sábado, 19 de dezembro de 2020

[Opinião] A Tarde da Sua Ausência - Carlos Heitor Cony #324

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Editora: Alfaguara 

N° de Páginas: 188

Quote:
  "Era a única que não estava ali. Por um acaso que não percebera antes, aquele instantâneo do passado, congelado na foto em Preto e Branco, a denunciava. Pior: a desmascarava. Ela nunca estivera, nunca estaria ali, ave estranha no ninho, patinho feio às avessas, ausência permanente na longa tarde que breve comecaria para todos."

Sinopse:
  Henrique recebe pelo computador uma foto em Preto e Branco, tirada nos anos 1960, da numerosa família Machado Alves, na varanda de seu casarão em Ipanema. Álvaro, o patriarca, está "no cimo da pirâmide formada por todos, amontoados nos degraus da pequena escada que levava à varanda".
  Na imagem, há uma única ausência: Vera, uma menina insinuante, filha mais nova de Álvaro e ex-cunhada de Henrique. "Teria treze anos na época. Ela tirara a foto. Ao enquadrá-la, nao cenralizara o grupo. No canto esquerdo aparecia a metade da rede que cortava a varanda em diagonal."
  A partir dessa imagem, Carlos Heitor Cony reconstitui com maestria a lenta desintegração de uma família carioca. E, entre deslocamentos no tempo, compõe uma história de choques e desencontros entre Henrique e a enigmática Vera.

Opinião:
  É complicado falar desse livro. Ele é, sem dúvida, um dos melhores do autor, que é um dos meus autores favoritos... mas ele tem uma cena... complicada, pra dizer o mínimo... É essa cena não é mostrada só uma vez.
  Enfim, essa é a história do declínio de uma poderosa família carioca. Henrique, nosso er... protagonista... recebe uma foto no computador, foto tirada na casa da família em Ipanema, a única que não aparece na foto, pelo óbvio motivo de que foi ela que tirou a foto é Vera, a sua cunhada adolescente.
  A partir desse ponto somos jogados de volta no tempo, em uma tarde quente em Ipanema e conhecemos melhor os personagens. Um destaque para Álvaro e a esposa, que vou destacar um trecho apenas para mostrar como esse homem podre de ricofoi educado por seu pai. 
"Para as filhas, tudo. No andar de cima, quartos com cortinas rendadas, boas roupas, aulas de piano. Para os filhos, não descobrira outro método de ensino, outra maneira de educação senão o próprio exemplo. Quando um deles completava quinze anos, António descia ao porão. Acordava o aniversariante. 'Você hoje faz quinze anos. Com essa idade, eu saí da casa do meu pai. Dormi em bancos e carreguei malas no Porto de Lisboa e na Central do Brasil. O que eu tive, vocês terão. Deus te abençoe! Rua!'"

    

  

  Não preciso dizer que ri um pouco nessa parte, né?
  Vemos, rapidamente, a Ascenção da família Machado Alves, mas vemos principalmente a derrocada da mesma não apenas na questão financeira e de como eles vão perdendo, pouco a pouco, mas ao mesmo tempo em um curto espaço de tempo, toda a fortuna e prestígio, mas tambem como os membros da família vão se desgarrando, indo embora, fugindo, morrendo...
Quanto isso vemos também as idas e vindas de Vera, que se tornou um mulher complicada, na falta de adjetivo melhor. A relação dela com Henrique passeia por diferentes níveis e denominações, ja sua relação com seu pai não apresenta grandes mudanças, talvez apenas um desgaste e afastamento progressivo.

O fato de, por boa parte da vida, inclusive depois que toda a fortuna e prestígio se extinguirem, a única pessoa que resta para cuidar de Álvaro é Henrique, que era, no início, um genro indesejado e interesseiro mostra, muito mais do que um julgamento errado, a forma como as pessoas mudam no decorrer dos anos (porque Henrique era sim um cara bem aquém de um exemploa de moral). Isso da parte de ambos, essa é, provavelmente, a relação mais interessante de se acompanhar no decorrer da história.
  Vera e seu "espírito livre" acaba se tornando uma personagem irritante, ou melhor, não deixa de ser a pessoa de caráter duvidavel em momento algum, até tem uma semi redenção no final de tudo, mas mesmo assim não chega a demonstrar um amadurecimento real.
  É um livro sobre relações humanas, diferentes formas e a transformação delas, como as coisas e pessoas mudam, como o tempo leva tudo, como se fosse um rio furioso, e so restam as lembranças, boas ou más.  





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