sábado, 30 de maio de 2020

[Opinião] A Praça do Diamante - Mercè Rodoreda #279

Editora: Planeta (Edição exclusiva TAG: Experiências Literárias)

N° de Páginas: 256

Quote:
"Sei que os jovens são mito dinâmicos e querem viver, viver depressa... Mas a vida, para ser vida, tem que ser vivida aos poucos..."
Sinopse:
  Num monólogo de profunda densidade psicológica, Rodoreda contrapõe o sofrimento pessoal da protagonista à dor coletiva de uma Espanha exausta e faminta. A suposta ingenuidade de Colometa, sempre a mercê dos acontecimentos e das pessoas ao seu redor, aparece nas entrelinhas através da linguagem elíptica, utilizada às vezes em um sentido ambíguo, com uma discreta ironia, com crueldade e agressividade ou com grande lirismo.

Opinião:
  Já fazia um tempo que andava com vontade de conferir essa obra, ela foi indicada à TAG pela brasileira Carol Bensiomon, fico feliz que o livro que ela indicou seja beeem melhor do que o livro que ela escreveu (Falando de Todos Nós Adorávamos Caubóis).
  Aqui conhecemos Natalia, uma mulher que de início (e por boa parte da história) vamos considerar meio que palerma, um tantinho sonsa, se me permitem assim chamá-la.
  Natália vai a uma festa que está acontecendo na Praça do Diamante e lá conhece Quimet, por quem se apaixona a ponto de romper o relacionamento que estava indo muito bem obrigado. É com Quimet, que logo a apelida de Colometa, que ela vai se casar e ter seus filhos, apesar de Quimet ser aquele tipo de personagem que você despreza logo de início e esse desprezo só vai crescendo com o decorrer da história.
  A partir desse casamento começamos a acompanhar a vida caótica de Colometa (muito raramente vemos o nome Natália novamente), vida essa que se torna ainda mais caótica quando seu adorável marido resolve criar um pombal na cobertura de seu apartamento, e os pombos passam a fazer parte da vida da protagonista de uma forma muito mais profunda do que a mera presença física.
  O livro tem como ponto de virada o início da guerra civil espanhola, onde a vida já caótica da protagonista será virada do avesso e aí vemos a personagem mostrar uma força que até então achávamos que não existia.
  Apesar da autora se referir ao livro como uma história de amor, em suas diversas formas e expressões, eu vejo como uma história de desenvolvimento pessoal, de amadurecimento e de luta pela vida, além de uma belíssima história de desespero e superação, mas quem sou eu para discordar da autora, não é mesmo?
  Se teve uma coisa que me incomodou em alguns momentos (além do jeito desprezível do Quimet) foi a letargia inicial da protagonista, mas ela é de extrema importância para  fazer um paralelo entre o que ela era e o que ela é, e claro que mesmo essa letargia não é totalmente letárgica, considerando que ela toma a iniciativa de terminar um relacionamento firme para ficar com o "amor de sua vida" (dedinho podre esse dela, viu), mas me incomodou porque, como o livro é narrado por ela, em primeira pessoa, foi difícil acompanhar esse processo no início, pois eu não simpatizei muito com ela.
  De qualquer forma é um livro com um começo okay, um meio angustiante e um final tranquilizador. Não é a melhor coisa que li na minha vida, mas sem dúvida é um livro que vale cada minuto de leitura e que nos toca de forma única ao mostrar uma personagem que de início vemos tropeçando e rimos fazendo chacota dela e no final curvamos a cabeça em respeito, agradecemos pela lição aprendida e nos envergonhamos por todos os pensamentos maus que tivemos a respeito dela.

