terça-feira, 30 de junho de 2020

[Opinião] Risíveis Amores - Milan Kundera #287

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https://www.skoob.com.br/risiveis-amores-2367ed3137.html
Editora: Nova Fronteira

Nº de Páginas: 236

Quote:
"Sim - disse Eduardo -, existe uma contradição entre o conhecimento e a fé. Reconheço que a fe em Deus conduz ao obscurantismo. Reconheço que seria melhor que Deus não existisse. Mas que posso fazer quando aqui, bem dentro de mim (dizendo isso, apontava o coração com o dedo), sinto que Ele existe? Por favor, camaradas, compreendam-me! Digo-lhes as coisas como são. É melhor que eu diga a verdade, não quero ser um hipócrita. Quero que vocês me conheçam tal como realmente sou."

Sinopse:
  Nos sete contos de risíveis amores, Milan Kundera retira do amor e do sexo a seriedade que normalmente costuma encobri-los. As situações se desenvolvem a partir de um mal-entendido, de um jogo com o outro. A mentira - ou a arte de iludir e ser iludido - está sempre em foco. Mas o engano, que se inicia como brincadeira, revela depois como o auto-engano governa todos os aspectos da vida. Assim, dois namorados fingem que não se conhecem e aos poucos percebem como são, de fato, dois estranhos. Em outro conto, um homem muito hábil mente e brinca com as pessoas, mas elas são tão crédulas que ele perde o controle da situação.
  Não são apenas histórias de amor que fazem rir. São, também, histórias sobre tentativas de repor alguma verdade na experiência amorosa.

Opinião:
  Já tinha algum tempo que eu pretendia ler alguma coisa do autor, minha primeira opção seria A Insustentável Leveza do Ser, porque é sua obra mais famosa e porque a contradição do título me fascina. Ou quem sabe A Festa da Insignificância, que comecei muitos anos atrás, mas não cheguei a concluir (na realidade acho que só li um ou dois capítulos). Mas para a minha surpresa minha primeira experiência foi com esse livro. Tenho um projeto (boa sorte para descobrir aonde) chamado Volta ao Mundo em 50 livros, e acabei escolhendo Republica Tcheca por acidente (ops!) e o livro selecionado para esse país era este.
  Aqui temos 7 contos (se não me engano e bem me lembro) todos com algum tipo doentio de relação que pode ser considerada amorosa por alguma mente perturbada, não apenas amor romântico, esse sentimento psicótico passeia também pela admiração, pelo apego ao trabalho e até para o amor próprio.
  Como toda a coletânea de contos nem tudo aqui é uma maravilha, falando brevemente de cada um:
  O Pomo de Ouro do Eterno Desejo mostra dois homens envolvidos no jogo da conquista, onde a arte de conquistar é mais satisfatória do que a conquista em si, nosso narrador começa a perceber o quão vazio é tudo isso e quer sair de fininho, mas o amigo, que inclusive é casado, arma uma armadilha para que ele vá arás de, pelo menos, mais uma conquista.
  Ninguém vai Rir é um dos meus favoritos, onde um homem passa a ser perseguido por algo que podemos chamar de fã, esse fã escreveu um artigo e quer que esse homem, um professor de certa importância, embora não muita, escreva um parecer sobre o tal artigo, abrindo assim as portas do mundo acadêmico para ele.
  O Jogo da Carona é uma história que parece ser bem banal no começo, um casal de amigos que está viajando junto pela primeira vez e resolvem brincar que são desconhecidos, o conto segue por um caminho angustiante que mostra que nem sempre conhecemos as pessoas, realmente.
  O Simpósio é o maior conto, e o pior, na minha opinião. Se passa em um hospital onde todos os médicos estão constantemente copulando ou pensando nisso.
  Que os Velhos Mortos Cedam Lugar aos Novos Mortos é, provavelmente, o mais sentimental de todos, e outro dos meus favoritos. Aqui uma mulher vai visitar o túmulo de seu marido e descobre que o monumento já não existe, foi demolido para dar lugar à um novo túmulo, já que ela não renovou uma licença cuja existência ela nem tinha conhecimento. Entre a indignação, a vergonha e sem saber como vai contar isso ao filho ela reencontra um antigo amigo que ainda vive na cidade e juntos vão reviver um pouco do passado.
  O Dr. Havel 10 anos depois foi uma grata surpresa, já que Dr. Havel é um dos personagens do conto O Simpósio, que já disse que detestei, mas aqui temos a decadência de um homem que sempre deu muito valor a sua virilidade, é um conto sobre a passagem do tempo e sobre o que ele leva enquanto passa, é muito bom.
  Eduardo e Deus fecha a coletânea de forma maravilhosa, Eduardo conhece uma garota e se encanta por ela, mas essa garota é cristã e ele começa a acompanhá-la até a igreja para que ela aceite namorar com ele, mas isso traz alguns problemas, já que estamos falando da época que o partido comunista comandava a República Tcheca, ou seja, ir na igreja não era exatamente proibido, mas não era muito bem visto também. Eduardo consegue engatar um relacionamento mas ele quer avançar para outro nível de intimidade e a garota deixa claro que permanecerá virgem até o casamento, Eduardo então resolve estudar a Bíblia para encontrar argumentos para refutar as negativas da garota, mas essa leitura vai levar Eduardo a compreender a vida de forma diferente da que estava acostumado.
  A escrita do autor é bastante diferente de tudo que já vi, ele tem uma habilidade incrível de colocar humor e melancolia nas suas palavras. Foi uma primeira experiência muito satisfatória e pretendo ler mais obras do autor.

