afinal é também um povo de descende de Abraão (pra quem não sabe, os muçulmanos se originaram da linhagem de Ismael, o filho de Abraão com Hagar).
  Certo dia Bilquis vê um casal de missionários apreciando seu jardim, ela fica um pouco desconfortável com a presença deles mas não os expulsa e os trata com muita cordialidade, mas há um certo preconceito por missionários, e cristãos e geral no Paquistão, como a própria Begun Sheikh (como é chamada) diz: são de uma posição social parecida com a dos varredores de rua, mas nessa noite ela tem dois sonhos que iniciarão uma mudança significativa em sua vida.
  É uma história de transformação deliciosa de se acompanhar, mostra todos os problemas que levam Bilquis a, literalmente, lutar por sua vida, e é tudo descrito de forma tão bela e apaixonada que a leitura flui de forma imperceptível (tudo bem que o livro não é lá tão grande, mas enfim).
  Já disse algumas vezes que tenho fascínio pelo oriente médio e enquanto lia esse livro eu viajei imaginando as cores, sabores e aromas daquele país árido mas tão cheio de vida, inclusive peço a liberdade para transcrever um dos sonhos que Bilquis teve, fora de contexto ele talvez não signifique muito, mas considerando o momento da vida dela, e o acontecimento que se deu logo após ela acordar é de arrepiar. Vou colocar destacada abaixo mas vou transcrever de cabeça, já que emprestei o livro para o meu pastor.
  "Estava em casa a espera do entardecer quando uma de minhas criadas me avisa que chegou à minha porta o comerciante de perfumes, eu felicíssima fui ao encontro dele para adquirir o que sempre foi meu luxo predileto. Depois de conversarmos ele disse que tinha algo especial para mim, e me estende um jarro que exala um maravilhoso perfume. ao olhar lá dentro fico hipnotizada pelo perfume que tem a aparência de cristal líquido, encantada tanto com o cheio quanto com a aparência começo a enfiar a mão para tocar o líquido quando ouço o comerciante dizer: 'Não!' Ele retira o vaso das minhas mãos e o coloca em minha mesa de cabeceira enquanto completa: 'Isso vai se espalhar pelo mundo todo!'"
  Até me arrepiei ao lembrar desse sonho.
  A edição não condiz muito com o conteúdo do livro, ou seja, não é tão boa... a capa é sim muito bonita mas o acabamento do livro deixa bastante a desejar. Claro que a Vida é uma editora bem menor que uma Thomas Nelson da vida, ou mesmo uma Mundo Cristão, e eles fazem um trabalho mais barato devido a isso, com folhas brancas e capa sem orelha com um papel inferior ao usado pelas grandes editoras, apesar disso o trabalho de revisão foi bem feito, se nenhum erro grotesco, pelo menos (não me lembro de nenhum agora) e o livro transmite muito bem a história que conta, nos enchendo de conhecimento sobre uma cultura diferente e mostrando o quão agraciados, preguiçosos e ingratos somos pela liberdade que nos oi concedida.

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