quarta-feira, 31 de julho de 2019

[Marca Texto] O Sonho dos Heróis - Adolfo Bioy Casares

  Fazia muito tempo que não saía nenhum marca texto aqui no blog - fazia um tempo que não saía nada, a bem da verdade. Mas hoje eu estava lendo esse livro (tentando decidir se gosto ou não dele, inclusive) e me deparei com uma passagem que girou algumas engrenagens na minha cabeça e decidi que dormiria um pouco mais tarde mas precisava compartilhar esse trecho com alguém.


"Enquanto isso o lojista discutia laboriosamente com um caixeiro-viajante, que lhe oferecia 'um produto muito nobre, umas pantufas com feltro'. O lojista estudava suas promissórias e repetia que, em vinte e cinco anos atrás de um balcão, nunca tinha ouvido falar calçado com filtro. Talvez pela inata falta de escrúpulos na maneira de pronunciar, não percebiam diferenças entre o feltro que um oferecia e o filtro que o outro recusava: não chegavam a nenhum acordo: falavam sem parar; desprezando-se mutuamente, cada um esperando, sem pressa, com indignação, que o outro se calasse para responder, sem sequer ouvi-lo."


  Então, obviamente tenho toda uma história sobre a chegada desse livro às minhas mãos, mas isso é assunto para outra postagem, hoje falaremos unicamente deste trecho.
  Li ele no meu intervalo no serviço (basicamente o único momento que tenho para ler durante a semana), este trecho me chamou a atenção desde a forma como é escrita, que destoa, ligeiramente, da narrativa truncada do restante do livro, mas o que ela mostra também é válido e nos faz pensar no velho ditado (pelo menos na minha família é praticamente um ditado) - Você não é teimoso, teimoso é quem teima contigo, porque sabe que não adianta.
  Quantas vezes, principalmente em negociações comerciais, como na retratada, insistimos exaustivamente em algo que nosso suposto ouvinte nem sequer está ouvindo, quanto tempo e saliva desperdiçamos inutilmente sem obter nem sombra do resultado almejado? E quantas vezes nós não temos consideração suficiente para ouvir quem está a nossa volta, não apenas alguém que está apenas fazendo seu trabalho, mas no nosso dia-a-dia, com a família e os amigos, eles precisam descarregar o estresse ou simplesmente dividir experiências ou jogar conversa fora e não temos sequer a consideração de ouvir, isso quando não interrompemos achando que o que temos a dizer é mais importante/interessante, claro que o inverso também acontece, mas sabe como é o batido mas verdadeiro ditado, seja você a mudança que deseja ver.
  Mais empatia para ouvir, mas respeito para deixar falar, e mais amor para dar atenção, um exercício diário que quase nenhum de nós se digna a executar.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Sobre a vontade de escrever e não ter nada para dizer

 
  Como vi certa vez, não me recordo onde:
"Aviso aos navegantes: navegar é preciso"
  Qual o sentido disso? Me diga você! Bicicleta parada não fica em pé, água parada dá mosquito, blog parado é esquecido e vida parada se apaga aos poucos.
  Como está bem claro devido ao espaço do histórico do blog ali ao lado, eu não tenho sido muito frequente por aqui, mas tenho produzido um pouco mais, não muito, só um pouco, lá no YouTube, fico feliz em ver que vários amigos que fiz por aqui também me acompanharam na mudança de plataforma, muitos, mas não todos (Kelly, estou te esperando por lá), e assim como fiz amigos aqui, os quais continuo acompanhando, fiz amigos por lá, destaque para um português que comanda o canal Aprendiz de Leitor (Conheça clicando aqui). O meu canal não tem grandes pretensões, quero compartilhar minha opinião com quem estiver interessado, o mesmo que fiz aqui, por algum tempo, e continuarei fazendo, sempre que possível, uma coisa não exclui a outra. Mas acho que no YouTube minhas pretensões são ainda menores do que são por aqui. Não divulgo o canal (Se quiser conhece pode procurar), nem sequer edito os vídeos (o fato de eu não saber como fazer isso obviamente colabora), com o blog eu tinha grandes pretensões, me tornar reconhecido o suficiente para que ele me gerasse renda e conseguisse parcerias com as editoras para poder receber livros, ser contratado para publis e tudo o mais, fato é que, nunca cheguei a ser contratado para publi, meu "público" não é grande o suficiente para que isso valha a pena para algum autor, já recebi livro de autor e já tive parceria com editora, mas acabei cancelando a parceria pois me sentia meio preso, meu ritmo de leitura não ´grande, e ter a responsabilidade de ler os livros que a editora me mandava todos os meses me desanimava um pouco, foi uma ótima experiência, mas não sei se valeu a pena para a editora. Foi uma época boa para o blog, onde a Carol também escrevia... inclusive acho que vou pedir para ela voltar....
   Enfim, tenho pensado em uma ideia para um conto, uma ideia que surgiu aos poucos através de um fato acontecido no livro Quase Memória, do Cony (Sobre o qual ainda quero falar por aqui) e também das minhas conversas com o já citado Hugo, já citado mas só agora nomeado, se essa ideia for para frente prometo que aqui será o primeiro lugar onde falarei sobre.
  Se você está se perguntando qual é o principal motivo para eu estar escrevendo isso olhe o título, eu só queria escrever, não me importava muito o que, descobri que isso me acalma, descobri que me conforta, descobri que me ajuda a refletir e ver quando meus pés estão na lama, me ajuda a colocar-me de volta em solo firme.
  E é isso, mesmo sem ter muito o que dizer acabei dizendo bastante coisa, não estava transtornado, um pouco ansioso, talvez, em relação a coisas que talvez eu fale no futuro, ênfase no talvez, enfim... that's it...


