quarta-feira, 5 de novembro de 2025

[Breve Comentário] O Fim do Mundo e o Impiedoso Pais das Maravilhas - Haruki Murakami

Compre Pela Amazon 

"Sei o quanto isso é doloroso para você. Mas todos temos de passar por isso. Aguente firme também. Contudo, mais tarde chegará a redenção. Quando isso acontecer, você não terá mais angústias e sofrimentos. Todos irão desaparecer. Essas emoções passageiras não têm nenhum valor. Não falo por mal, mas esqueça a sua sombra. Aqui é o Fim do Mundo. Aqui o mundo acaba, não há mais para onde ir. Por isso você não pode ir mais a lugar algum."



 

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

[Opinião] O Aniversário de Juan Ángel - Mario Benedetti #563

Compre pela Amazon 

"em última instância haveria que se reconhecer que ninguém é má gente
todos cumprem com deus e com o estatuto
rezam quando há o que rezar
 perdoam quando há o que perdoar
falsificam quando há o que falsificar
alvissaram quando há o que alvissarar
escarmentam quando há o que escarmentar
sempre de acordo com deus e com o estatuto"


  Gente, que livro maluco!
  Gosto muito de Mario Benedetti, já li alguns livros dele e a cada um é uma experiência totalmente diferente do anterior... agora esse aqui foi uma experiência diferente de qualquer coisa que já li na vida... e eu já li muita coisa nessa vida.
   Primeiro que ele é escrito em versos, o que já dá uma cara de poema, o que já é um problema pra mim... não bastasse isso, é um livro sem capítulos, e se não bastasse isso, ele não tem pontuação nenhuma.
  Além do formato do texto, ainda temos a particularidade de que o livro se passa em um dia e em 27 anos ao mesmo tempo... Acompanhamos o dia de aniversário de Osvaldo Puente, e a cada hora do dia, ele tem uma idade diferente, então o autor separa os anos em horas de um mesmo dia... e nem sempre fica claro quando muda a hora/o ano, mas o autor dá dicas, mesmo quando não fala diretamente a idade ou o horário.
  Explicado, mal e mal e porcamente, a estrutura do livro, passemos para o enredo da história... Como já disse, vamos acompanhar o(s) aniversário(s) de Osvaldo Puente, começando quando ele está completando 8 anos, conhecemos sua forma peculiar de se referir à família. Como a mãe ser a flamingo, o pai o coruja... e outros membros sendo outros animais.
  Conforme o dia/anos vão passando, a forma de narração vai mudando sutilmente, os versos se tornam mais longos e mais elaborados, sem tantas repetições e, obviamente, os assuntos também se alteram... inclusive indo para um teor mais adulto, no sentido inapropriado para menores, mesmo. Além de começar a abordar questões políticas, que é, talvez, o principal tema do livro.
  Ao se envolver na militância política, Osvaldo Puente assume o nome de Juan Ángel (e então o título do livro faz sentido). Isso inspirado em Raúl Sendic, a quem, inclusive, Benedetti dedica o livro. 
  É um livro com tom de urgência, onde o autor mostra a ascensão de uma ditadura no Uruguai, coisa que realmente viria acontecer poucos anos depois. O autor foi um exilado político e opositor ao sistema ditatorial que se instalou no seu país por doze anos. Benedetti também usa esse tema, nesse caso depois da ditadura instalada, no livro Primavera em Um Espelho Partido, caso alguém se interesse.
  De forma geral, foi uma experiência de leitura muito interessante, mas muito mais pelo formato diferentão do que pela história em si, que pode ter sido prejudicada justamente pelo formato peculiar. Dentro do que propõe ele cumpre bem, mas não chega a se destacar entre outras obras do autor.