Foto -Milan Kundera
  

sábado, 27 de junho de 2020

[Opinião] Sonho de Uma Noite de Verão - William Shakespeare #286

https://www.skoob.com.br/sonho-de-uma-noite-de-verao-1570ed901303.html
 Editora: L e PM Pocket (Edição TAG: Experiências Literárias)

N de Páginas: 128

Quote:
"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."


Sinopse:
  Sob o solstício de verão, humanos, espíritos da natureza e criaturas fantásticas performam seu espetáculo. Diante de um casamento arranjado por seu pai e pelos deuses, Hérmia decide fugir à noite com seu amado Lisandro, para a tristeza de seu prometido, Demétrio. Ele, por sua vez, é desejado pela confidente de Hérmia, Helena. Nos bosques mágicos, o quarteto se reconfigura, transformando essa trágica história de amor em uma comédia caótica.
  Utilizando linguagem teatral, o livro é narrado com a maestria única de William Shakespeare, um dos maiores escritores ingleses de todos os tempos.

Opinião:
  Fui pego totalmente de surpresa! Esse foi meu primeiro contato com a obra do autor (lendo, realmente), e jamais imaginei que fosse tão absurdo e divertido.
  Não tenho muito apreço por histórias escritas em formato de peça, mas essa me conquistou.
  Aqui conhecemos Hérmia, que é apaixonada por Lisandro (ou Demétrio, agora não sei qual dos dois), mas está prometida para Demétrio (ou Lisandro... vocês já entenderam). Hérmia se recusa a casar com Demétrio e seu pai a leva até o imperador para que ele a convença. Logo no início temos uma conversa ótima entre os dois pretendentes da moça onde Demétrio diz que ele é que se casará com Hérmia pois ele é que tem o amor de seu pai, e o outro de pronto rebate: "Então case-se com ele e com ela me caso eu", eu achei impagável hehe.
  Hérmia então recebe algumas opções: Casar com quem seu pai escolheu, Tornar-se freira e não casar com ninguém... ou morrer. Ela e Lisandro resolvem então fugir a noite e sabe por que cargas d'água ela conta para Helena, sua amiga que nutre uma senhora inveja por ela e que é apaixonada por Demétrio (que é apaixonado por Hérmia que é apaixonada por Lisandro que, olha só, corresponde ao amor de Hérmia... pelo menos alguém é correspondido aqui) e Demétrio resolve seguir os fugitivos, enquanto é seguido por Helena.
  À noite todos estão na floresta, não só eles, mas também um grupo de trabalhadores braçais que resolve dar uma de atores e ensaiam uma peça para apresentar para o imperador... além de todo um contingente de fadas e seres fantásticos que habitam o lugar e estão brigando por um servo, usando de artifícios bem pitorescos e que vão fazer uma senhora bagunça com todos os personagens.
  Enfim, já disse que é escrito em forma de peça, certo? A escrita tem sim seus rococós, afinal, estamos falando de Shakespeare, mas nada que prejudique a leitura, é, na verdade, muito divertido ver todo o caos sendo narrado de forma tão ordenada, e ainda assim sem mascara o caos em si.
  É uma história divertidíssima que me deixou com muita vontade de ler outras coisas do autor.

