domingo, 24 de agosto de 2025

[Opinião] Que Sejamos Perdoados - A. M. Homes #550

Compre pela Amazon

"Ocorreu o acidente e então... tudo acontece. Não acontece na noite do acidente nem na noite em que todos estivemos no hospital. Acontece na noite seguinte, na posterior àquela em que Claire me disse para não deixar Jane sozinha, na noite depois que Claire parte para a China. Claire vai viajar, George degringola, e então as coisas acontecem. Coisas que jamais deveriam acontecer."


    Ok, vamos ver se ainda sei fazer isso...
  Pra quem não tá ciente, nesse tempo que o blog ficou largado às moscas, eu mantive os vídeos de leituras do mês lá no Youtube, mas é diferente... ainda mais despretensioso do que o que faço aqui... apenas breves comentários sobre cada livro, e este é um livro que estava ensaiando fazer um vídeo específico para ele, por ser um livro que curti e também por não ter nenhum vídeo no Youtube brasileiro, o que costuma ser meu critério pra gravar, enfim... falemos dele por aqui.
  Aqui conhecemos Harold (Harry) Silver, um professor de história fanático por Richard Nixon, está há anos escrevendo um livro sobre o ex-presidente. Harry é casado com Claire, uma mulher bem sucedida que trabalha, se não me engano e bem me lembro, numa empresa farmacêutica. Mas Harry sempre viveu à sombra do irmão mais novo, George, casado com Jane, rico e com dois filhos... Mas George não é a pessoa mais equilibrada do mundo, e pouco tempo depois de um jantar em família onde Harry se dói (não muito, mas se dói) de inveja da vida do irmão e de desejos carnais pela cunhada, George provoca um acidente de trânsito, e não fica muito claro se foi proposital ou não... mas ele atravessa um sinal vermelho e bate em outro carro e acaba matando um casal, deixando o filho deles, que também estava no carro, desesperado e desamparado.
  George vai para o hospital, a esposa de Harry precisa ir para a China em uma viagem de negócios e diz para ele ficar com a cunhada, para que ela não fique sozinha, já que ambos os filhos moram em uma espécie de internato (não no mesmo, ele num de meninos e ela num de meninas... obviamente). O previsível acontece: Harry e Jane começam a se envolver, e George, depois de fugir do hospital no que estava internado e voltar para casa encontra os dois... como ele está longe de ser a pessoa mais equilibrada do planeta, destrói a casa e ataca Jane, que é hospitalizada com traumatismo craniano e em coma... logo depois tem sua morte cerebral declarada.
  Com George detido em um hospital psiquiátrico, o escândalo na boca da mídia, Claire mandando Harry pastar e ele sendo o parente mais próximo dos sobrinhos... Harry começa a, lentamente, assumir a vida do irmão... mas não exatamente de propósito...
  Harry é um personagem bastante apático... ele não é uma pessoa lá muito cativante, não tem um grande senso de dever, mas seu coração é uma casa da mãe Joana, ele conhece várias mulheres em um período de... er... necessidades sexuais... mas isso não dura tanto tempo, ele logo cai na real (talvez o período de cio tenha passado), mas também não é um período que está no livro apenas para para torná-lo mais longo, uma dessas mulheres voltará no futuro e terá um papel importante... por mais detestável que ela seja... E quando me refiro ao coração de Harry ser uma casa da mãe Joana, ou um coração de mãe, melhor dizendo, não se refere a esse período, em específico, mas ao fato de que Harry, que acaba de perder a mulher (e a amante), passa de um homem sozinho para o responsável por várias pessoas (e alguns animais).
  Pode ser vista como uma história de redenção... mas pra mim me parece muito mais uma história sobre a continuidade da vida, sobre acolhimento e lidar com o inesperado... como todas as pessoas que passam pelas nossas vidas deixam um pouco de si marcados na gente, algumas pessoas são passageiras enquanto outras são motoristas permanentes... mas a gente nunca sabe quem são o que... e muitas vezes são as mais improváveis que ficam.
  É um livro com muita ironia, faz a gente dar risadinhas em diversos momentos, não muito politicamente correto, o que é ótimo, diga-se de passagem hehe. Inclusive na capa tem um aviso sobre o refinado humor negro da autora, elogiada, inclusive, por Salman Rushdie.
  Uma leitura divertida, que convida à reflexão, com um final fechadinho de aquecer o coração com uma promessa de que tudo pode ficar bem, e que permanece retornando à nossa mente muito depois de concluirmos a leitura (terminei ele no finalzinho de junho).


A. M. Homes nasceu em Washington e vive atualmente em Nova York. É autora de diversos romances, entre eles Este livro vai salvar sua vida e A encomenda, além de coletâneas de contos. Escreve para as revistas The New Yorker e Vanity Fair, e participou dos roteiros da série de TV The L World. Atualmente, é professora de escrita criativa na Universidade de Princeton. Seu trabalho foi traduzido para mais de vinte idiomas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Talvez você goste de:



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...