quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

[Opinião] Romancista Como Vocação - Haruki Murakami #227

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Editora: Alfaguara

N° de Páginas: 168

Quote:
Não acho que tenho talento especial para negócios e, como não sou simpático nem sociável, claramente não levava jeito para trabalhar no comércio. Mas tenho um ponto forte: faço as coisas de que gosto com afinco, sem reclamar. Acho que foi isso que consegui gerenciar o estabelecimento razoavelmente bem. Afinal, eu gostava de música e me sentia feliz fazendo trabalhos relacionados a ela. Mas, quando me dei conta, já estava com quase trinta anos. A minha fase de juventude estava para chegar ao fim. Lembro que tive uma sensação curiosa. 'É, a vida passa assim, bem depressa', pensei."

Sinopse:
  Como se tornar escritor? Quais são os passos necessários para ter sucesso? É fundamental agradar público e crítica? Sobre o que é preciso escrever?
  Haruki Murakami, um dos maiores escritores contemporâneos, responde a essas e outras perguntas sobre o ofício da escrita. Mesclando detalhes da própria vida com digressões sobre o valor da literatura, Romancista Como Vocação é uma autobiografia intelectual e um manual para o escritor principiante e para todos aqueles que desejam conhecer o processo criativo de um romancista.
  Escrito na linguagem fluida de Murakami, este livro é um convite a todos que desejam conhecer o mundo dos romancistas, bem como uma declaração de amor ao ato da escrita.

Opinião:
  Não é de hoje que estou querendo uma biografia do Murakami, e resolvi ler esse porque é o que mais se aproxima disso que temos nesse nosso Brasil varonil.
  No começo já me causou um estranhamento, apesar de conseguir reconhecer o estilo de escrita do Murakami no livro é bem diferente de ler um romance ou um conto dele, e se você espera grandes revelações sobre a vida dele pode tirar o cavalo da chuva, sempre que era necessário comentar sobre certo evento de sua vida privada o autor simplesmente falava algo como, por exemplo: "Uma vez tive a ideia para escrever um romance quando a polícia bateu lá em casa, o motivo que os levou até lá é irrelevante..." e coisas do tipo, que só vão te deixar mais curioso ainda sobre essa pessoa peculiar.
   Claro que alguns detalhes ele é obrigado a dar, sua complexa relação com o mercado editorial japonês, o que o faz escrever, com frequência em outros lugares, comenta sobre sua não premiação com o Nobel, onde diz que mesmo que muitos digam que ele merece ele fala que, para ele, não faz diferença, até prefere que os leitores leiam seus livros sem serem influenciados pela frase "Vencedor do Nobel" na capa dos mesmos.
  Quanto a dicas sobre escrita não há muitas, como o próprio título do livro expõe, ele considera isso como uma vocação, ou você tem ou você não tem, e também diz acreditar que se trata muito mais de treino e determinação do que de talento, e se você quiser tentar será muito bem recebido no meio dos romancistas pois não há rivalidade e competição entre eles, pelo menos até onde o autor sabe. Ele aproveita para contar sua exaustiva (pelo menos para mim pareceu exaustiva) maneira de escrever.
  Ele fala tão pouco sobre sua vida que a única descoberta que fiz foi que ele é casado, coisa que sempre tive dúvidas (talvez isso seja dito na mini biografia na orelha de seus livros, nunca prestei atenção a isso) e uma coisa em comum que ele tem com o Stephen King é que ambos tem como primeiro leitor e crítico principal suas respectivas esposas.
  Ele fala um pouco, muito pouco, sobre sua personalidade antissocial e reclusa, eu já sabia que ele é um autor recluso e evita aparecer para as câmeras e em eventos públicos (principalmente no Japão) esse é o único motivo pelo qual ainda não fui ao Japão conhecê-lo (a falta de dinheiro não tem nada a ver com isso =P) e, pelo menos eu, fiquei com o coração pesado pelas situações que ele passa em seu país, fazendo com que só se sinta e seja tratado como um verdadeiro japonês no exterior.
  Em suma é um livro onde o autor não tem a intenção de agradar o leitor, ele quer compartilhar sua experiência e se você decidir tirar algum proveito disso esteja a vontade, se não quiser ele também não parece se importar, mudou minha forma de pensar sobre o autor? Não exatamente, eu já sabia sobre a personalidade complicada dele, mas acho que nunca tinha parado para pensar no que isso realmente significa. Confirmou o que eu já sabia, ele gosta de exercícios e tem um talento natural para a escrita, apesar de ele mesmo não achar isso, é recluso, antissocial e amargurado, mas incrivelmente respeitoso (na maioria das vezes) e inteligente.


2 comentários:

  1. Oi Rudi, muito interessante esse livro.

    Pelo que você comentou aqui, acho que vai fazer mais sentido eu ler algumas obras do autor antes desse não ficcional (uma das minhas metas p/ 2018). Intrigante quando os escritores são reclusos, passa uma sensação misteriosa sobre suas obras hahaha.

    Compartilho dessa mesma tendência, quando gosto de um autor(a) quero saber "quem são de verdade".

    Abs.
    CAFÉ E BONS LIVROS

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    Respostas
    1. Também acho interessante, mas como eu falei na postagem sobre a ordem cronológica da obra dele tem muita coisa não publicada aqui n Brasil, inclusive alguns sobre os quais o autor comenta, brevemente, nesse livro.

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