Foto -William Shakespeare

sexta-feira, 26 de junho de 2020

É assustador



  É assustador ver que estávamos enganados.
  É assustador ver que os autoproclamados defensores do amor e da liberdade são os mais intolerantes e preconceituosos.
  É assustador perceber que os valores tem se invertido a tal ponto de atacarem figuras públicas abertamente e ignorarem completamente as autoridades instituídas.
  É assustador ver uma ministra do governo, responsável pelo ministério da mulher, família e direitos humanos ser atacada e chamada dos piores nomes possíveis, inclusive satirizando violências por ela sofridas, por ela propor um programa de incentivo à saúde conjugal, paternal e financeira das famílias.
  É assustador ver gente demonizando o natural para exaltar o liberalismo.
  É assustador ver a grande mídia sem um pingo de imparcialidade e tanta gente não percebendo isso.
  É assustador ver o ódio cegando a razão.
  É assustador ver tanto ódio.
  É assustador perceber que não será um vírus ou um desastre natural que destruirá a humanidade. O que acabará conosco será todo esse hedonismo exacerbado que tem sido cada dia mais incentivado.

terça-feira, 23 de junho de 2020

[Opinião] O Hobbit - J. R. R. Tolkien #285

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Editora: WMF Martins Fontes

N° de Páginas: 328

Quote:
"É estranho, mas as coisas boas e os dias agradáveis são narrados depressa, e não há muito que ouvir sobre eles, enquanto as coisas desconfortáveis, palpitantes e até mesmo horríveis podem dar uma boa história e levar um bom tempo para contar."

Sinopse:
  Bilbo Bolseiro é um hobbit que leva uma vida confortável e sem ambições, raramente aventurando-se para além de sua despensa ou sua adega. Mas seu contentamento é perturbado quando Gandalf, o mago, e uma companhia de anões batem à sua porta e levam-no para uma expedição. Eles têm um plano para roubar o tesouro guardado por Smaug, o Magnífico, um grande e perigoso dragão. Bilbo reluta muito em participar da aventura, mas acaba surpreendendo até a si mesmo com sua esperteza e sua habilidade como ladrão!

