domingo, 19 de abril de 2020

[Opinião] Sangue no Olho - Lina Meruane #268

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Editora: Cosac Naify

N° de Páginas: 192

Quote:
Já não haveria recomendações impossíveis. Que eu parasse de fumar, primeiro, e segundo que não prendesse a respiração, que não tossisse, que de jeito nenhum levantasse pacotes, caixas, malas. Que jamais me inclinasse nem me jogasse na água de cabeça. Proibidos os arroubos carnais, porque até mesmo num beijo apaixonado as veias podiam se romper. Eram frágeis essas veias que tinham brotado da retina e se esticado e se enroscado na espessura do vítreo. Era preciso observar o crescimento dessa trepadeira de capilares e vasos, vigiar dia a dia sua expansão milimétrica. Isso era tudo o que podia ser feito: espreitar o movimento sinuoso dessa trama venosa que avançava para o centro do meu olho. Isso é tudo e é bastante, sentenciava o oftalmologista, isso, é isso, repetia, desviando suas pupilas para meu histórico clínico, que se transformara num calhamaço, num manuscrito de mil páginas embutidas numa pasta grossa.

Sinopse:
  Estreia da chilena Lina Meruane no Brasil, este romance narrado em primeira pessoa conta a história de uma mulher que vê tudo ao seu redor se modificar quando se dá conta que está quase cega. A enfermidade – seus olhos se encharcam de sangue – é tratada por Leks, o médico russo que a submete a um extenuante périplo de exames, sem nunca chegar a um diagnóstico.
  Enquanto espera por uma definição, Lina passa a viver entre Nova York e Santiago do Chile – cidades que também são como personagens do livro – e reconfigura todas as suas relações pessoais: os velhos fantasmas familiares saem à luz e a relação com o namorado, Ignácio, ganha traços perversos.

Opinião:
  Sou obrigado a admitir que o que mais me chamou a atenção nesse livro foi o seu projeto gráfico, as páginas vão ficando cada vez mais escuras, teoricamente acompanhando o processo de cegueira da protagonista/autora, parecia algo super interessante... mas não é bem assim...
  Primeiro que a protagonista não tem uma piora muito significativa conforme o livro alcança, logo no primeiro capítulo ela fica praticamente cega e o livro é a corrida para impedir que sua condição se torne definitiva. Mais uma vez, parece interessante, mas a narrativa da autora, apesar de ter diversas passagens bacanas, não convence, não consegue fazer com que o leitor crie uma empatia e realmente se importe com o drama por ela vivido.
  O livro é extremamente lento, são pouco menos de duzentas páginas que patinam tanto que pareciam mais de setecentas, ainda mais porque nada acontece de fato, alguns tratamentos, interferências cirúrgicas que, me desculpe a autora, sei que devem ter sido momentos de grande aflição ara ela, mas eu não conseguia de fato me importar, se eu tivesse lido uma matéria falando sobre o caso dela acredito que teria me compadecido mais do que com os rococós e enchimentos de linguiça que a autora utilizou.
  Depois de patinar e permanecer atolado por infindáveis cento e tantas páginas, o final ainda não é um final, o livro sai da percepção de um problema, se encaminha, ainda no início, para um tratamento e faz esteira (andando, lentamente, sem sair do lugar) até chegar... em lugar nenhum, parece que a autora estava tão de saco cheio de escrever quanto eu de ler.
  "Nossa! Então é um livro horrível?" Não chega a tanto, como disse a autora tem umas sacadas legais e é interessante vermos todo o tratamento, por mais que ele não leve a absolutamente nada, mas eu considero a leitura um tempo perdido, sim.
  Acho que tenho problema com literatura chilena...


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