terça-feira, 13 de outubro de 2020

[Opinião] A Improvável Jornada de Harold Fry - Rachel Joyce #311

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Editora: Suma de Letras

N° de Páginas: 248

Quote:

"Ela se lembrava. Após todos esses anos. E mesmo assim ele tinha vivido aquela vida ordinária, como se o que ela tivesse feito não significasse nada. Ele não tentou impedi-la. Não foi atrás dela. Nem sequer disse adeus”


Sinopse:
  Vencedor do britânico National Book Award na categoria de melhor livro de estreia e finalista do prestigiado Man Booker Prize, A improvável jornada de Harold Fry, de Rachel Joyce, tem como temas centrais os sentimentos de amor, amizade e arrependimento. A autora conta a história do aposentado Harold Fry que numa manhã de sol sai de casa para colocar uma carta no correio, sem imaginar que estava começando uma jornada não planejada até o outro lado da Inglaterra.
  Ao receber uma carta de Queenie Hennessy, uma velha conhecida com quem não tem contato há décadas, ele descobre que ela está em uma casa de saúde, sucumbindo ao câncer. Então, Harold Fry escreve uma resposta rápida e, deixando sua mulher com seus afazeres, vai até a caixa postal mais próxima. Ali, tem um encontro casual que o convence de que ele deve entregar sua mensagem para Queenie pessoalmente. E assim começa a peregrinação improvável de Harold Fry.
  Determinado a andar 600 milhas de Kingsbridge à Berwick-upon-Tweed, porque, acredita, enquanto caminhar, Queenie Hennessy estará viva, ao longo do caminho, ele encontra personagens fascinantes, que o trazem de volta memórias adormecidas: sua primeira dança com Maureen, o dia do seu casamento, a alegria da paternidade. Todos os resquícios do passado vêm correndo de volta para ele, permitindo-lhe conciliar as perdas e os arrependimentos.

Opinião:
  Provavelmente uma das melhores coisas na vida e um leitor é você pegar um livro aleatório sobre o qual você nada sabe e esse livro ser uma das melhores coisas que você já leu.
  Aqui conhecemos Harold e Maureen, um casal idoso que já perdeu o amor um pelo outro, tiveram apenas um filho que é, inclusive, o motivo do distanciamento do casal. Certo dia Harold recebe uma carta de uma antiga amiga onde ela diz estar vivendo em uma casa de repouso do outro lado do país... e está morrendo. A carta é meio que uma despedida e Harold fica transtornado com a notícia, resolve então responder essa carta com um bilhete curto dizendo que lamenta pela situação dela, mas ao sair para colocar seu bilhete na caixa de correio da esquina ele resolve andar um pouco mais para continuar refletindo sobre a sua vida e resolve que vai continuar andando e colocar na próxima caixa de coleta que encontrar, ele começa a se lembrar da amiga e de como ela o ajudou no passado, algo que ele havia esquecido com o passar dos anos. Ao chegar na outra caixa de coleta resolve ir até a agência de correio.
  Logo ele para em um posto para fazer um lanche e em conversa com a atendente da lanchonete ele toma uma decisão súbita, pega o telefone, liga para a casa de repouso onde Kennie está e diz para a enfermeira avisá-la de que ele vai andar até lá e que é para ela esperá-lo viva. Harold Fry começa então a sua improvável jornada.
  É uma história extremamente tocante, daquelas que não me sinto "digno" de escrever sobre, justamente porque não consigo expressar em palavras a profusão de sentimentos que ela me proporcionou.
  Harold é idoso, sem preparo físico, com calçados completamente inadequados para uma caminhada de 2 km, que dirá de quase mil... Em uma conversa com a esposa eles acabam discutindo, já que no começo o relacionamento deles está bem abalado, a respeito do filho deles, sabemos, desde sempre, a animosidade que existe entre o casal e também que essa animosidade vem de eventos ocorridos com esse filho e os motivos de ele não fazer mais parte da vida de ambos, até Maureen vai perdendo o costume de conversar com o mesmo.
  Conforme Harold vai caminhando, as pessoas começam a comentar sobre seu ato, para alguns ele é louco, para outros o que ele está fazendo representa um lindo ato de amor e fé, para ele se torna uma missão e uma redenção, uma forma de agradecer a Kennie e de "fazer as pazes" com o filho.
  Muitas pessoas se juntam à caminhada de Harold, mas em vários momentos percebemos que elas mais atrapalham do que ajudam. Essas pessoas trazem um sentido muito importante para a história. Eu vi toda a confusão como... vamos por partes, o livro em si é uma história de auto perdão, uma jornada de auto descobrimento e redenção, essas pessoas admiram o que o protagonista está fazendo e querem participar, é como quando você quer concertar seus erros e mudar de vida, algumas pessoas te chama de louco e outras querem fazer o mesmo, mas querem seguir o mesmo processo que você, mas não se encaixam nele, fazendo mais mal do que bem, tanto para quem acompanham quanto para si mesmos.
  A escrita da autora é de uma delicadeza admirável, nos envolvemos tanto com o casal de protagonistas que, mesmo que se separem, fisicamente, no início da narrativa ficamos felizes a cada momento que vemos que uma aproximação mais íntima está acontecendo, mesmo com um de cada lado do país.
  É, sem dúvida, um dos livros mais bonitos que já tive o prazer de ler, cheio de camadas e ensinamentos, e o mais bacana é que sei que ele vai conversar de forma diferente com cada um.




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