Foto -Mercè Rodoreda i Gurguí

terça-feira, 26 de maio de 2020

[Opinião] Um Vislumbre de Jesus - Brennan Manning #278

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Editora: Palavra

N° de Páginas: 208

Quote:
"Este é um vislumbre do Jesus que eu tenho encontrado através dos anos do meu terreno do meu eu ferido, o Cristo da minha interioridade."
Sinopse:
  Um Vislumbre de Jesus foi escrito para aqueles que estão sendo oprimidos por uma culpa doentia, vergonha, remorso e o ódio a si mesmo - problemas predominantes nos dias atuais que não respeitam pessoas. Muitas dessas anomalias são causadas pelo moralismo inviolável e o legalismo religioso que produzem tarefas pesadas e leis opressivas, gerando sentimentos vagos de desconforto existencial.
Opinião:
  Já vamos começar dizendo que esse livro passou longe de ser um dos melhores do autor, quando pedi ele no Skoob não fazia ideia do assunto que seria abordado, solicitei por causa do autor. Mas o Brennan que escreve aqui nem parece ter sido o mesmo que escreveu livros tão incríveis como O Impostor que Vive em Mim e O Evangelho Maltrapilho.
  Talvez porque eu não estivesse me consumindo em culpa e nem com ódio de mim mesmo o livro pareceu bastante raso, pareceu um amontoado de frases de efeito reunidas. Ele até tem seus momentos, mas no geral ele pende mais para a auto ajuda do que para um livro cristão per se.
  Como eu li ele ao mesmo tempo em que li o do Yancey (da postagem anterior) eu acabei confundindo um pouco o que é falado nesse com o que é falado naquele, mas como já disse não é muito difícil, aquele é um livro para ser levado bem mais a sério do que esse.
  Eu diria que este livro parece ter sido encomendado, e ele não teve muito apelo a minha pessoa, já vi muitos autores e pregadores tratarem da graça de forma mais concisa, inclusive o próprio Brennan.
  Não quero ficar falando mal, até porque o livro não chega a ser ruim, mas é raso e esquecível.
  Como disse, tenho total certeza que o fato de ter lido ele ao mesmo tempo que li O Jesus que eu Nunca Conheci acabou afetando a minha leitura de ambos, antão os dois entrarão para a lista de releituras obrigatórias do futuro.

sábado, 23 de maio de 2020

[Opinião] O Jesus que Eu Nunca Conheci - Philip Yancey #277

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Editora: Vida

N° de Páginas: 328

Quote:
"Com Tolstói aprendi a necessidade de olhar para dentro, para o reino de Deus que está em mim. Vi como falhara miseravelmente nos elevados ideais do evangelho. Mas, com Dostoiévski, aprendi a total extensão da graça. Não é apenas o reino de Deus que está em mim; o próprio Cristo habita ali. 'Mas onde o pecado abundou, superabundou a graça', como disse Paulo em Romanos
Sinopse:
  Yancey apresenta uma perspectiva nova e diferenciada da vida e da obra de Cristo - Seus ensinos, seus milagres, sua morte e ressurreição -, além de mostrar o mais importante: quem era e a que veio. Relacionando os acontecimentos do evangelho com o mundo em que hoje vivemos, O Jesus que eu Nunca Conheci fornece um relato novo e comovente desse personagem que foi o marco central da história. Disposto a enfrentar perguntas difíceis, o escritor examina as palavras radicais do carpinteiro itinerante da Judeia e pergunta se o estamos levando suficientemente a sério em nossos dias.
  Da manjedoura, em Belém, à cruz, em Jerusalém, Yancey apresenta um personagem complexo, e que suscita perguntas e respostas; um jesus perturbador e animador que deseja transformar radicalmente a sua vida e aumentar a sua fé.
  O Jesus que eu Nunca Conheci desvenda o Jesus brilhante, criativo, desafiador, intrépido, compreensivo e imprevisível. Este livro magnífico o ajudará a descobrir um Jesus diferente da figura apresentada nas escolas dominicais, diferente também do dócil e sorridente Salvador da Era Vitoriana inglesa e de todos os clichês culturais que abradaram Jesus e o prederam em diversas molduras religiosas.

Opinião:
  Eu já tinha visto comentários de gente falando que esse autor era polêmico, concordo... mas quero adicionar pretensioso à lista de adjetivos.
  Não que o livro não seja bom, longe disso. O autor escreve de forma magnífica, mas ele promete entregar uma visão diferente de tudo que já se viu sobre Jesus... e não é isso que acontece, até porque, convenhamos, é quase herético dizer algo assim. Mas levando em consideração o Evangelho Segundo O que eu Quero, muito pregado nos dias de hoje, esse livro pode sim ser uma boia salvadora para muitos seguidores de coaches que se dizem pastores.
  O autor escreve muito bem, e se aprofunda em eventos da vida de Jesus mostrando um lado mais humano, não querendo tirar a parte de Ele ser também Deus, mas mostrando como Ele se despiu de toda a Glória e se fez realmente humano, para passar por aquilo que os humanos passam, inclusive na abertura de um capítulo tem uma citação que diz:
"Outros deuses eram fortes ; mas Tu fraco tinhas de ser;

