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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

[PLMC] Sebastopol no mês de Dezembro - Liev Tolstói


  Acho que o lugar mais fácil de encontrar essa história é na edição de Contos completos do autor que a Companhia das Letras lançou, ou se você foi esperto como eu e comprou aquela caixinha coisa mais linda da Cosac, lá.




"A aurora mal começa a tingir o horizonte acima do monte Sapun; a superfície azul-escura do mar já se desvencilhou da escuridão da noite e espera o primeiro raio de sol para erguer seu brilho alegre; o ar frio e nevoento sopra da enseada; não há neve - tudo está negro, mas a friagem cortante da manhã agarra no rosto, estala debaixo dos pés e só o longínquo e incessante rumor do mar, de quando em quando interrompido pelos tiros de canhão retumbantes em Sebastopol, perturba o silêncio da manhã. Nas embarcações, a ampulheta marca oito horas.
Sebastopol
 

  É assim que começa o primeiro dos chamados Contos de Sebastopol, que foi uma das coisas mais lindas que li esse ano. Talvez seja estranho falar isso, já que aqui o autor vai nos colocar no meio da guerra, e veremos pessoas mutiladas e morrendo, mas é justamente pela palavra "veremos" que esse conto é tão incrível, o narrador te conduz, você se sente como se realmente estivesse em Sebastopol vendo tudo aquilo, a escrita é cheia de emoção e sentimos uma empatia absurda pelos personagens que acabaram de aparecer e não são nem apresentados direito, o autor fez um trabalho sem igual ao inserir o leitor no ambiente, narrando tudo de forma incrivelmente visual, descrevendo os sons e expressões dos demais, colocando tudo na segunda pessoa: "você sente, você vê, você ouve" e realmente sentimos ouvimos e vemos tudo o que ele diz, foi uma experiência única acompanhar essa história e ver como o ser humano se acostuma a absolutamente tudo, vendo os companheiros morrerem e já estarem tão engessados pela guerra que já não sentem o pesar, ver mutilados exultantes porque fizeram sua parte e poderão voltar para casa com honra, sabendo que perder um braço é ter sorte no meio em que estão.

"De repente um estrondo tremendo, que abala não só os órgãos auditivos, mas todo o seu ser, o espanta de tal forma modo que você estremece no corpo inteiro. Em seguida você ouve o zunido de um obus que se afasta, e uma densa fumaça de pólvora obscurece você, a plataforma e os vultos negros dos marinheiros que se movimentavam ali. Por causa desse nosso disparo, você ouvirá diversos comentários dos marinheiros e verá a animação deles e a demonstração de um sentimento que talvez você não esperasse encontrar - o sentimento de ódio, de vingança contra o inimigo, que se oculta na alma de todos."
  Provavelmente uma das coisas mais incríveis que li esse ano, nem tanto pela história, que é também muito boa, mas principalmente pelo cuidado e maestria com o qual o autor contou, cheio de emoção e... ne se, é simplesmente fenomenal.

domingo, 14 de janeiro de 2018

[Opinião] Uma Confissão - Liev Tolstói #225

Compre pela Amazon e ajude a manter o blog
Editora: Mundo Cristão

N° de Páginas: 127

Quote:

Mas nisso olhei para mim mesmo, para aquilo que se passava dentro de mim; e lembrei todas as centenas de vezes em que o abatimento e a animação se sucederam em meu íntimo. Lembrei que eu só vivia quando acreditava em Deus. Como era antes, assim é agora, e disse a mim mesmo: basta conhecer Deus para que eu viva; basta esquecer, não acreditar em Deus, que começo a morrer."

Sinopse:
  Uma Confissão registra a intensa crise de fé de Tolstói quando, em 1879, já tendo escrito duas das mais aclamadas obras da literatura universal, Guerra e Paz e Anna Kariênina, ele se questiona sobre o sentido da vida e é confrontado com sentimentos suicidas.
  A narrativa de sua crise e a busca por respostas estão apresentadas, de maneira autêntica e não menos comovente, em tradução exemplar de Rubens Figueiredo.

