segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

[Opinião] Até Que Tenhamos Rostos - C. S. Lewis #222

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Editora: Ultimato

N° de Páginas: 254

Quote:

Entendi bem porquê os deuses não falam conosco abertamente, nem nos dão respostas. Até que as palavras sejam arrancadas de nós, por que é que eles vão ouvir o murmúrio daquilo que pensamos querer dizer? Como eles podem olhar bem dentro dos nossos olhos, se não tivermos rostos?"

Sinopse:
  Apontada por muitos como a obra definitiva e mais madura de C. S. Lewis, Até que Tenhamos Rostos apresenta de maneira brilhante e criativa o mito de Cupido e Psique. Um romance sobre a luta entre o amor sagrado  e o amor profano, em uma análise fascinante da inveja, traição, perda, ciúme, conversão e outros dilemas do coração humano.
  Ao mesmo tempo mais humano e também mais mítico do que a "Trilogia Cósmica", Até que Tenhamos Rostos oferece ao leitor numa história rica, com personagens que "conhecemos" diante de escolhas e dificuldades que também "reconhecemos". A última obra de Ficção de C. S. Lewis lembra-nos também da nossa fragilidade e da presença de um poder superior sobre as nossas vidas.

Opinião:
  Para aqueles que, assim como eu, ficou um pouco decepcionado com o teor infantil presente em As Crônicas de Nárnia essa é a oportunidade de lerem uma fantasia adulta escrita pelo autor.
  Eu não sabia da existência desse livro, nas minhas pesquisas, bem rasas, confesso, sobre a obra do Lewis eu não havia encontrado nenhuma pista dele, o fato de que esse livro só chegou ao Brasil esse ano contribuiu bastante para isso. Eu recebi ele na caixinha de julho da Box95, que é um clube de assinatura parecido com a TAG, até fazem umas edições exclusivas as vezes.
  A história, como diz a sinopse, é um reconto do mito Cupido e Psique, inclusive essa edição traz um resumo bastante detalhado do dito mito para aqueles que, assim como eu, nunca tinham ouvido falar dele.
  Enfim, temos o Reino de Glome (inclusive, o nome do livro em Portugal é No Reino de Glome, prefiro nosso título, que é a tradução literal), um reino decadente com um rei cruel e um povo extremamente devoto a uma versão... estranha, pra não ofender o sagrado deles... da Afrodite grega. É um povo perdido em religião que acredita que a deusa, chamada Ungit, sobrevive e os abençoa se beber uma quantidade considerável de sangue, sangue esse que é oferecido no templo o que o deixa com um cheiro que, bem, vocês podem imaginar, nossa protagonista fala constantemente do "cheiro da santidade de Ungit" que revira o estômago.
  Nesse reino temos um rei (avá!), rei esse que vai despertar o desprezo de todos os leitores, tenho certeza disso, o rei fica viúvo com duas filhas e se casa novamente, com uma moça extremamente jovem e assustada pela situação na qual se encontra, essa moça também engravida e dá uma terceira filha ao rei, morrendo no parto, o rei despreza as filhas por serem "mulheres inúteis para a sucessão" e a bebê acaba sendo criada pela irmã mais velha, ainda adolescente.
  A irmã mais velha, Orual, é nossa protagonista, descrita por todos, incluindo ela mesma, como a pessoa mais feia que já pisou na terra, o que contrasta com a irmã mais nova, Istra, também chamada de Psique, e temos a irmã do meio, Redival, vou deixar os detalhes sobre essa personagem para vocês descobrirem no decorrer da leitura.
  A história segue o mesmo caminho do mito, com sutis diferenças, incluindo que acompanhamos o ponto de vista de Orual.
  A história, assim como Nárnia, pode ser lida ignorando todas as referências cristãs, é até mais fácil, inclusive, tem muuuuuuuuuita coisa sob a superfície, nas entrelinhas, e em vários casos é até difícil de captar.
  A história trata de amor e obsessão, de quando nos achamos donos dos outros, como nem sempre é fácil aceitar as crenças que diferem das nossas, como temos ciúmes quando um ente querido passa a declarar amor por algo no que não acreditamos, ou pelo menos não da forma que a coisa realmente é. Quando taxamos Deus de carrasco só porque ele não fez o que nós queríamos da forma que queríamos, de como só entendemos alguma coisa, de verdade, a partir do momento que a conhecemos de fato.
  O título é uma grande sacada, tem a ver com auto-conhecimento e sinceridade, mostra que muitas vezes nossa verdadeira face está escondida, talvez até de nós mesmo, vivemos uma fantasia, sem deixar que ninguém nos conheça de verdade, sem nos permitir confiar em nada nem em ninguém, sem olhos para ver os problemas dos outros, sem boca para dar uma palavra de apoio, sem ouvidos para ouvir lamentos...
  A narrativa me pegou de surpresa, parece ter sido escrito por outra pessoa, não o mesmo que escreveu Nárnia, aqui é tudo sombrio e angustiante, pelo menos até quase o final do livro, e acredito que esse seja um dos motivos pra fluidez do texto não ser das melhores, demorei bastante para terminar o livro, mas vale a pena.
"Sem resposta. Sei agora, Senhor, por que não me deste nenhuma resposta. Tu és a própria resposta. Diante do teu rosto, as perguntas desaparecem. Que resposta seria suficiente? Somente palavras, palavras, para serem levadas para lutar com outras palavras. Eu te odiei por muito tempo, te temi por muito tempo. Eu poderia..."
  Esse é considerado a obra definitiva do autor (apesar de o clássico ainda ser Nárnia). Para mim é, sem dúvida, a melhor ficção que li do autor, talvez o melhor livro... ouso dizer que a melhor fantasia que já li, apesar de não querer viver naquele mundo de jeito nenhum, mesmo sabendo que ele é uma representação bastante fidedigna do nosso.