Mario Benedetti foi um poeta, escritor e ensaísta uruguaio. Integrante da Geração de 45, a qual pertencem também Idea Vilariño e Juan Carlos Onetti, entre outros. Considerado um dos principais autores uruguaios, ele iniciou a carreira literária em 1949 e ficou famoso em 1956, ao publicar "Poemas de Oficina", uma de suas obras mais conhecidas. Benedetti escreveu mais de 80 livros de poesia, romances, contos e ensaios, assim como roteiros para cinema. Dentre as diversas honrarias que recebeu destacam-se o Prêmio do Ministerio de Instrução Pública (1949), Esta Mañana; Prêmio Jristo Botev da Bulgaria (1986); o Prêmio Ibero-americano José Martí (2001); e o Prêmio Internacional Menéndez Pelayo (2005) que é dado em reconhecimento ao esforço de personalidades em âmbito artístico e científico em prol dos idiomas ibéricos.

domingo, 26 de outubro de 2025

[Opinião] Entrevista com o Vampiro - Anne Rice #562

Compre pela Amazon 

"Mas lhe contarei um segredo, se é que posso fazê-lo, que se aplica não somente a vampiros, como generais, soldados e reis. A maioria de nós prefere ver alguém morrer a suportar uma indelicadeza em nossa própria casa."

    Então... finalmente li esse livro... e não sei se não era melhor ter adiado mais uns... sei lá... oitenta anos...
  Não odiei o livro, mas foi meio decepcionante.
  É difícil um livro de vampiros me empolgar, e aqui, a parte dos vampiros é até interessante... inclusive o livro é sobre a maldição de ser eterno, a solidão que isso acarreta, ver todos de quem gosta morrerem e como uma vida sem propósito, sem sentido, pode ser pior do que a morte.
  Aqui conhecemos Louis, um vampiro que aborda um jornalista com intenção de se alimentar, mas então ele muda de ideia e resolve contar sua história ao homem, e aí vamos conhecer o Louis ainda humano, no século XVIII, podre de rico... até que chega Lestat, um vampiro detestável, desprezível e odioso... que leva seu pai humano para morar com ele e Louis, depois de transformar o protagonista.
  Uma coisa do mito do vampiro que muito se perdeu nos últimos anos, é que ele é a pura representação do mal, mas como tudo tem que ser relativizado hoje em dia, temos muitos vampiros conscientes, com alma... isso já me dá um bom tanto de preguiça... outra coisa é que o vampiro exerce um fascínio nas vítimas, uma hipnose que as confunde para que ele possa se alimentar, e aqui até temos isso, mas os vampiros desse livro são todos metrossexuais que cativam muito mais baseados na sensualidade... inclusive, um dos principais problemas do livro.
  Por serem eternos (enquanto não peguem fogo ou vejam o sol, pelo menos) eles procuram a companhia de outros vampiros, então temos uma relação muito esquisita de ódio e luxuria entre Louis e Lestat (no caso desses dois, muito mais ódio do que luxúria) e depois teremos a introdução de uma vampira, uma menina de 5 anos que é transformada por Lestat, depois que Louis se alimenta dela... ela foi transformada com 5 anos de idade... então ela terá para sempre essa idade, pelo menos fisicamente.
  Essa vampira se chama Claudia, ela está bem longe de ter os escrúpulos que Louis tem, não exita nem por um segundo antes de matar alguém... e depois de anos sendo tratada como uma filha por Louis e Lestat, ela também começa a ocupar um lugar meio que de amante de Louis... ela se comporta como uma mulher adulta, sim... mas pra todos os efeitos er... biológicos... ela ainda é uma criança de 5 anos... em vários momentos esse livro me lembrou muito Lolita... que deve ser o livro mais traumático que já li....
   Não vou mencionar os detalhes da história conforme ela se encaminha para o final, os novos personagens que aparecem e tals... mas não gostei deles também... a autora faz parecer que são todos com carência em excesso e ansiosos pelo próximo intercurso... não curti.

Anne Rice cresceu em New Orleans vivendo num espectro de estimulação física e artística. Ela foi criada de um jeito diferente e exposta a grandes ideais que deram-na um apurado senso de auto-valorização. Sua imaginação desenvolveu-se e populou um mundo de fantasia, usando vários elementos do mundo do mistério e sobrenatural. No entanto, seu senso de nuance e sua herança sulina e irlandesa teve influencia suficiente no seu estilo para torná-la uma grande escritora. Os eventos dramáticos que aconteceram em sua vida resultaram numa riqueza emocional que recheia suas obras e cativa muitos leitores.





Talvez você goste de:



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...