Opinião:
  Enfim, chegou o dia do meu apedrejamento, hehe.
  Quem me acompanha mais de perto sabe da minha saga com esse livro, e sabe que ele ficou bem aquém do que eu esperava, figurando assim, na lista de decepções de 2019.
  Eu sei de toda a importância que o livro tem e reconheço que é uma aventura bacana, mas eu esperava mais, beeem mais.
  A verdade é que não sei explicar exatamente o que me desagradou nesse livro, cheguei a pensar que foi a narrativa meio infantil, mas não acho que seja o caso, eu sabia se tratar de um livro escrito para crianças, não fui pego de surpresa. E Nárnia tem uma narrativa bem mais infantilizada e não tive problema com ele, mesmo sendo pego de surpresa.
  Cheguei a pensar que fosse o andamento episódico da história, mas também não acho que seja o caso, já que diversos livros são episódicos, alguns de forma até mais acentuada, e não me incomodam por isso.
  Pensei que talvez fosse a construção dos personagens, mas isso é ridículo, os personagens são muito bem construídos (pelo menos Bilbo e Gandalf, o resto, a bem da verdade, não têm grande importância), inclusive gostei muito da personalidade do Bilbo (e super me identifiquei com sua ânsia de ficar em casa e comer bem), e achei várias passagens com Gandalf divertidíssimas, inclusive suas entradas e saídas à lá Mestre dos Magos.
  Devo admitir também que o livro cresceu bastante depois da leitura, mas ele está bem longe de alcançar os patamares épicos que eu esperava, considerando tanta estima que vejo ser dispensada à ele.
  Em suma, não acho que o problema seja realmente o livro, talvez o momento da vida em que o li, e com certeza o excesso de expectativas prejudicaram minha experiência, ele também ficará na pilha de releituras... para algum dia, em um futuro bem distante.
  Admito também que meu maior interesse de ingressar na Terra Média foi para pegar eventuais referências na saga da Torre Negra, afinal Stephen King fala para quem quiser ouvir que seu universo fantástico é uma mistura de Terra Média com Velho Oeste (que, inclusive, adoro), mas quando eu fizer a postagem para o próximo livro da saga eu falo sobre isso, se eu lembrar...
  Enfim... não sou eu que vou dizer que esse livro não merece a fama que possui, mas sou eu que vou dizer o óbvio: não é porque o livro é amado por muitos que será amado por você.

Foto -Sir John Ronald Reuel Tolkien

sábado, 20 de junho de 2020

[Opinião] David Copperfield - Charles Dickens #284

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Editora: Cosac Naify

N° de Páginas: 1312

Quote:
"Poderia eu dizer que o seu rosto se foi - mudado como tenho razão para lembrar, morto como sei que está - se ele volta a surgir diante de mim neste instante, tão nítido como qualquer rosto que eu possa escolher olhar numa rua cheia de gente?"
Sinopse:
  Um dos pilares da literatura ocidental moderna, Charles Dickens é até hoje fonte de inspiração para muitos escritores. Seu gênio foi admirado por Tolstói, Marx, Joyce, Kafka, Henry James, Nabokov, Orwell, Cortázar, entre muitos outros. Semi-autobiográfico, David Copperfield foi publicado em forma de folhetim entre 1849 e 1850. O autor afirma, no prefácio do livro, que, entre os inúmeros romances que publicou, este era seu filho predileto. A edição inclui textos críticos de Jerome H. Buckley, Sandra Guardini Vasconcelos e Virginia Woolf. Tradução de José Rubens Siqueira.
Opinião:
  Nada que eu seja capaz de falar vai poder passar próximo de tantos sentimentos, sensações e acalento que esse livro me proporcionou, e provavelmente não serei o único que você verá falando isso.
  Foi uma extensa jornada? Foi, e como... foram três anos de leitura. Você talvez se espante, mas foram três anos em que estive muito bem acompanhado, obrigado! E óbvio que não li ele direto, me limitava a um ou dois capítulo por mês, no final de novembro faltavam cerca de 400 páginas, ainda, mas resolvi terminá-lo.
  Por volta de 2013 ou 2014 eu li uma versão adaptada dessa história, onde ele condensaram a vida do David em menos de 400 páginas, ou seja já conhecia alguns rumos da história. O personagem Steerforth, por exemplo, nunca tinha tido "o prazer" de conhecer, mas o detestei logo de cara, por maior que fosse a amizade e devoção do protagonista por ele eu só sentia vontade de socar o cara sempre que ele aparecia.
  Me lembrava vividamente de quão insuportável era a Dora e quão odiosos eram Uriah Hepp (só de mencionar o nome me dá náuseas) e os irmãos Murdstone, mas eu não imaginava que a história completa era ainda pior.
  Na realidade quando Uriah apareceu pela primeira vez eu fiquei com os pés atrás com ele, ele parecia muito polido e humilde (como ele mesmo diz, exaustivamente), mas acredito que por ter ficado com asco dele guardado em meu subconsciente pelo que ele faria depois (e eu já não lembrava) estava me avisando para não confiar nele. Fato é que ele será o grande vilão do livro, e, usando as palavras de Tati Feltrin, é uma das criaturas mais xexelentas de toda a literatura.
  Enfim, do que trata a história todo mundo sabe, certo? Não vou aqui me ater a isso.
  Como disse no começo não há nada que eu seja capaz de falar que faça jus a quão incrível é esse livro. Adoraria fazer uma postagem a altura dessa obra, enaltecendo-a o tanto que ela merece... mas não sou capaz...
  A única coisa que posso dizer é, leiam. Ele se tornou o meu livro favorito, e nunca vi alguém que tenha lido e não tenha gostado.
  A Michelly (canal dela aqui) tem um clube onde ela fala com propriedade e capacidade sobre alguns grandes livros, e em algum momento desse ano ela vai ler essa coisa maravilhosa, super indicio que participem.