5 comentários:

  1. Oi Rudi, acredita que abandonei As Crônicas de Nárnia na metade? Esse parece ser bom, não sei, ou é por que lendo tua opinião dá vontade de ler rsrsrs Você planeja ler A Origem? Vou começar agora, queria saber o que você acha sobre ele?

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    Respostas
    1. Oi Gih,
      eu quase larguei as Nárnia quando comecei O Cavalo e Seu Menino, não curti aquela história, mas no geral eu adoro o conjunto da obra, estou inclusive, querendo reler. Eu estou com outro livro do Dan Brown aqui a mais de ano pra ler e nada, provavelmente vou acabar querendo ler Origem também, mas não está nos planos pra um futuro breve

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  2. Oi Rudi,

    Você está chique demais hein, assinante da TAG e BOX95, que isso!!?

    Então, eu li 4 histórias das Crônicas de Nárnia e gostei de todas (inclusive o Cavalo e seu menino é a minha preferida por enquanto haha), entretanto tenho que admitir, fantasia não é um gênero que amo.

    Estou pensando em começar a ler as Crônicas do zero, dessa vez na ordem original, vamos ver...

    Quanto a esse "Até que tenhamos rostos" faz parte daquela trilogia Cósmica ou não tem nada ver?

    Abs.


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  3. Oi Rudi,

    Você está chique demais hein, assinante da TAG e BOX95, que isso!!?

    Então, eu li 4 histórias das Crônicas de Nárnia e gostei de todas (inclusive o Cavalo e seu menino é a minha preferida por enquanto haha), entretanto tenho que admitir, fantasia não é um gênero que amo.

    Estou pensando em começar a ler as Crônicas do zero, dessa vez na ordem original, vamos ver...

    Quanto a esse "Até que tenhamos rostos" faz parte daquela trilogia Cósmica ou não tem nada ver?

    Abs.

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    Respostas
    1. Kkkkkk
      Nossa, eu detesto O Cavalo e Seu Menino, estou querendo reler, também na ordem de publicação, mas vou deixar isso para o no que vem. Também não sou super apaixonado por fantasia, mas as que se encaixam na alta fantasia me agradam bastante.
      Não, esse não tem nada a ver com a trilogia (que o autor nomeou de Trilogia do Resgate), inclusive pretendo ler essa trilogia também

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