Editora: Intrínseca
N° de Páginas:318
Citação:
O que você faria no meu lugar? Me diga. Por favor, me diga!
Mas você está longe disso. Seus dedos estão virando a esquisitice destas páginas que de certa forma ligam minha vida com a sua. Seus olhos estão seguros. A história pra você não passa de mais umas 100 páginas na sua mente. Pra mim, está aqui. É agora. Tenho que ir até o fim, considerando o custo a todo momento."
Sinopse:
Conheça Ed Kennedy: taxista, patético jogador de cartas, um desastre no amor. Mora numa casinha alugada com seu cachorro viciado em café e está apaixonado pela melhor amiga. Seu dia-a-dia é uma rotina de incompetência, até que, impede o assalto a um banco. Então recebe a primeira carta: um Ás. é quando Ed se torna o mensageiro...
Escolhido para socorrer, ele segue seu caminho na cidade ajudando - e machucando (quando necessário) - até que resta apenas uma questão: Quem está por trás de sua missão?
Eu sou o mensageiro é uma jornada enigmática repleta de humor, socos e amor.
Opinião:
Markus Zusak é o mensageiro, e sua mensagem está nesse livro.
Logo no começo da história somos apresentados a Ed (um exemplo de perdedor, manezão e e inacreditavelmente chato) e seus quatro melhores (lê-se únicos) amigos: Ritchie, um exemplo de preguiça com uma tatuagem ridícula no braço. Marv, a personificação da sovinice com o carro mais ferrado do mundo que ele defende como se fosse a própria mãe. Audrey, uma garota bacana, que não ama ninguém e não quer ser amada, ah sim, é meio ninfomaníaca. e Porteiro o cachorro de 17 anos (caramba) que recebeu esse nome por adorar ficar de frente a porta e que possui o cheiro horrível que banho nenhum dá jeito.
O livro foi escrito em 2002, antes de A Menina Que Roubava Livros (que é de 2006) e nem parecem ter sido escritos pela mesma pessoa. Os personagens de Eu Sou o Mensageiro me incomodaram muito no começo, mas dá pra ver que essa era exatamente a intenção do autor, ele criou, segundo as próprias palavras, exemplos de mediocridade e grandes perdedores.
O principal ponto de reflexão do livro nos é dado no final, claro, é perfeitamente possível identificá-lo antes disso mas pra quem não quer ficar pensando no que está nas entrelinhas
tá lendo um livro pra que? ele nos fala com todas as letras perto do final. a narrativa é fácil, o meu exemplar é de primeira edição e eles acabaram deixando muitos erros passarem, falta uns artigos em algumas frases mas nada que derrube a incrível experiência que é ler essa história incrível.
Em vários momentos o narrador (Ed) nos fala que mesmo que pra gente seja apenas um livro aquilo é a vida dele e realmente está acontecendo com ele. Ele se questiona o tempo todo sobre por que e por quem ele foi escolhido para levar essas mensagens, e no final percebemos a genialidade do autor quando Ed pergunta a pessoa por que ele foi escolhido a pessoa responde:
"Eu fiz isso porque você é o verdadeiro símbolo e modelo de banalidade, Ed [...] E se um cara como você consegue fazer o que você fez por toda essa gente, talvez todo mundo consiga. Talvez todos possam superar seus próprios limites de capacidade [...] Talvez até eu consiga..."
Como nem tudo são flores, o livro também tem alguns aspectos negativos, que são massacrados, na minha opinião, pelos pontos positivos, mas talvez nem todos pensem assim, então vou ressaltá-los aqui, o primeiro é que quando Ed recebe a primeira carta ele age como se ela fosse algo "mágico", por falta de palavra melhor, e mesmo agindo como se fosse algo sobrenatural e mesmo tudo parecendo algo mais elevado do que imagina nossa vã filosofia ele continua procurando a pessoa, isso, pessoa, ser humano normal, que está mandando essas cartas pra ele, alguém que o conhece tão bem quanto ele mesmo. Outra coisa a reclamar é que o final é meio corrido... o livro é dividido em 5 partes, uma pra cada carta/missão que Ed recebe e a última parte me pareceu um tantinho atropelada...
Mas como eu disse, pra mim, os pontos positivos sobrepujam com louvor os negativos, o livro me emocionou bastante, e qualquer livro que consiga me emocionar sem meter câncer no meio tem que ser considerado profundo, no mínimo, não sei se já disse mas o começo dele é meio chato, se você começou a ler e não gostou, insista, ele vale super a pena.
Um Comentário com Spoiler
Já vou avisando que será um tremendo Spoiler, leia por sua conta e risco...
Eu preciso falar isso mesmo que ninguém leia, foi uma surpresa incrível quando descobri quem tinha feito o Ed, passar por tudo isso, mas depois pareceu tão óbvio, mas eu não esperava mesmo, que pode conhecer tão bem os personagens de um livro quanto o próprio autor? Isso mesmo, quem fez o Ed passar por tudo isso foi o próprio Markus Zusak, apesar de não falar isso com todas as letras fica bem claro no final, e é ótima última frase do livro, e totalmente verdadeira: "Eu não sou o mensageiro. Eu sou a mensagem.