Foto -Charles John Huffam Dickens

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Adeus Zafón

Foto -Carlos Ruiz Zafón

  Faleceu hoje, em Los Angeles, o escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón. Autor de livros de sucesso ao redor do mundo, como a série O Cemitério dos Livros Esquecidos e Marina.
  O autor tinha 55 anos e foi vitimado pelo câncer.

"Nos deixou um dos melhores romancistas contemporâneos, mas seguirá muito vivo entre todos nós por meio de seus livros"  [[Editora Planeta]]

  Nesse mês a Duda Menezes ( canal book adict) inicia um projeto de leitura da obra do autor.


terça-feira, 16 de junho de 2020

[O Julgamento] Milagres

Deus no Banco dos Réus                                                         Foto -Clive Staples Lewis

 Já tem mais de 8 meses que postei o primeiro texto desse... projeto? Acho que posso chamar assim. Você pode conferir clicando aqui.
  Fato é que o primeiro texto desse livro ficou bem aquém do que eu esperava, o que me desmotivou um tiquinho, mas confio muito no autor, então resolvi que já era hora de retomar (até porque se for fazer uma postagem a cada 8 meses esse projeto vai durar para sempre, vou tentar ser mais ativo nisso aqui)
  Aqui temos um texto mais longo, com toda a maravilhosa eloquência de professor universitário que Lewis possui, onde ele vai falar sobre, como diz o título, milagres.
  É muito bom como ele expõe e refuta os principais argumentos que antagonizam a crença em milagres. Por exemplo: O argumento de que a ignorância das leis da natureza faz com que coisas que podem ser explicadas pareçam milagres, quando na verdade a ignorância das leis da natureza faria com que não pensássemos que algo está além dela, não sei me expressar tão bem quanto o autor, mas acho que deu pra entender.
  Ele também categoriza os milagres, uma dessas categorias, algo que eu nunca tinha me tocado, é que todos os milagres descritos na Bíblia são apenas Deus fazendo algo que ele sempre fez ou que irá fazer. Pegando o primeiro milagre de Jesus, transformação de água em vinho: todo ano as videiras pegam água da terra com as raízes, levam até os ramos e enchem as uvas, essas uvas são amassadas e da fermentação surge o vinho, e quem projetou tudo isso? E a ressurreição (de Lázaro ou do garoto lá da história de Eliseu), a Bíblia deixa claro que haverá uma ressurreição em massa quando tudo isso terminar.


"Conheci uma única pessoa  durante toda a minha vida que alegou ter visto um fantasma. Foi uma mulher, e o interessante é que ela não acreditava na imortalidade da alma antes de ver o fantasma e continuou não acreditando depois de vê-lo. Ela achava que tinha sido uma alucinação. Em outras palavras, não é preciso ver para crer. [...] A experiência prova isto, aquilo ou nada - de acordo com as pressuposições que trazemos a ela."


sábado, 13 de junho de 2020

[Opinião] Rua Aribau - Alice Sant' Anna(org.) #283

Editora: TAG: Experiências Literárias

N° de Páginas: 80

Quote:
"Você pode querer crer
Que se aqui o abandono
Locupletou-se no nada encarnado nesse menino"

