quarta-feira, 29 de julho de 2015

[Opinião] Fragmentados - Neal Shusterman #142

Editora: Novo Conceito

N° de Páginas: 317

Citação:

Você aprende uma coisa depois de ter vivido tanto quanto eu vivi: as pessoas não são completamente boas nem completamente ruins. A gente passa a vida toda entrando e saindo das sombras e da luz. Neste momento eu estou feliz por estar na luz."

Sinopse:
  A segunda Guerra Civil, também conhecida com "Guerra de Heartland", foi um conflito longo e sangrento motivado por uma única questão.
  Para acabar com a guerra, uma série de emendas constitucionais conhecida como "A Lei da Vida" foi criada.
  Ela satisfez tanto o exército Pró-Vida como o Pró-Escolha.
  A Lei da Vida declara que a vida humana não pode ser tocada desde o momento da concepção até que a criança chegue a idade de 13 anos.
  No entanto, entre os 13 e os 18 anos, a mãe ou o pai pode escolher "abortar" retroativamente uma criança...
... com a condição de que a vida da criança não tenha, "tecnicamente", um fim.
  O processo pelo qual uma criança é ao mesmo tempo eliminada e mantida viva é chamado de "fragmentação".
  Agora, a fragmentação é uma prática comum e aceita pela sociedade.

Opinião:
  Realmente não tenho ideia do que falar sobre esse livro.
  Vamos por partes, pra que eu consiga me situar e tentar passar pra vocês o que esse livro é. Antes de mais nada vamos deixar uma coisa clara: Ele é desconcertante!
  Esse livro narra a história de três personagens: Connor, Risa e Levi. Todos os três foram "condenados" à fragmentação, que é um processo aceito pela sociedade onde jovens indesejados são submetidos a cirurgias que os desmancha para que suas partes (órgãos, pele... tudo) possa ser transplantado em pessoas que precisam de alguma dessas partes.
  A história, apesar de bem construída dá alguns escorregões, fazendo algumas coisas acontecerem meio rápido demais, mas tirando isso não tenho do que reclamar.
  É um livro desconcertante porque mostra o quanto o ser humano é insensível e gosta de se enganar, a fragmentação é aceita porque as pessoas gostam de acreditar que mesmo que transformem seus filhos a um monte de partes eles continuarão vivos de alguma forma, não é um conceito totalmente furado, mas também não é a mesma coisa, quando você é doador de órgãos  morre, seus órgão serão reaproveitados e ajudarão a salvar vidas, isso é fato, aquela parte sua continuará viva através de outra pessoa, que talvez só tenha continuado viva graças àquela parte sua...
  Mas acreditar que você pegar uma pessoa viva e saudável e desmontá-la para reaproveitar 100% de suas partes (salvará muitas vidas, claro) é algo doentio, e no fundo, todos os personagens sabem disso. 
  Uma coisa amplamente discutida no livro é sobre quando começa a consciência de uma pessoa, a partir de que momento ela se torna ela mesma, e quando ela deixa de ser. Isso é muito difícil de decidir (não que alguém tenha capacidade ou direito de decidir tal coisa). Não acredito muito que a memória muscular se mantenha depois que o braço seja transplantado em outra pessoa.
  Outra coisa que achei genial da parte do autor foi o fato dos protagonistas que receberam parte do cérebro de outra pessoa manterem parte da sua memória, e em alguns momentos essa outra pessoa "volta" e assume o controle do corpo ao qual foi transplantado, e o que garante que não seria exatamente assim? O cérebro humano é imensamente complexo, como se pode saber se a parte responsável pelas memórias ou personalidade não continuará exatamente igual depois de transplantada em outra pessoa?
  O livro é desconcertante de diversas formas, vemos o quanto os mal-entendidos podem causar estragos, o ponto ao qual o egoísmo humano pode chegar, a morte lenta e praticamente inevitável da compaixão aos semelhantes, além da alienação coletiva e fanatismo criado por religiões torpes, que manipulam palavras para voltar os ensinamentos ancestrais para satisfazerem suas próprias vontades.
  Se você gosta de livros tensos, misteriosos, angustiantes e altamente reflexivos esse é ideal, com cenas chocantes e personagens convincentes e altamente bem construídos.
  Não encontrei erros, ou se encontrei foram bem irrelevantes, já que não me recordo de nenhum, e quem me conhece sabe o quanto eu sou chato com isso (a propósito: esqueci de falar mas o livro do Jurassic Park tinha alguns escorregões na revisão), mas pela história incrível bem que o livro merecia uma capinha melhor... eu dificilmente teria comprado ele se chegasse a uma livraria e visse essa capa (sim, eu compro livros pela capa, me julguem) apesar de ela fazer sentido na história e não ser das piores, consigo imaginar outras terríveis.

  PS: Li em algum lugar que o autor tem outros livro ambientados no mesmo universo, não sei se é verdade, ou se aguento outro livro tão forte, mas uma parte de mim (e é tão estranho falar isso considerando a história em questão) espera que isso seja verdade.

  PS²: Esse livro cumpre o desafio "Livro com capa azul" da maratona, e sim, não é inteiro azul mas é azul sim u.u

4 comentários:

  1. Oi Rudi!
    Quero muito ler esse livro, ja me falaram o quanto meche com o psicológico de quem lê.
    Mas vou esperar aumentar minha estante pra comprar mais livros, infelizmente já não tenho aonde colocar.
    Mas depois dos 10 que ainda tenho pra ler, esse ta na lista!
    bjs da Le
    www.leversosecontroversias.com

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    Respostas
    1. Sei como é a falta de espaço, como você sabe: eu não tenho estante.... meu balcão já está com três fileiras de livros em cima, a principal, uma na frente e outra em cima... sem falar nos mangás empilhados e os gibis nas caixas...

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  2. Oi, Rudi! Tudo bem? Adoro a premissa desse livro, é o tipo de livro que gosto de ler! Fiquei só preocupado quando você falou que ele é muuuuito desconcertante, mas sua nota e comentários me convenceram a ler a obra! ^^ Adorei a resenha!

    PS: Eu adoro essa capa! haha

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Mas ele é Tony, tem cenas de revirar o estômago, de fazer perder a fé na humanidade, e mais chocante de tudo é ver, pela forma que o autor conta a história, que não é muito difícil algo do tipo acontecer...

      PS: Como eu disse, ela faz sentido na história mas sei lá... acho que uma um pouco mais vívida, sabe? Com uma imagem mais concreta, tá que tornaria o livro mais pesado do que já é... mas justamente para combinar com a história, para preparar o leitor, mostrando mais ou menos o que ele deve esperar da história...

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