A caminho do trono cavalgaram , mas tu tropeçaste ali;
Nossas feridas apenas Deus pode entender,
E nenhum deus tem ferimentos além de ti" 
Edward Shillito

  Como disse, o autor escreve de forma magnífica, e transborda dedicação e conhecimento em suas palavras. Apesar de não ter gostado tanto do livro quanto esperava gostar, tenho que admitir que em diversos momentos deu vontade de aplaudir, a parte que ele fala sobre o sermão do monte me deixou pensando no assunto por mais de um mês.   Como eu disse, o livro é muito bom, mas ele promete muito algo que não chega a entregar totalmente, não concordei 100% com ele, mas sem dúvida é uma obra que tem o seu valor, e esse valor é bem grande. Mas que é sim, bastante pretensioso. Ainda quero ler outras coisas do autor, pois foi uma experiência mais do que satisfatória, talvez o excesso de expectativas tenha me atrapalhado um pouco.


terça-feira, 19 de maio de 2020

[Opinião] A Casa Assombrada - Charles Dickens #276



Editora: Folha de São Paulo
N° de Páginas: 96

Quote:
"Ai de mim, ai de mim! Amigos,nenhum outro fantasma assombrou o quarto do menino desde que o ocupei, exceto o fantasma da minha própria infância, o fantasma da minha própria inocência, o fantasma da minha própria crença etérea.  Mais de uma vez persegui o fantasma: jamais esse meu passo de homem alcançou-o, nunca mais esse meu coração de homem manteve sua pureza."

Sinopse:
  A Casa Assombrada saiu em 1859, como primeiro número natalício de All the Year Round. A edição original, quase um romance por sua dimensão, constava de oito capítulos. 
  O introdutório, uma espécie de "moldura", é intitulado Os Mortais na Casa: o eu narrador fala de uma casa de campo inglesa, alugada por seis meses por bom preço justamente por sua fama de ser infestada de fantasmas.
  Mas ele, incrédulo e cético, convoca alguns amigos de confiança comprovada para dissipar a lenda, colocando cada um deles em cada um dos sete quartos da casa, segue-se, assim, sete capítulos, cada um com o título do fantasma residente em cada quarto, mais uma paginazinha de conclusão.
  Mas nem todos os capítulos foram escritos por Dickens: atraídos por sua fama e sucesso, vários escritores mais ou menos bem sucedidos de Ghost stories apresentam-se para escrever cada um dos capítulos, tanto que o próprio Dickens qualifica honestamente o "Extra Christmas Number" da revista como "conducted" (ou seja, dirigido, coordenado) por ele, evientemente declinando de uma autoria que não lhe pertencia in toto.
  Após algum tempo, porém, a vaidade autoral deve ter se feito sentir, e então saiu uma nova edição do conto, dessa vez reduzido a dois capítulos: Os Mortais na Casa e O Fantasma no Quarto do Mestre B., os únicos escritos de seu punho (à parte a paginazinha conclusiva) na edição de 1859.