Sinopse:
  "Rua Aribau" é uma coletânea inédita de poemas organizada por Alice Sant'Anna, uma das curadoras da TAG de 2018. Foram selecionados 15 poemas de autoras brasileiras contemporâneas que envolvem temas como adaptação, viagem, decadência, solidão e inadequação, presentes no romance "Nada", escrito pela espanhola Carmen Laforet e indicado por Alice em novembro. Além dos textos, o livro é composto por ilustrações exclusivas que dialogam com os poemas, formando, assim, um diálogo literário plural entre artistas de todo o país.
Opinião:
  Já é de conhecimento geral que eu não sou um grande amante de poesia, certo? 
  Também é sabido por todos que não sou bom em escrever sobre poesia.
  Por que raios decidi vir aqui comentar sobre esse livro? De forma breve e deselegante: porque eu quis.
  Temos aqui quinze poemas e quinze ilustrações feitas por artistas brasileiras contemporâneas, os poemas tem como ponto central, basicamente, viagens e decadência, alguns passeiam por outros temas, mas esses são os principais.
  O livro foi enviado como mimo do mês de... setembro de 2018, eu acho, para ser um complemento da leitura do livro do mês, Nada, de Carmen Laforet, eu li Nada? Não! Mas li esse livro por ser curtinho e bem bonitinho, graficamente falando.
  O meu texto favorito foi, de longe o Você Chorou em Bruxelas, que nem sei se posso dizer que é realmente um poema, ele é meio que um relato mesmo.
  Enfim, a edição do livro é a coisinha mais foda também, a parte vermelha da capa é uma capa normal, com lombada e tals, a parte amarela é por baixo, e já é meio que o corpo do livro e tem a lombada exposta.
  Eu curti a leitura e pretendo lê-o novamente quando terminar o livro da Carmen, o que será em algum momento de 2020.

terça-feira, 9 de junho de 2020

[Opinião] O Deus Presente - D. A. Carson #282

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Editora: Fiel

N° de Páginas: 317

Quote:
"Outros livros, é claro, você quer ler mais de uma vez. São livros nos quais você pode até meditar, talvez pela qualidade da prosa ou do brilhantismo das descrições e caracterizações. Você pode ler esse tipo de livro uma vez por causa do enredo e lê-lo outra vez pelo prazer de todos os outros detalhes. Todo bom autor de narrativa escreve de um modo que aspectos adicionais são descobertos quando o livro é relido."
Sinopse:
  Você realmente sabe do que a Bíblia fala?
  A maioria das pessoas - até muitos cristãos - não têm um conhecimento básico e prático da Bíblia. Como podemos entender o plano de Deus - e nossa parte nele - quando não estamos familiarizados com ela? Nesta introdução básica à fé cristã, D. A. Carson nos conduz através da grande história da Escritura, para ajudar-nos a saber o que cremos e porque cremos nisso.
  Se você não sabe nada sobre o que a Bíblia diz, o livro que agora está em suas mãos é para você.
  Se você se tornou recentemente interessado em Deus, ou na Bíblia, ou em Jesus, mas, acha que grande quantidade do material sobre o assunto é complicada e não sabe por onde começar, esse livro é para você.
  Se você tem frequentado uma igreja cristã por muitos anos, mas chegou à conclusão de que realmente precisa saber mais, este livro é para você.
  Se você tem algumas passagens da Bíblia guardadas em sua mente, mas tem dificuldade para relacionar os diversos livros da Bíblia e entender a sua unidade, este livro é para você.
  Se, em sua experiência, a Bíblia contém milhares de informações, mas você não sabe como ela revela a Deus ou lhe apresenta Jesus de um modo totalmente humilhante e transformador, este livro é para você.

