sexta-feira, 26 de setembro de 2014

[Opinião] O Doador de Memórias - Lois Lowry #90


Editora: Arqueiro

N° de Páginas: 185

Citação:

Caminhara através de bosques e sentara-se diante de uma fogueira de acampamento à noite. Embora, através das lembranças, tivesse aprendido sobre a dor da perda e sobre a solidão. Agora também compreendia o isolamento e seus prazeres."

Sinopse:
  Em O Doador de Memórias, a premiada autora Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não há amor, desejo ou alegria genuína.
  Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente - o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente.
  Um único indivíduo é o encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.
  Aos 12 anos. idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.
  Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.

Opinião:
 Uma distopia só pode ser considerada boa quando consegue transmitir a crítica que fundamentou a história, e esse livro faz isso muito bem.
  O Doador (que aumentaram o nome por causa do filme) é o primeiro livro de uma tetralogia distópica, mesmo nos mostrando, no começo, exatamente o contrário, uma utopia chamativa, uma comunidade que preza a educação, honestidade e igualdade... mas o livro também nos mostra que até a mais nobre... forma de agir, pode se tornar perturbadora quando excessiva.
  Como toda distopia, aqui temos uma sociedade com suas regras próprias, a igualdade é valorizada (lê-se imposta) de tal modo que datas de aniversário já não existem, todos têm a mesma cor de pele e as mesmas respostas padrão para diversas expressões e perguntas. Os cônjuges são escolhidos pelo Conselho, que também são responsáveis de distribuir os filhos (apenas um menino e uma menina por Unidade Familiar), ao entrar na adolescência (que para eles já é a fase adulta, pois depois dos 12 anos a idade já não é mais contada) todos tomam pílulas para reprimir o que chamam de "Atiçamentos" que nada mais é do que os impulsos sexuais (e na boa... fala que essas pílulas não seriam úteis para certos grupos de pessoas na nossa sociedade. Com tanta criança de 9 anos grávida, estupradores e funkeiros soltos no mundo).
  Mas toda essa ordem tem um preço, as pessoas não têm consciência que as coisas já forma diferentes, acreditam que só existe o presente, o futuro é apenas o presente se repetindo e o passado jamais existiu, eles não têm mais consciência do que é luz do sol, frio, fome, neve... até as colinas e montanhas foram destruídas para facilitar a vida de todos. Conforme o protagonista vai recebendo as lembranças de uma outra época ele começa a ver a verdade (que não vou falar o principal fato que faz essa sociedade perfeita ser tão terrível... só digo uma coisa, pela falta de lembranças e de conhecimento eles já não possuem mais sentimentos).
  A escrita da autora é envolvente, não é nada nível Carlos Ruiz Zafón, longe disso, mas é agradável de ser lida que nem mesmo a explicação e apresentação dessa nova sociedade (que dura quase metade do livro) se torna enfadonha, a edição também é super caprichada, com uma letra de tamanho bem confortável e um espaçamento de dar inveja nos romances do Augusto Cury (pra quem nunca leu Augusto Cury: a letra chega a ser absurda de tão grande e são bastante espaçadas... pelo menos no O Colecionador de Lágrimas).
  Como todo mundo sabe o livro virou filme esse ano (acho que esse mês até) ainda não vi o filme, mas pela entrevista da Taylor Swift no final do livro (a qual fiquei com preguiça de ler e só passei os olhos por cima) já percebi que tem diversas diferenças, minhas principais curiosidades, que pretendo saciar com o filme, é ver como eles vão fazer para mostrar o povo sem entender/perceber as cores e também o local onde vivem, sem sol, sem animais nem nada do tipo...

