terça-feira, 6 de julho de 2021

[Opinião] O Gigante Enterrado - Kazuo Ishiguro #348

Compre pela Amazon e ajude a manter o blog
Editora: Companhia das Letras

N° de Páginas: 400

Quote:
"Eu sinto, Axl. Mas ao mesmo tempo eu me pergunto se o que sentimos no nosso coração hoje não é como esses pingos de chuva que ainda continuam caindo em cima de nós das folhas encharcadas da árvore, apesar de a chuva em si já ter parado de cair faz tempo. Eu me pergunto se, sem as nossas lembranças, o nosso amor não está condenado a murchar e morrer."

Sinopse:
  Uma terra marcada por guerras recentes e amaldiçoada por uma misteriosa névoa do esquecimento. Uma população desnorteada diante de ameaças múltiplas. Um casal que parte numa jornada em busca do filho e no caminho terá seu amor posto à prova -- será nosso sentimento forte o bastante quando já não há reminiscências da história que nos une? Épico arturiano, o primeiro romance de Kazuo Ishiguro em uma década envereda pela fantasia e se aproxima do universo de George R. R. Martin e Tolkien, comprovando a capacidade do autor de se reinventar a cada obra. Entre a aventura fantástica e o lirismo, "O gigante enterrado" fala de alguns dos temas mais caros à humanidade: o amor, a guerra e a memória.

Opinião:
  Esse foi meu primeiro contato com esse autor, e já comecei pelo livro que todos dizem ser o mais diferente dentro da sua obra literária.
  Aqui encontramos um universo de fantasia, coisa que não me apetece muito, mas que aqui eu gostei, e gostei bastante.
  Nossos protagonistas são um casal de idosos que vivem em uma comunidade que é uma espécie de aldeia, mas as casas são um tipo de complexo de cavernas. Esse casal, chamados de Axl e Beatrice, são um casal muito amoroso mas que não é muito bem quisto pelas demais pessoas dessa aldeia, principalmente pelo fato de ja serem idosos e não terem mais a mesma força para trabalhar e contribuir para a comunidade como ja tiveram, não que se lembrem de terem contribuído muito pois há uma névoa envolvendo essa aldeia, e toda a região, que faz com que as pessoas esqueçam de... bem... de tudo.
  Essa névoa só será explicada próximo ao final do livro, mas sua existência vai permear toda a historia e levantar diversas hipóteses no leitor, além de nos fazer ficar imaginando interpretações e paralelos com a vida real.
   Uma das coisas que essa névoa e essa deficiência de memória que se abate sobre os personagens vai trazer é a questão de quão importante e qual o peso das nossas ações com as pessoas do nosso convívio. Seria melhor lembrarmos de uma ofensa e lutar contra o ressentimento ou viver na ignorância? 
  Em determinado momento o casal de protagonistas vai sair de sua aldeia para encontrar o filho deles (cuja existência eles já haviam esquecido) para viverem novamente unidos, agora com o filho auxiliando os pais, algo natural da vida. Nessa viagem, que por muito tempo tem um destino incerto, já que não têm muita certeza de onde esse filho vive os personagens vão conhecer outros personagens. Personagens esses que simbolizam diferentes coisas, vão conhecer histórias e lendas que também nos farão ficar pensando na vida enquanto eles criam suas próprias teorias e interpretações.
  É um livro bastante lento, mas isso o faz ser ainda mais reflexivo, afinal se trata da viagem de dois idosos que, mesmo com certa vitalidade já não possuem a mesma força e agilidade de jovens para correrem a viagem toda, e isso se reflete de forma magnífica na narrativa.
  É aquele tipo de livro onde parece ter mais coisas não escritas do que escritas, uma leitura que nos convida a meditar, a ler as entrelinhas e fazer um comparativo com nosso próprio mundo, nossa própria vida e nossa própria forma de pensar, ao mesmo tempo que encanta pela construção de mundo, que mesmo sendo um tanto sombrio é também um lugar, de certa forma, aconchegante.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Talvez você goste de:



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...