Opinião:
  Para a lista de livros curtos de forte impacto temos, Uma Confissão.
  Como diz a sinopse, aqui Tolstói vai nos contar sobre uma época de sua vida, quando depois de ganhar fama e razoável fortuna ele passa a se ver como inútil, não exatamente a si mesmo, ele se vê como um bom embromador arrogante e começa a achar que a vida não faz sentido.
  A partir dessa conclusão, Tolstói começa a procurar em sábios filósofos e figuras reconhecidas de forma atemporal por sua sabedoria, e se baseia principalmente em três pensadores, Kant, Schopenhauer e Salomão (sim, Salomão, filho de Davi) e essas três pessoas o fizeram perceber que, realmente, a vida não tem sentido por si só, nas palavras de Salomão: "Nada se aproveita de todo o seu trabalho debaixo do sol [...] Tudo é vaidade e correr atrás do vento."
  Mas ele percebe algo diferente em Salomão, viu que toda a riqueza e sabedoria do rei não deram sentido nem satisfação a ele, mas algo fazia com que ele tivesse vontade de viver, algo dava sentido a sua existência.
  Ele então começa a relembrar seus tempos de juventude, da infância, onde tinha o costume de falar com Deus, um Deus com com o passar dos anos e o acúmulo de conquistas e sucessos deixou de ser uma verdade para o autor. Ele então se lança em uma busca para reencontrar esse amor perdido, encontrar algo que dê sentido a sua existência.
  Como eu disse é um livro curtinho mas que dá uma bela sacudida em quem o ler. Além do problema da depressão do autor, dos instintos suicidas e a questão do vazio interior, o livro trata também do grande problema que a religião se tornou. A palavra religião vem do latim "religare" que seria a religação do homem com Deus, mas a muito ela perdeu seu sentido. Um dos pontos apresentados pelo autor é a total discordância entre o que se fala e o que se faz nos centros religiosos.
  Como alguém de dentro, que cresceu no contexto de igreja, sei muito bem que há muito joio no meio do trigo, e muitas vezes os pacientes mais doentes do hospital se acham mais puros dos que os sãos do lado de fora, e muitas vezes faço parte desse grupo, no final da postagem vou deixar um vídeo que me deu uns tapas na cara, mais ou menos como esse livro fez.
   Enfim, é um livro forte, que mostra que muitas vezes quem deveria refletir Jesus no mundo não o faz, e nem imagina o estrago que essa omissão causa.
  Ah! Mas se você achou o livro tudo isso por que tirou uma estrela na avaliação? Então, o livro tem um altíssimo teor depressivo e desesperançoso na maior parte dele, felizmente ele é curto e uma ofuscante luz de esperança brilha no final... mas o difícil é suportar o sofrimento pungente e a desesperança que escorre das páginas.





quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Lidos em Novembro de 2017

  Oi povo,
  Como estou meio assim com as opiniões acho que nada mais justo que fazer, pelo menos, um post com as leituras do mês, certo? E como eu li muito mais quadrinhos do que livros vou começar com eles.
  O primeiro quadrinho que li em novembro foi o primeiro volume da nova coleção Tex Gold da Salvat e com ele já decidi que vou fazer a coleção completa, falirei? Falirei, mas falirei feliz, infelizmente já perdi o segundo volume ¬¬' (aceito presentes) e depois de ler outras coisas percebi que essa foi a história mais sem graça que li do personagem, ou seja, meu amor só aumenta. Fiz um enquadrando usando esse encadernado como desculpa, mas na verdade falei bem pouco da história em si, falei mais sobre o personagem.