Opinião:
  Esse é um daqueles livros - na verdade é um conto, mas como li ele em uma edição que só tinha ele vou tratá-lo como um romance - que você termina sem saber exatamente o que achou...
  Começamos a história conhecendo John, que aluga um velho casarão por um precinho camarada, já que é considerado um casarão assombrado. Para colocar a lenda abaixo o protagonista chama então sete amigos para ocuparem todos os quartos da casa, ele teve cuidado de chamar pessoas que eram tão céticas quanto ele, mas talvez isso não tenha sido suficiente...
  A história é basicamente isso, o primeiro capítulo, onde conhecemos os ditos amigos e vemos a distribuição dos quartos é muito bacana, Dickens tinha uma forma única de escrever e tudo que eu leio dele eu sinto como se me transportasse... já o segundo capítulo, é meio estranho... ele é também brilhantemente escrito, mas ele pesa o pé no pedalzinho do absurdo, sei que é uma história de fantasmas (e Dickens era ótimo escrevendo esse tipo de coisa, Um Conto de Natal é maravilhoso), mas eu achei que aqui ele viajou demais e minha suspensão da descrença não conseguiu acompanhar muito bem....
  Ah, sim. Esse livro faz parte de uma coleção muito bacana lançada pela Folha de S. Paulo, com contos de grandes escritores publicados em edições bilíngues, então sim, aqui temos uma edição bilíngue, mas por ser um livro do século XIX o inglês dele é bem complicadinho, felizmente podemos acompanhar o texto em português. Mas mesmo sendo uma edição até simples ela possui orelhas e páginas amareladas, mas o melhor são as notas de rodapé, que nas páginas com o texto em inglês explicam expressões e phrasal verbs para quem não é fluente no idioma... like me, for exemple.
  São edições bastante didáticas e muito interessantes, perfeitas para quem quer exercitar o inglês além de ser uma ótima oportunidade de conhecer contos clássicos.

sábado, 16 de maio de 2020

[Opinião] O Cerne da Questão - Graham Greene #275

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Acho interessante comentar que a sinopse do livro traz meio que um spoiler do final da história.

Editora: Biblioteca Azul

N° de Páginas: 350

Quote:
"O paraíso permanecia rigidamente em seu lugar do outro lado da morte, e deste lado floresçam as injustiças, as crueldades, a mesquinhez que em outros lugares as pessoas escondiam com tanta engenhosidade."

Sinopse:
  Scobie é um major inglês que trabalha em uma colônia africana durante a Segunda Guerra Mundial. Após a partida de sua esposa para a África do Sul, ele participa do resgate de um naufrágio, e ali presencia a morte de uma criança. Esse episódio o faz reviver a morte da sua filha, que falecera poucos anos antes. Enquanto revive o luto, conhece Helen, uma das vítimas do naufrágio, que se torna sua amante. Depois de ser chantageado e se envolver em ações corruptas para o tráfico de diamantes, o major passa a viver dividido entre o dever e a culpa.
  Ao construir uma trama de viés ético-religioso como o pano de fundo de um país colonial durante a guerra, Graham Greene se afasta dos clichês da literatura de viagem. O Cerne da Questão é, sobretudo, um romance sobre culpa e provação, expiação e suicídio.

Opinião:
  Já fazia um tempo que eu tinha curiosidade de ler algo desse cara, sempre ouvi falar dele, tanto quando se referiam a autores cristãos como quando se referiam a grandes escritores americanos, considerados semi-clássicos. Consegui então esse livro através de uma troca no Skoob e então finalmente tive a oportunidade de conhecer a obra dele.
  Aqui conhecemos o Major Scobie, ele trabalha em uma colônia britânica na África, pela capa já podemos supor que se passa em Serra Leoa, um país localizado no litoral ocidental do continente. Quando sua esposa, Louise, vai viver com ele começa a infernizá-lo para que ele a mande para viver na África do Sul, onde outras esposas de oficiais moram, alegando que na colônia onde está ela não tem amigos e ninguém gosta dela, o que na minha opinião faz todo sentido porque eita mulherzinha insuportável, viu!?
  Depois de um perrengue danado para conseguir dinheiro para mandar a megera, digo, a esposa, para a África do Sul, Scobie ajuda no resgate das vítimas de um naufrágio, e lá ele presencia a morte de uma menina que o faz lembrar da morte de sua filha, alguns anos antes. Enquanto se contorce com o luto ressurgido ele acaba se envolvendo com um mulher que também foi resgatada do naufrágio e acabou ficando viúva em decorrência dele. A partir daí vemos um homem dividido entre a sua fé, ele é bastante católico, e seu amor, que segundo ele é igual, em relação a esposa e a amante.
  É interessante ver como a história de Scobie se desenrola, mostrando uma pessoa controversa, que ao mesmo tempo que tenta transparecer uma santidade, e inclusive convencendo a si mesmo que é tão santo quanto possível, se afunda cada vez mais no pecado do adultério, que acaba se revelando apenas a raiz de uma vida pecaminosa, onde um abismo chama outro abismo, assim como vemos na história do adultério do Rei Davi, quando esse pecado abada dando origem a outros e causando consequências irreparáveis na vida do mesmo.
  Diferente da história de Davi aqui vemos que as consequências do pecado recaem única e exclusivamente sobre o pecador, até porque ele não tem filhos ou familiares próximos nos quais a sua queda pudesse respingar lama. Vi muita gente dizendo que o final do livro era algo romântico, uma espécie de redenção e até mesmo a única saída possível, mas eu não concordo com isso, como eu disse: para mim é muito mais uma história sobre o pecado, parafraseando as palavras de Davi "apodrecendo os ossos do pecador", e como um abismo chama outro abismo até que a pessoa se encontre tão profundamente que não enxerga mais a saída mais lógica, uma história que mostra na prática qual é o salário do pecado.
  O autor era católico e ainda é reconhecido como um dos grandes autores católicos, mas ele não gostava dessa alcunha, ele preferia dizer que era um autor que tinha como religião o catolicismo, mas nas minhas parcas pesquisas fiquei sabendo que o tema do pecado e suas consequências é algo que permeia a obra dele, quero muito ler outras coisas dele, já que essa primeira experiência foi bastante satisfatória.
  