Opinião:
  Minha primeira impressão foi que o livro era demasiadamente elementar... afinal ele começa explicando o que é a Bíblia, como ela é formada e dividida, coisa que é sim interessante mas que para cristãos já formados pode ser um tanto desnecessário por ser algo bem básico, mas aí entra a genialidade do autor. 
  Ele começa com o básico, e então ele começa a dissecar a Bíblia desde Gênesis até Apocalipse, mostrando ligações e relacionando um versículo ao outro, mostrando todas as analogias e explicando de que forma aquele versículo aponta para Jesus, que é o tema central das escrituras, assim como é dito em algum lugar que agora eu não me lembro (sou péssimo com referências) "o que veio antes eram meras sombras do que haveria de vir".
  O autor tem uma narrativa bem simples mas nada superficial, ele não tem nenhum tom doutrinador, ele expõe os fatos, simples assim! 
  Sem dúvida foi uma agradabilíssima surpresa e é um livro que, nesse momento, estou me coçando de vontade de reler. Assim como despertou minha vontade de ler tudo o que o autor já escreveu.
  Um livro fenomenal, perfeito para quem é recém-convertido e também para os "velhos de estrada", até para os que nem cristãos são, mas tem curiosidade de entender no que se baseia a fé cristã.
Foto -D. A. Carson

sábado, 6 de junho de 2020

[Opinião] Altos Voos e Quedas Livres - Julian Barnes #281

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Editora: Rocco
N° de Páginas: 128

Quote:
"Há dois tipos básicos de solidão: a que resulta de não se ter encontrado alguém para amar. E o que resulta de ter sido privado da única pessoa que amou."

Sinopse:
  Em seu mais recente livro, o prestigiado autor inglês Julian Barnes parte dos primórdios do balonismo - tendo como ponto de partida as histórias do coronel inglês Fred Burnaby, da atriz francesa Sarah Bernhardt e do fotógrafo Félix Nadar - para chegar a um testemunho contundente sobre o luto. Vencedor do Booker Prize por O Sentido de Um Fim, também publicado pela Rocco, o autor apresenta, em Altos Voos e Quedas Livres, um comovente relato sobre a dor que se seguiu à morte de sua mulher, em 2008, e mistura, com sua prosa elegante, ensaio, ficção histórica e autobiografia.
Opinião:
  Depois que li o incrível O Sentido de Um Fim fiquei curioso para conhecer outras obras do autor, e quando encontrei este disponível para troca no Skoob não pensei duas vezes.
  Apesar de ser bem curtinho o livro consegue trazer não apenas uma, mas três histórias, aparentemente sem ligação, a primeira vista. No começo acompanhamos a história de um cara (vou chamar todos de "um cara" ou "uma mulher" porque não me lembro do nome deles, e pra ser bem sincero não fiz questão de pesquisar pra lembrar melhor) apaixonado por fotografia, na época da popularização, se é que posso chamar assim, do balonismo, quando a humanidade começou a voar.
  Na segunda história acompanhar um romance (chaaaato) entre uma atriz e um cara, que nem lembro se é ou não o mesmo cara da primeira história, mas ele mexe com balonismo também, inclusive essa segunda história traz muita informação sobre o assunto, e os personagens discutem sobre o "futuro da aviação estar ou não nas máquinas mais pesadas que o ar", da mesma forma que a primeira história fala bastante de fotografia.
  Na terceira história temos mais um desabafo do autor, esse livro foi escrito pouco depois de ele perder a esposa, então essa terceira parte vai falar principalmente sobre luto, e é a parte mais sentimental do livro.
  Apesar de interessante, o livro me cansou, eu custei perceber a mudança de narrativa, ficava só pensando "de onde raios esse povo saiu?" e já estava desanimado com a leitura antes de chegar na terceira parte, que apesar de reconhecer a beleza e sensibilidade, além de toda emoção nela presente... eu só queria que terminasse. Nunca um livro tão curto me cansou tanto.
  Ele é bastante instrutivo, isso é inegável, e eu adoraria dizer que tive empatia pelo autor para ler todos os sentimentos que ele expôs no livro por não ter conseguido expressar aos seus parentes próximos. Compreendo a dor dele, mas se o livro fosse só a terceira parte, ou a primeira e a terceira (para justificar a fotografia e o balonismo) acho que ele seria bem melhor.
  Sei que a segunda parte, com o romance e tudo mais (sem comentários sobre as cachorragens do cidadão) tem seu peso afinal, é sobre a perda da pessoa amada que será tratado adiante mas, sinceramente... não curti.
  Como sempre eu acho que vocês deveriam, sim, ler (sei que desanimei, mas sua experiência pode ser diferente,né?) e tirar suas próprias conclusões. Não me desfiz do livro porque pretendo dar mais uma chance em algum momento, em um futuro não próximo.
Porque eu sou bonzinho