  Depois descobri meu verdadeiro amor, outro quadrinho italiano, mas dessa vez ao invés de faroeste temos uma história de suspense investigativo, ou melhor, duas histórias, a Mythos possui essa publicação bimestral onde ela lança duas histórias da Julia, uma criminóloga. Nessa edição temos Os Bastidores, uma história onde o diretor é encontrado morto no set de filmagem de um filme e A Oportunidade, uma senhora história sobre um cara que acaba com uma maleta que alguns criminosos estão atrás, ele se aproveita disso para arrancar dinheiro dos criminosos e meio que fazer tudo que sempre quis fazer e nunca pôde, mas talvez não seja uma ideia muito boa manter a dita maleta por perto.

  Quando fui na banca pegar o segundo volume da coleção da Salvat já não o encontrei, já tinha chegado o número 3, enfim, peguei ele, já tinha perdido o segundo não ia perder também o terceiro, certo? e gente, que volume, até agora é minha história favorita do texano, e com larga vantagem para o segundo colocado, tá que não li lá muita cosa ainda, mas mesmo assim, a história se passa na Argentina, onde Tex e seu filho vão resolver alguns problemas e impedir que estoure uma guerra entre o exército e os índios, a história é ótima, a arte é incrível, só amor por esse encadernado.

  Quando comprei o terceiro volume na baca um senhor me perguntou se eu gostava de Tex, eu disse que o que eu li eu gostei, ele me convidou para a ir a casa dele dar uma olhada na sua coleção de cerca de 700 (!?) revistas, claro que fui, e fiquei babando, quando cheguei lá ele tinha duas pilhas em cima da mesa e disse que eram as repetidas, quase 60 (*o*) e perguntou se eu queria, obviamente disse que sim, grande maioria era Tex, um pouquinho de Zagor, Julia e Mágico Vento, o qual falaremos melhor adiante, talvez eu faça um "Novos Livros Velhos" pra mostrar tudo que eu trouxe de lá, mas enfim, dentre tudo isso tinha alguns volumes (incluindo o primeiro) de Tex Edição em Cores, que é a publicação em cores das histórias do personagem em ordem cronológica (x.x) e o mais legal é que no começo ao invés de ser um ranger Tex era um famoso criminoso muito procurado, ele era um verdadeiro anti-herói, fazia justiça com as próprias mãos e isso não costumava agradar a polícia, na verdade não fazia nada muito diferente do que faz hoje, mas enfim... e o bacana é que as histórias eram contínuas, não eram apenas arcos fechados, um arco emendava no outro e assim ia.

  Como disse tinha umas do Zagor lá também, e fui todo empolgado conhecer o personagem, já que de Tex e Julia eu já tinha ficado devoto, mas me decepcionei um tantinho, também é velho oeste, também tem índios, mas não sei, falta algo, essa, em questão, é um história bem marromeno, é bem humorada e até interessante, mas sei lá, não fui muito com a cara do personagem.


  Também falei de um tal de Mágico Vento, certo? Pois bem, pela capa e pelo nome eu já imaginei que se tratava de, adivinha? Índios e faroeste, mas também vi que tinha um toque fantasioso, peguei um pra ver o que eu achava e MEUS AMIGOS, isso sim, é a melhor coisa que a Bonelli Comics poderia ter feito, o primeiro que li é uma história fechada, onde ao levar os cavalos da aldeia para uma ilhota no rio a tribo, e os cavalos, são atacados por algo e descobrem que existe um monstro no rio, de onde veio esse monstro? É simplesmente obra de, trazendo ao nosso linguajar, certo anjo caído, Mágico Vento, nosso protagonista, consegue adentrar em uma caverna no fundo do rio onde encontra o ninho do monstro e enfrenta o tal espírito mal com a ajuda do Grande Espírito, mas também descobre, olha só, que o monstro que devorava cavalos e homens como se fossem aperitivos era um filhote, o segundo volume que li é o meio de uma história, então nem vou comentar muito sobre, é uma história de guerra, profecias e força da união. o terceiro é também uma história fechada onde um camarada de Mágico Vento cuja aparência justifica seu apelido de Poe conta para uma mulher com síndrome do pânico uma vez que Mágico Vento ajudou uma outra jovem com a mesma doença a fugir de um certo monstro, acho que foi a história que eu mais gostei. (Ah, organizei errado as fotos, na verdade li a do monstrengo e da moça por segundo e a da guerra e profecia por último) Mágico Vento, infelizmente, não está mais em publicação, mas a Mythos lançou um encadernado de luxo com as primeiras edições (QUERO!!!) e, queira Deus, vai lançar outros até completar a história.