quarta-feira, 13 de maio de 2020

[Opinião] Informação ao Crucificado - Carlos Heitor Cony #274

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Editora: Alfaguara

N° de Página: 120

Quote:
"Ora, serei o sal da terra, isso é o que importa, sal da terra. Que será do sal que não salga? Aquele que bota a mão no arado e olha para trás não é digno de mim. Até que ponto botei a mão no arado? Até que ponto se pode olhar para os lados sem ser para trás? "

Sinopse:
 Publicado originalmente em 1961, Informação Ao Crucificado é um texto contundente, em qual Carlos Heitor Cony aborda com maestria os temas da fé e do desencanto. Considerado um marco na obra do autor, o livro - agora lançado pela Alfaguara - tem forte base autobiográfica, onde autor e narrador se fundem na figura de um jovem em dúvida com a religião que decidiu abraçar.
  João Falcão é um jovem que resolveu ingressar em um seminário pela "beleza do sacerdócio". Está prestes a se ordenar, mas suas dúvidas parecem aflorar em um ambiente que é cada dia mais hostil. Seu crescente pendor à literatura, a disputa com os outros rapazes e as intrigas dos superiores levam-no, por fim, a ver abaladas suas mais profundas convicções.
  Em Informação ao Crucificado, um dos mais importantes romances da literatura brasileira, o personagem João Falcão relata em seu diário as dúvidas, as intrigas do seminário, as discussões filosóficas e literárias com colegas e, finalmente, as tentações que o obrigam a repensar o futuro eclesiástico. Nas páginas de seu caderno, é possível reconhecer o mesmo olhar preciso e irônico de Carlos Heitor Cony, numa história de busca pela fé e arrependimento que marcou a própria vida do autor. Ao narrar o dia-a-dia no seminário, com pequenos momentos de descontração em meio a um ambiente em que impera o silêncio e a competição velada, ele apresenta um relato confessional único, marcante tanto pela beleza quanto pela profundidade.

Opinião:
  Não é segredo que Cony se tornou meu autor brasileiro favorito, o que me faz querer tudo que ele já escreveu, mesmo não tendo muita simpatia por ele enquanto pessoa.
  Aqui temos novamente uma ficção baseada na vida do próprio autor.
  O livro é escrito em formato de diário por João Falcão, estudante de seminário meio desiludido. É uma história de apostasia, mas conforme vamos acompanhando a história vemos que ele nunca foi a pessoa com mais fé do mundo.
  É interessante ver como funciona um seminaro de padres, e nesse caso foi meio chocante ver que tem vários livros são proibidos para os pretensos padres, inclusive, pasmem, a Bíblia, nesse livro vemos uma conversa onde o protagonista confronta o padre reitor dizendo que acha a Bíblia um livro fascinante, mas que não tinham autorização para lê-la por completo, o que é extremamente controverso, parando para pensar.
  Não cheguei a pesquisar para saber o quão real é isso, admito que quando li acreditei que era assim mesmo, mas não é porque está nesse livro que devemos pegar a informação como verdadeira e pronto.
  Como eu disse, é um livro muito interessante e escrito de uma forma magistral. Vi muita gente dizendo que esse é um livro sobre amadurecimento e despertar do intelecto, mas não vejo dessa forma, muito pelo contrário, o que eu vejo é alguém sendo tomado pela soberba e se achando maior do que realmente é.
  Obviamente eu indico o livro, já considero Cony meu autor brasileiro favorito, e mesmo detestando boa parte dos personagens em boa parte das histórias, é um autor que tenho por meta ler tudo que ele já escreveu.