terça-feira, 16 de julho de 2019

[Opinião] Zoo - James Patterson e Michael Ledwidge #236

Compre pela Amazon e ajude a manter o blog
https://www.skoob.com.br/zoo-518519ed525530.html
Editora: >Arqueiro>

N° de Páginas: 282

Quote:
"Vocês se lembram do tsunami no oceano Índico? Sim, nós vivemos numa época interessante, em que guerras e desastres naturais se sucedem como uma chuva forte, mas logo ficam soterrados em camadas sobrepostas de lama nas nossas pobres memórias. Que catástrofe foi essa? Dia 26 de dezembro de 2004. Um tsunami varreu o oceano, provocado por um terremoto de magnitude 9,0 na Escala Richter perto da costa da Sumatra, afogando mais de duzentos mil na Indonésia, no Sri Lanka, na Índia e na Tailândia. [...] Fiquei chocado ao saber que, no Sri Lanka, um dia antes do impacto da primeira onda, os animais começaram a fugir para o interior. Pássaros, lagartos, cobras, gansos... todos. Elefantes procuraram terrenos mais altos. Cachorros se recusavam a sair de casa. Flamingos abandonaram suas regiões de procriação em terras baixas. Apesar de o tsunami ter matado centena de milhares de pessoas, relativamente poucos animais morreram, segundo os registros. A audição e outros sentidos mais apurados deles talvez lhes tenha possibilitado ouvir ou sentir a vibração da terra, revelando o desastre iminente bem antes de os humanos perceberem o que ia acontecer. Os animais souberam  que algo ruim ia ocorrer. Conseguiram sentir nos ossos. E as pessoas? Alienadas. Mesmo quando o mar misteriosamente se afastou quase 2,5 quilômetros, preparando-se para a onda de 25 metros que se seguiu, o que elas fizeram? As crianças entraram no leito exposto do mas para catar conchinhas."
 Sinopse:
   Algo está acontecendo na natureza
  Uma misteriosa doença começa a se espalhar pelo mundo. Inexplicavelmente, animais passam a caçar humanos e matá-los de forma brutal. A princípio, parece ser algo que se dissemina apenas entre as criaturas selvagens, mas logo os bichos de estimação também mostram suas garras e as vítimas se multiplicam.
  A humanidade é presa fácil
  Apavorado, o jovem biólogo Jackson Oz assiste à escala dos acontecimentos. Ele já prevê esse cenário alarmante há anos, mas sempre foi desacreditado por todos. Depois de quase morrer em um implausível emboscada de leões em Botsuana, a gravidade da situação se mostra terrivelmente clara.
  O fim da civilização está próximo
  Com a ajuda da ecologista Chloe Tousignant, Oz inicia uma corrida contra o tempo para alertar os principais líderes mundiais, sem saber se as autoridades acreditarão em um fenômeno tão surreal. Mas, acima de tudo, é necessário descobrir o que está causando todos esses ataques, pois eles se tornam cada vez mais ferozes e orquestrados. Em breve não restará nenhum esconderijo para os humanos.