Livros

   Comecei Novembro terminando Quando os Anjos Silenciaram, do Max Lucado. Apesar da capa lembrar dos Weeping Angels de Doctor Who o livro não tem nada a ver com isso, na verdade o autor analisa a última semana de Cristo antes da crucificação, mostrando cada evento e o que cada um deles representou em um nível mais profundo, não se tornou meu favorito do autor, Gente Como a Gente ainda ocupa o primeiro lugar no pódio, mas esse também é maravilhoso, e deveria ter sido melhor revisado ¬¬'.

  Vi um vídeo do Jonas Madureira onde ele faz um paralelo entre a obra de Dostoiévski com a vida de Cristo e do cristão, e lá ele recomenda esse livro Poder Através da Oração, do E.M. Bounds e ainda falou onde encontrá-lo, a editora disponibiliza o e-book para download gratuitamente (site da editora). É um livro que, apesar de curto, dá várias sacudidas em nós, nos coloca contra a parede e mostra o quanto estamos longe da excelência.

  Pra encerrar o mês li Uma Confissão, do Tolstói. Outro livro forte, que expõe uma realidade que muitos de nós ignoramos, a busca pelo sentido da vida, pela razão de estarmos aqui e a constatação de quão vazia e sem sentido pode ser a fama.

  Enfim, contando os três livros e os oito quadrinhos que li, foi um ótimo mês, ainda mais se considerarmos que só não curti um dos quadrinhos e todos os livros foram de quatro estrelas pra cima. E voc~es, o que leram em novembro?

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Aquisições #14 [Me recuso a juntar dos meses anteriores u.u]