quarta-feira, 6 de maio de 2020

[Opinião] Azusa em Chamas - Heidi Baker, Lou Engle e Bill Johnson #273

https://www.skoob.com.br/azusa-em-chamas-778516ed783170.html
Editora: Chara (parceria com JesusCopy)

N° de Páginas: 147

Quote:

"Como é ser derretido em conjunto sob o fogo de Deus? A história da Rua Azusa ensina a importância da santificação e da santidade. Quando pedimos que o fogo venha, estamos prontos para abrir mão de tudo que se opõe à Sua natureza? Estamos dispostos a permitir que todo o excesso em nossas vidas seja queimado e despido para que somente o que é ouro puro permaneça?"

Sinopse:
  Estamos às portas de um dos maiores despertamentos de todos os tempos. Nossa geração está grávida, prestes a dar à luz um novo avivamento. Azusa em Chamas reacenderá sua paixão por mais de Deus e ajudará você a se posicionar para viver plenamente o destino que Deus lhe reservou para este tempo.
  O avivamento da Rua Azusa não foi apenas algo que aconteceu há mais de cem anos: também é uma profecia em relação ao nosso futuro, sobre o que Deus quer derramar em medida ainda maior nos nossos dias. Há um grande movimento, que foi iniciado no Avivamento da Rua Azusa, no qual devemos ingressar, um mover de Deus que conduziu mais pessoas a Jesus do que todos os séculos anteriores somados.
  O fogo de Azusa ainda está ardendo e está disponível hoje. É hora de dizer sim a Deus, seja qual for o preço, e de arder em chamas por ele como nunca.

Opinião:
  Já vamos começar tirando o elefante da sala: Este livro peca, e peca muito, na questão da revisão, tivemos três pessoas revisando o texto, que pelo que entendi fazem parte de uma empresa que parece trabalhar com isso e conseguiu deixar já nos agradecimentos palavras com letras faltando, transcrever Isaías 43:19 trocando "porei" por "porém" e outros deslizes menos absurdos. Este, sem sombra de dúvida foi o maior ponto negativo do livro.
  Outro detalhe que me incomodou foi a exaltação da Califórnia, tudo bem que o livro é sobre o acontecimento da Rua Azusa, que fica em Los Angeles, na Califórnia, mas os autores falaram exaustivamente que tudo começou lá, e tudo que acontecer depois só vai acontecer pelo que aconteceu primeiro lá, e tudo que aconteceu antes, como o avivamento do país de Gales, poucos anos antes, foi apenas uma preparação para o que aconteceria lá, praticamente dizendo que a Califórnia é o novo Israel, a Terra Santa com um "Cristoponto" para Jesus "aterrissar" quando voltar.
  Desconsiderando estes dois problemas, o livro é sim, bom, ele vai dar uma boa contextualização histórica, falar como surgiu a igreja que foi o epicentro do acontecimento, falando também da história do pastor Willian J. Seymour, e também de outros pioneiros que foram missionários que espalharam as boas novas pelo mundo, mais uma vez, focando na importância do que aconteceu na rua Azusa.
  É um livro que chama ao despertamento, mas a meu ver ele foca mais no movimento do que no motivo de existir um movimento, não acho que seja um bom livro para novos convertidos, acho que ele funciona melhor para quem já tem alguma bagagem e quer conhecer mais sobre o despertamento que que dá título ao livro, mesmo que ele não tenha se aprofundado, realmente, a meu ver.


domingo, 3 de maio de 2020

[Opinião] Todos Nós Adorávamos Caubóis - Carol Bensimon #272

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https://www.skoob.com.br/todos-nos-adoravamos-caubois-350104ed393004.html
Editora: Companhia das Letras

N° de Páginas: 192

Quote:

"Tirei a roupa, coloquei uma camiseta velha e tentei me acomodar como pude. Fiquei assistindo. Um duelo. Um romance. Um deserto. [...] Todos nós adorávamos caubóis."

