domingo, 17 de novembro de 2019

[PLMC] Miss Dollar - Machado de Assis




  Esse conto, como toda a obra do Machado, salvo engano, está já em domínio público, então é fácil de encontrar, mas ele foi publicado originalmente em uma coletânea intitulada Contos Fluminenses, e se você quiser uma edição bacanuda tem Esse box  que é meu novo sonho de consumo.




Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina que Miss Dollar é uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue, abrindo à flor do rosto dous grandes olhos azuis e sacudindo ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão deve ser vaporosa e ideal como uma criação de Shakespeare; deve ser o contraste do roastbeef britânico, com que se alimenta a liberdade do Reino Unido. Uma tal Miss Dollar deve ter o poeta Tennyson de cor e ler Lamartine no original; se souber o português deve deliciar-se com a leitura dos sonetos de Camões ou os Cantos de Gonçalves Dias. O chá e o leite devem ser a alimentação de semelhante criatura, adicionando-se-lhe alguns confeitos e biscoutos para acudir às urgências do estômago. A sua fala deve ser um murmúrio de harpa eólia; o seu amor um desmaio, a sua vida uma contemplação, a sua morte um suspiro.A figura é poética, mas não é a da heroína do romance.
  Machado começa o conto dizendo que o ideal seria não apresentar a suposta protagonista, Miss Dollar, mas passa um bom tempo levantando suposições sobre quem seria ela, até finalmente nos revelar que Miss Dollar é: uma cadela!
  Não digo uma cadela por ser uma mulher vulgar e não merecedora de qualquer respeito, digo cadela porque ela realmente é um animal, um cachorro fêmea, na palavras do autor, uma cadelinha galga.
  Um belo dia Miss Dollar foge de casa e vai parar nas mãos de um certo homem que ama cachorros e os coleciona (achei isso meio estranho, mas beleza), logo coloca a dita cuja entre os demais cachorros, mas logo descobre que a cadelinha tem dono e que estão oferecendo uma recompensa para quem encontra-la e devolve-la, o colecionador de cães (confesso não me lembrar do nome de ninguém, sei que te um Mendonça, mas não sei se é ele ou o amigo) vai até a casa dos donos para devolver, só pelo bom coração, sem interesse na recompensa e ali ele vai conhecer as donas da cadelinha, uma jovem viúva de extrema beleza e sua mãe.
  Não é difícil imaginar o que virá a seguir, então não vou nem contar. Mas é uma história super interessante, sobre traumas e a capacidade de confiar nas pessoas, sobre persistência e até sobre amor aos animais, embora de forma bem mais suave do que os demais pontos abordados.
  O conto tem alguns momentos puxados para o humor, e a conversa do colecionador de cachorros com o amigo sobre a viúva me lembrou uma conversa parecida que tive com um amigo meu sobre sua futura esposa.
  É uma história que me deu uma sensação muito gostosa ao ler, mesmo que a cadelinha tenha sido esquecida em determinado momento e tenha um fim bem triste.

Um comentário:

  1. Machado de Assis é ótimo ne. Não tem nada que tenha lido dele que não tenha gostado.

    Esse conto especifico nunca tinha ouvido falar, achei interessante.

    Achei a figura da cadelinha ótima kkkkk

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