  Oi povo,
  Esse ano estou beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem mais controlado na compra dos livros do que ano passado, onde onde eu estava totalmente louco, ainda assim continuo comprando mais do que consigo ler, felizmente passei meses sem comprar nenhum sequer, mas tem uns perdidos, muito e-book e alguns quadrinhos, inclusive vários quadrinhos que adquiri esse mês talvez apareçam em um futuro "Novos livros velhos" por aqui, mas hoje vim mostrar apenas os livros que comprei em novembro, e uns nesse comecinho de dezembro.
   Então: foram sete livros divididos em duas compras, uma na semana da Black Friday e uma que fiz em uma viagem da qual voltei ontem, na verdade anteontem, mas só cheguei em casa ontem, enfim...
   Uma das compras da Black Friday foi Silêncio, do Shusaku Endo. livro que vi a Thais do canal Pronome Interrogativo (que chamo de "Quem?" ou "Onde?") falando a um tempo atrás e me interessei bastante porque: 1°- É japonês :p e 2°- É sobre o martírio de missionários católicos no Japão. Tem filme também, inclusive o prefácio do livro foi escrito pelo Scorsese, diretor do filme.
   Brennan Manning é outro autor que entrou para a minha lista de "Autores dos quais quero ler tudo", inclusive preciso postar uma versão atualizada dessa lista... futuramente. Enfim, dentro os livros dele que tinha lá na Amazon escolhi O Pródigo, tenho quase certeza de que é uma ficção, li Colcha de Retalhos dele, meu único ficção do autor, até o momento, e adorei, não vejo a hora de conferir esse também (pena que foi lançado por uma editora diferente dos demais :/)
   Falando em Brennan Manning comprei também O Obstinado Amor de Deus, um livro que meu pastor vive falando, fiz uma besteirinha nesse caso, deixei de comprá-lo por catorze e pouquinho na internet pra comprar por trinta e tantos na livraria (T.T). É um livro curtinho e já o li, não se tornou meu favorito do autor, mas se encaixou perfeitamente no momento que estou vivendo.
   Outro livro que estava querendo a um tempinho era Uma Confissão do Tolstói, é um livro extremamente curto e pode ser lido em uma sentada tranquilamente, apesar de ser meio tenso, o final é um alívio, porque o clima do livro praticamente inteiro é desesperador dá vontade de criar uma máquina do tempo pra voltar ao passado encontrar o autor dar um abraço nele e falar: "calma, vai passar" enquanto afagamos a cabeça dele.
 Desde que eu soube, graças ao blog da Kelly, que a Thomas Nelson iria relançar os livros do C.S. Lewis em edições especiais fiquei bobo querendo, até o momento eles lançaram 5 (Cristianismo Puro e SimplesA Abolição do HomemCartas de um Diabo a Seu Aprendiz que eu já li, mas também já passei minhas edições pra frente pra poder colecionar essas) e me disseram que tem várias surpresas para 2018 (será uma nova edição de Nárnia?) dentre os que não li estava O Peso da Glória, livro sobre o qual nunca vi ninguém comentando absolutamente nada, mas o título super me atraiu.
   Outro que eles também lançaram é Os Quatro Amores que era um dos que estava louco para ler, estou lendo a biografia do autor e lá foi dado uma esplanada de sobre o que o livro trata e fiquei mega curioso. Essas edições tem tudo o que mais amo em edições de livros: capa dura, alto relevo, corte colorido, diagramação perfeita, só faltou sobrecapa.
  E pra finalizar, comprei também Os Pássaros, do Frank Baker, também com uma edição maravilhosa, não sei muito sobre o livro, uma moça pra quem eu vendi alguns livros disse que é um livro incrível, sei que é uma coisa mais psicológica do que de ação mesmo, ansioso pra descobrir.

  Viu que bonitinho, de 7 comprados já li 2 e comecei outro (essa parte não deveria ter feito, já estou falhando com o negócio de não ler mais de 20 livros de uma vez), se tivesse feito isso a vida inteira não estaria com tanta coisa não lida aqui. E vocês? o que compraram nesse mês de ofertas tentadoras?


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

[PLMC] Memórias de Um Marcador de Pontos de Bilhar - Liev Tolstói




  O conto de hoje está no primeiro volume dos Contos Completos, naquela edição bacana da Cosac que está à beira da extinção, pelo que andei vendo.







  O conto nos é narrado por um, como diz o título, marcador de pontos de bilhar. No local de trabalho dele ele acaba conhecendo muitas histórias. E conhece também um homem peculiar, vive jogando a dinheiro, e nunca vence.

E aí começamos a jogar o dobro ou nada. Ganhei dele oitenta rublos. E o que foi que aconteceu? Passou a jogar comigo todos os dias. Esperava até não ter mais ninguém, porque, é claro, tinha vergonha de os outros verem que ele jogava com o marcador de pontos. Uma vez, por algum motivo, ficou muito irritado, já me devia sessenta rublos.


  E então acompanhamos o declínio desse personagem, vemos ele se tornar um viciado em jogo, que está a ponto de perder tudo. O desespero e a depressão que vão se apossando aos poucos do personagem.



  Antes achava que a proximidade da morte elevaria minha alma. Enganei-me. Daqui a quinze minutos, não existirei mais, porém meu modo de ver não mudou em nada. Vejo, ouço e penso da mesma forma; as mesmas estranhas inconsequências, embriaguez e leviandade nos pensamentos, tão contrárias à integridade e à lucidez que só Deus sabe por que foram dadas ao homem sonhar. Os pensamentos sobre o que virá no além-túmulo e sobre o que irão falar amanhã de minha morte na casa da tia Rtícheva se apresentam ambos com a mesma força em minha mente. Que criação incompreensível é o homem!