Sinopse:
  Cora e Julia não se falam há alguns anos. A intensa relação do tempo da faculdade acabou de uma maneira estranha, com a partida repentina de Julia para Montreal. Cora, pouco depois, matricula-se em um curso de moda em Paris. Em uma noite de inverno do hemisfério norte, as duas retomam contato e decidem se reencontrar em sua terra natal, o extremo sul do Brasil, para enfim realizarem uma viagem de carro há muito planejada. Nas colônias italianas da serra, na paisagem desolada do pampa, em uma cidade-fantasma no coração do Rio Grande do Sul, o convívio das duas garotas vai se enredando a seu passado em comum e seus conflitos particulares: enquanto Cora precisa lidar com o fato de que seu pai, casado com uma mulher muito mais jovem, vai ter um segundo filho, Julia anda às voltas com um ex-namorado americano e um trauma de infância.  Todos nós adorávamos caubóis é uma road novel de um tipo peculiar; as personagens vagam como forasteiras na própria terra onde nasceram, tentando compreender sua identidade. Narrada pela bela e deslocada Cora, essa viagem ganha contornos de sarcasmo, pós-feminismo e drama. É uma jornada que acontece para frente e para trás, entre lembranças dos anos 1990, fragmentos da vida em Paris e a promessa de liberdade que as vastas paisagens do sul do país trazem. Um western cuja heroína usa botas Doc Martens.

Opinião:
  Então... não sei direito como começar.
  Já faz um tempo que tenho curiosidade de ler algo dessa autora, desde que ela foi curadora da TAG, em dezembro de 2017, nessa mesma época coloque no kindle este livro além de Pó de Parede e do vencedor do Jabuti O Clube dos Jardineiros de Fumaça, mas enrolei esses quase dois anos para ler alguma coisa da Carol, e só o fiz porque esse livro também foi enviado pela TAG, em agosto desse ano, minha vontade de lê-lo reacendeu e resolvi fazer isso logo.
  Minha experiência com o livro foi bem diferente do que eu esperava, mas admito que não sabia muito bem o que esperar dele...
  Aqui conhecemos Cora e Julia, Cora é filha de um bem-sucedido otorrinolaringologista que só soube o que era dificuldade financeira de ouvir falar, é ela que vai narrar a história, história que anda com um pé no passado e um no presente, a história é a volta de Cora para o Brasil, já que ela cursa moda em Paris, ela tem seus trabalhinhos de garçonete nas horas vagas mas basicamente é mantida pelo pai, que inclusive paga sua passagem para que ela esteja presente quando o irmãozinho dela nascer. Júlia é uma pessoa muito mais agradável do que Cora, apesar de não saber direito quem é, o que quer, do que gosta, no que acredita ou para onde vai, quando conheceu Cora, anos atrás, morava em uma espécie de pensionato de freiras, elas criam uma amizade e falam sobre uma viagem meio que sem rumo pelo Rio Grande do Sul, elas acabam indo uma morar na França e a outra no Canadá, até que o pai de Cora se casa com uma mulher quase da idade da própria filha, engravida ela e chama a filha para conhecer o irmãozinho no dia do nascimento, como já disse acima. Nessa vinda para o Brasil a dita viagem há tanto comentada mas jamais levada a cabo finalmente vai acontecer.
  Enquanto elas viajam pelo estado gaúcho elas lembram da vida e ficam pensando nos rumos tomados. A história em si é até bacana, mas as garotas, em especial Cora, tem uma personalidade detestável, tá, não detestável, mas bastante desagradável. os dramas e dificuldades pelas quais passam me pareciam aqueles vídeos do youtube com título de "White girl problem" sabe?
 Enfim, a autora me deixou com uma pulga atrás da orelha imaginando que ela ela tem potencial para fazer algo bom, mas que não fez isso aqui (inclusive o título é meio desconexo da história, é colocado de forma meio forçada e despropositada no final), mas por mais que não tenha achado esse livro grandes coisas, fiquei curioso para ler outros da autora, como disse tenho outras obras dela no kindle, e espero fazer a leitura em breve.

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