Esse conto se encontra na coletânea Tempo De Boas Preces, e devo aproveitar esse momento para dizer que estou me apaixonando por essa autora S2
Aqui conhecemos a história da família Su. Como eles se apaixonaram, se casaram, as dificuldades que encontraram, já que eram meio que parentes a família não concordava com o relacionamento. E o quanto a vida se tornou difícil ao terem sua primeira filha, Beibei, que nasceu com retardo mental e paralisia cerebral.
"Beibei nasceu apesar dos avisos de todos os parentes, que desde o começo não haviam concordado com um casamento entre primos. Quando veio ao mundo, os médicos disseram que ela provavelmente iria morrer antes de completar dez anos; seria um milagre se chegasse aos vinte. Eles sugeriram que o casal cedesse a recém-nascida para servir de cobaia na faculdade de medicina. Afinal de contas, ela não tinha qualquer outra utilidade. O sr. e a sra. Su sentiram um calafrio ao pensar em seu bebê boiando dentro de um jarro de formol e, depois de mãe e filha serem liberadas, nunca mais levaram Beibei ao hospital."Apesar disso, o casal continuava apaixonado e se esforçavam muito para manter Beibei escondida, um pouco, sejamos sinceros, por vergonha, mas principalmente pelo que poderiam fazer a ela se a encontrassem, lembrando que estamos falando da China, um país com controle de natalidade onde todos os cidadãos devem contribuir com a sociedade de alguma forma.
Com o passar dos anos, o sr. Su convence sua esposa a ter outro filho, para compensar, de certa forma, a tristeza de ter uma filha doente que impede-os de receber visitas e suga todas as energias do casal.
"No ano do décimo aniversário de Beibei - com certeza um milagre digno de comemoração -, seu marido mencionou pela primeira vez a possibilidade de terem um segundo filho. Por que?, perguntou ela, e ele falou em um casamento mais saudável, uma família mais completa. Ela não entendeu seu raciocínio, e soube, mesmo quando Jian ainda estava crescendo dentro de sua barriga, que eles teriam um filho normal e que isso de nada iria adiantar para salvá-los do que já fora destruído."O conto tem também outras subtramas mas não vou me estender muito nelas. É uma história tocante e incômoda. Sobre amor familiar, a devoção dos pais pelos filhos, quase nunca recíproca, até que ponto vale se sacrificar por supostas causas perdidas, sobre deixar partir. Além disso ele fala sobre valorização do cônjuge, de como ele(a) merece respeito, apesar de qualquer coisa, sobre o amor que une um casal, uma família, amigos... Sobre suportar aqueles que não tem filtro, mas não desperdiçar muitas energias tentando tirar alguém de uma buraco que insiste em continuar cavando. Sobre honestidade em tudo que for fazer, e sobre a eterna luta que é a vida.
Passei muito tempo sem saber se tinha gostado ou não da história (apenas um adendo, detestei a Sra. Fong), mas a escrita da autora é tão delicada, e ela expõe tudo com "talento, visão e respeito" como diz na capa do livro. Não tem como não se encantar, apesar dos choques de realidade onde você se pega julgando os personagens e sofre um estalo, e se fosse eu no lugar dele?
Nenhum comentário:
Postar um comentário