quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Virando Wodwo


Despir minha camisa, meu livro, meu casaco,minha vida
Deixá-los, cascas vazias e folhas secas
Ir em busca de comida e de uma nascente
De água fresca.

Encontrarei uma árvore tão grossa quanto dez homens gordos
Água cristalina correndo entre suas raízes cinzentas
Bagos encontrarei, maçãs selvagens e nozes,
E chamarei tudo de lar.

Direi ao vento meu nome, e a mais ninguém.
A verdadeira loucura nos toma ou nos deixa na floresta
na metade da vida de todos nós. Minha pele será
meu rosto agora.

Eu devo ser doido. Deixando a razão com os sapatos em casa,
meu estômago dói. Cambalearei através do verde 
rumo a minhas raízes, e folhas e espinhos e botões,
e tremerei.

Abandonarei as palavras para andar no mato
Serei o homem da floresta, saudarei o sol,
E sentirei o silêncio brotar na minha língua 
como linguagem.


Neil Gaiman

2 comentários:

  1. Ah, Neil Gaiman <3

    O cara é muuuuito bom!
    Adorei esse texto, não conhecia, vou até salvar aqui haha
    Rudi, nessa semana sai resenha de um livro muuuito bom dele lá no Visconde, fica ligado heim?! haha

    Abração, Diego.

    http://aculpaedovisconde.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. opa Diego... esse texto é do livro Coisas Frágeis 2, não é o melhor do livro mas é bacana ^^
      já vi a atualização aqui do lado... vou agora mesmo ver
      abraço!!!

      Excluir

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