Opinião:
  Então... Será que ainda sei fazer isso?
  Enfim, soube da existência desse livro já tem algum tempo, a capa me chamou a atenção e imaginei que teria algum conflito com  leões, e muito me interessei, mesmo sem ler a sinopse. Recentemente consegui esse livro em uma troca no skoob e resolvi adentrar na controversa obra do autor por ele.
  Me arrependo de ter começado por esse? Não... mas... esperava mais, bem mais na verdade.
  Sobre o que se trata a história. Temos nosso protagonista, Jackson Oz, ou apenas Oz, que é uma espécie de intelectual, ele é um grande defensor dos seres vivos no geral e dedica sua vida a estudos, apesar de ter largado o mestrado (ou doutorado, nem lembro mais), resgatou um chimpanzé que era usado para experimentos em um laboratório e o levou para viver em seu apartamento, tem uma namorada incrivelmente ocupada e de incrível líbido que quando consegue um tempinho entre seu curso de medicina e seu trabalho no hospital liga para ele correr para a casa dela para que possam praticar um pouco de coito.
  Oz vem desenvolvendo uma espécie de tese onde apresenta o que ele chama de CAH (nada em comum com o Kah da Torre Negra, antes fosse) sigla para Conflito entre Animais e Humanos, onde ele mostra que o comportamento dos animais vem mudando com o passar do tempo, tornando-os mais agressivos.
  Enfim, o enredo da história é basicamente esse, qualquer um pode supor que no decorrer da história os animais vão ficar cada vez mais agressivos e vão querer destroçar destruir a humanidade.
  Agora vamos aos comentários sobre o desenrolar da trama: A ideia é bacana, Oz é um personagem inteligente e engraçado, o que não o impediu de manter um chimpanzé dentro de casa sendo que acreditava com todas as forças que os animais iriam se rebelar e matar todo mundo. As tiradas espirituosas dele também me incomodaram um pouco, ele não é como o Mark de Perdido em Marte, que é muito mais engraçado e muito mais inteligente, ele é o tipo de pessoa que dá sábios e embasados conselhos mas não os segue, me dava vontade de socar ele.
  Outro problema, é que mesmo que o livro fale que os animais estão demonstrando uma agressividade cada vez maior nos últimos anos, temos praticamente um estopim vindo do nada onde leões, formigas e crocodilos parecem ter enlouquecido de vez, principalmente na África, e temos uma situação apocalíptica... aí pulamos 5 anos e a humanidade ainda está de boa e parece que nada aconteceu, mesmo que seja falado que houveram outros ataques a humanos, não somos convencidos da veracidade do problema, pois o que aconteceu cinco anos atrás parece ter sido muito pior, mas aí temos outro estopim e agora todo mundo acha que o mundo vai acabar em uma onda de cachorrinhos devoradores de gente...
  Enfim, é um livro indeciso e pretensioso, com uma ideia muito bacana mas tal mal executada quanto, se não mais.
  Preciso comentar o que me fez discrençar de vez, mas isso terá spoiler (mas se você tiver curiosidade de saber o que está acontecendo nessa história e não quiser perder tempo e paciência lendo o livro, fique a vontade)

SPOILER
Enfim. Perto do final eles descobrem porque os animais estão tão agressivos, a radiação dos celulares está "cozinhando" os... não lembro o nome exatamente, mas é uma substância liberada pelo petróleo, desde o petróleo usado em combustíveis, no plástico, tudo que tem petróleo libera isso, e pelo fato da radiação dos celulares estar "cozinhando" essa budega, isso está funcionando como uma espécie de feromônio que faz com que os mamíferos que têm olfato mais apurado que o do ser humano vejam os humanos como inimigos, já que o cheiro liberado pelas glândulas sebáceas dos humanos também está mudando... Mas aí você pensa, ahhh então faz sentido. 1°- Não, não faz, talvez um pouco, se forçar a amizade. 2°- Se isso realmente aconteceu, porque os estopins quando os animais ficam malucos do nada, deveria ser algo mais gradual, porque o cheiro não mudou de cinco anos atrás, no primeiro estopim e só voltou a ser o que era depois de cinco anos. 3°- Se afeta os mamíferos, por que temos uma cena, bem interessante, verdade seja dita, com crocodilos descontrolados? E se o problema é o excesso de celulares e petróleo, por que o primeiro estopim é no meio da savana africana, lugar escasso de ambos? Para poder usar os leões selvagens?
  Então chegamos a grande solução: Um apagão mundial, desligando todas as redes de telefonia móvel, rádios, e tudo que emita radiação de qualquer tipo, êeeee, parabéns, o fim da civilização! Mas aí temos outro problema, se a radiação foi mudando o cheiro humano e agindo como um feromônio que supostamente foi mudando gradativamente o comportamento dos animais, porque que quando tudo é desligado, com a atmosfera ainda cheia de radiação e precisando de certo tempo para que os efeitos sejam revertido, tudo volta ao normal quase que imediatamente, o suficiente para não considerarem o problema tão grande e religarem tudo e o caos voltar, terminando assim o livro ¬¬'
  Ah, sim, mais uma coisa: O salto de cinco anos foi só para adicionar o filho do Oz na história? Pra que, não fez diferença nenhuma a existência dele.

3 motivos para duas estrelas
1°- Como disse a história é boa
2° Apesar da raiva, em boa parte o livro me divertiu e foi bacana acompanhar
3° Eu sou extremamente bonzinho e tenho vários outros livros do autor, se eu der uma estrela desano de vez de ler

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