  É uma história muito bem contada sobre como levamos a vida de forma leviana e não damos o devido valor ao que possuímos, seja em bens ou pessoas... não que possuamos pessoas, mas vocês entenderam.
  Como muitas vezes teimamos em não mudar de atitude, mesmo que nossas ações estejam, visivelmente, nos levando para a lama. E como tudo poderia ter sido diferente com apenas uma leve mudança de pensamento, um pequena ação.



segunda-feira, 27 de junho de 2016

[PLMC] A Incursão - Liev Tolstói


  PLMC é a sigla (não sei se oficial, mas enfim) para Projeto Leia Mais Contos, idealizado pela Mell Ferraz (neste vídeo) que consiste, como o próprio nome diz, em ler mais contos.
  Vou criar uma guia para esse tipo de postagem onde vou deixar linkadas todas elas em ordem cronológica. A foto acime é apenas uma das muitas que existem no livro (na verdade do segundo volume, mas como eles funcionam todos como um só whatever) onde li o conto sobre o qual que vou falar hoje. Dadas as necessárias (ou nem tanto) explicações, vamos ao que interessa:

  Em A Incursão tive meu primeiro contato com a escrita do Tolstói, e com algum escrito russo, no geral. Acho que é meio cedo para dizer qualquer coisa com propriedade sobre o autor ou a literatura de seu país, mas sobre esse conto, que é exatamente o primeiro escrito - ou, ao menos, publicado - por ele posso dizer que me surpreendeu.
  Na história acompanhamos um cara (que como tem nome russo eu já esqueci) que está partindo para a guerra, mas ele não é exatamente um soldado, não sei explicar direito, mas ele só observa.
"O espetáculo era de fato grandioso. Para mim, como alguém que não tomava parte na batalha e não estava habituado àquilo, só uma coisa estragava a impressão geral: pareciam-me supérfluos aqueles movimentos, os entusiasmos e gritos. Sem querer, comparava aquilo a um homem que, brandindo um machado, cortasse pedaços de ar."
  A partir dessas observações ele vai compartilhando com o leitor sua opinião sobre a falta de sentido que ele vê na guerra, ele pergunta a outros personagens qual seria o verdadeiro significado dessa ânsia por lutar, tirar vidas e o verdadeiro significado de honra, coragem e dever.
"A natureza respirava beleza conciliadora e força. Como podem as pessoas viver como se não tivessem espaço neste mundo bonito, sob este céu estrelado e imensurável? Como é possível, em meio a essa natureza fascinante, persistir na alma do homem o sentimento de rancor, de vingança ou a paixão de aniquilar seus semelhantes? Parece que tudo de ruim no coração do homem deveria desaparecer em contato com a natureza - essa expressão imediata da beleza e do bem."
   Esse conto foi escrito quando Tolstói ainda era jovem e ele mesmo estava na guerra descrita (já não me lembro que guerra é, foi mal) O que mostra que mesmo estando batalhando contra os franceses para defender um pedaço de terra que não tinha porque os do perfume quererem tomar, ele via a inutilidade de tudo aquilo, a selvageria e a falta de humanidade, mais do que qualquer outra coisa, que motivava os soldados a batalharem.

  Esse é, como disse, o primeiro conto do autor, e também o primeiro da coletânea de contos completos dele lançado pela finada Cosac Naify. Esse box ainda pode ser encontrado, mas apenas na AmazonBR, e ele está com um belo desconto, considerando que o preço normal dele beira os 150 conto. Além do que logo, logo isso será raridade, então aproveita e compra ele enquanto o desconto está valendo e ainda ajuda o blog comprando através deste link.


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