terça-feira, 2 de junho de 2020

[Opinião] Olhos D'Água - Conceição Evarsito #280

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Editora: Pallas

N° de Páginas: 116

Quote:
"Raios de luz agrediam o asfalto. Mistérios coloridos, cacos de vidro – lixo talvez – brilhavam no chão"

Sinopse:
  Em Olhos D'Água Conceição Evaristo ajusta o foco do seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem.
  Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. ou se
Opinião:
  Então... confesso estar com medo de falar sobre esse livro.
  Fato é que o tal do "politicamente correto" tem nos escravizado, então no que diz respeito a este livro corremos alguns riscos: primeiro não ler e ser considerado racista por não buscar conhecimento sobre o assunto sendo esse um livro com forte apelo às mazelas sofridas pelas vítimas de preconceito e racismo. Segundo é ler e não ser profundamente tocado e sensibilizado e ser taxado de racista insensível. Terceiro é achar que ele não faz um grande serviço à comunidade negra por reforçar esteriótipos e ser acusado de querer falar onde não tenho direito a voz por não fazer parte da comunidade e não entender o que a autora quis passar, sendo assim se algum militante político for ler isso, peço a gentileza e civilidade de levar em conta que estou falando do livro e do que eu achei, se não entendo os dilemas enfrentados ou se estou falando asneiras, simplesmente ignore e vá ler alguma coisa mais de acordo com o seu modo de pensar, se eu for ofensivo, me desculpe, e se você não suporta uma opinião diferente da sua acredito que o problema não seja comigo.
  Preparado o caminho devidamente vamos ao livro...
  Aqui temos uma série de contos curtos, em sua totalidade, pode-se dizer, tratando da condição da mulher negra, o que pode ser um super mega power empoderamento, o que já me faz pensar "lá vem militância", felizmente isso não acontece, pelo menos não no nível que eu temia.
  O maior problema é que vejo o livro como que reforçando os preconceitos ao invés de combatendo, ao invés de falar de negros marginalizados injustamente quase todos os contos tratam de pessoas à margem da sociedade em grande parte por escolha, temos criminosos, mulheres violentadas que insistem em continuar com os agressores... esse tipo de coisa.
  A escrita da autora é sim muito envolvente e bacana, mas isso não muda o fato de que se a intenção do livro era quebrar preconceitos, ela foi muito mal sucedida.
  Claro que temos muitos choques de realidade também, pessoas determinadas e lutadoras, mas quase sempre com as armas erradas, o desrespeito pelas autoridades e pelo diferente está no mesmo nível, se não maior, do que o racismo na maioria dos casos apresentados.
  Não acho que isso justifique o racismo de forma nenhuma, acho que o pior comportamento possível que uma pessoa pode ter é julgar o outro baseado em aparência e cor. Mas as personagens da autora, aqui, não tem a vida difícil por serem negras, talvez isso dificulte um pouco, é verdade, mas o principal é pela vida que escolheram levar. E não adianta vir com "Ah, mas eles não tiveram escolha!" Sempre pode-se escolher não virar bandido, e de todos os contos acho que poucos estavam verdadeiramente sem opção melhor.
  Apesar do que parece, eu gostei do livro, e mesmo com personagens tão complicados, a autora faz com que simpatizemos com eles (pelo menos boa parte deles). O livro peca pelo seu teor militante que ao invés de dizer "Nós somos iguais, pare de me tratar diferente", ou mesmo "Sou diferente, respeite minha diferença" como deveria, ele diz "Sou diferente, e isso me dá o direito de agir como bem quiser e exigir um respeito que eu mesmo não me dou".
  Enfim, acho que é um livro válido sim, mas não é, nem de longe, a melhor coisa para promover a consciência negra.


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