Aproposito... A capa original do livro é zilhões de vezes mais bonita... e também muito difícil de encontrar.
   Só pra terminar: Acredito que a crítica que a autora quis fazer é muito parecida com a que a Veronica Roth fez em Divergente (lembrando que Divergente foi escrito em 2011 e esse em 1993) de que somos diferentes e devemos valorizar isso, e também quis mostrar que não pode haver um mundo perfeito, pra tudo é necessário um equilíbrio, para um mundo ser perfeito, as pessoas precisam ser felizes, essa felicidade só pode ser real se provier de algo bom, para essa coisa ser boa é necessário que haja uma ruim de contrapeso (deu pra entender?)
  Tirei uma estrela do livro porque me pareceu bastante irreal, a autora não conseguiu me convencer que a humanidade poderia passar por um processo de Mesmice (como ela mesma chama) tão grande, e também porque ela se contradisse um pouco, eles valorizam tanto a igualdade mas foram se aconselhar com o Doador sobre permitir que algumas famílias tivessem mais filhos do que outras. Mas mesmo com esses pequenos furos acredito que valha muito a pena ler (claro que a gente fica angustiado pela continuação mas enfim...) e é super rápido, nem deu tempo de colocar no Skoob que eu estava lendo que já tinha terminado :p


  Você já leu ou pretende ler O Doador (de Memórias)? Se leu concorda comigo? Comenta aí, vamos conversar...

13 comentários:

  1. E eu vou começar a lê-lo hoje, Rudi! Na verdade, já li o primeiro capitulo ontem só pra ver se me instigava, e foi indiferente, mas sei que esse livro vai ser bom, só não curti os tais "furos" que você comentou. Não curto "furos".
    Abçs

    Gabryel Fellipe e algo - Confins Literários [agora em parceria com Rudimar Baroncello]

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    1. No caso de livros acho que todos temos um pouco de tripofobia :p

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  2. Oi... comecei a ler o ebook e gostei bastante, agora estou esperando chegar meu livro pra terminar de ler...
    E essa capa é sem sombra de dúvida muito mais bonita.
    Abços Rudi!!

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    1. Não consigo ler e-book, já tentei muito mas não vai....
      Capas de filme frequentemente são desapontantes

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  3. Oi, Rudi, tudo bem?
    Como seria uma sociedade em que as pessoas não possuem mais sentimentos? Intrigante essa ideia. Fiquei realmente com vontade de ler o livro e assistir ao filme.
    As suas resenhas estão evoluindo a cada dia. Parabéns mesmo!

    Beijos,
    Nina & Suas Letras

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    1. Obrigado Nina ^^
      Como eu disse: não acho que a humanidade chegaria a esse ponto, mas é bacana ver como seria se chagasse

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  4. Oi Rudi!
    Esse livro está sendo super comentado por causa do filme, e ele me parece ser muito bom, tomara que a adaptação consiga transmitir o seu melhor para quem for assistir. Eu ainda não li, mas pretendo.
    Te indiquei para responder uma TAG no meu blog, espero que goste: http://seiqueeusei.blogspot.com.br/2014/09/tag-viajando-na-leitura.html

    Bjos!

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    1. Obrigado Jo... ^^
      Também espero que o filme consiga passar a ideia do livro de forma ao menos satisfatória....
      Grande abraço!!

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  5. ja ouvi falar, parece muito legal !

    Beeijos, ♥

    http://www.paaradateen.com
    http://www.facebook.com/PAARADATEEN
    INSTAGRAM: @luannaandrade_

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  6. Comecei a ler o Doador hoje , mas ganhei A escolhida antes... Gostaria de saber os títulos dos 3º e 4º livros

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    1. O terceiro e quarto livro se chama, respectivamente, Massenger e Son, que provavelmente foram ou serão traduzido como Mensageiro e Filho

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  7. olá. Já li o doador de memórias e terminei agora A Escolhida, o segundo livro da série. MUUIITTOOO bom, os dois livros. Quero muito ler os dois últimos, que ainda não foram traduzidos para português.
    Mas mesmo assim eu li a sinopse dos livros Messenger e Son, e não consegui identificar uma ligação com essas outras histórias. Cade o Jonas? A Kira?
    Queria que tivesse um término para a história deles, como se eles se encontrassem e fizessem algo juntos, seria demais. Mas, pelo menos nas sinopses dos livros, isso não vai acontecer. Muito chateado aqui...

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