O conto sobre o qual vou comentar está no livro Filho de Mil Homens, que você pode comprar clicando aqui, lembrando que sempre que comprar algo através dos links que indico você estará ajudando o blog.
Aqui conhecemos um homem que levou sua vida tranquilamente e sem muitos vínculos afetivos, os romances que teve acabaram não dando certo e ao chegar aos quarenta anos percebe que viveu apenas metade do que a vida tinha a oferecer.
Nosso protagonista, chamado Crisóstomo (referência clara ao mais famoso arcebispo de Constantinopla), vive da pesca e passa os dias lamentando não o fato de não ter esposa, mas o fato de não ter um filho. Alguém para criar e transmitir o conhecimento que a vida lhe deu.
Entre acordar e ir para o barco, sofrendo pelas oportunidades desperdiçadas e com pouca esperança que sua vida venha a ter alguma alteração.
"Depois, sentindo-se estranho mas aliviado, ouviu o mar de sempre, o vento muito ameno passando, e reparou outra vez em como o céu estava estrelado e suas traineiras saíam. Tinha de seguir para trabalhar. Levantou-se, sacudiu a areia e quase se riu. Se era verdade que se sentia um homem só com metade de tudo, também era verdade que uma parte da sua dor ficaria ali, como se de um saco se esvaziasse. A areia haveria de a fazer deslizar até o mar e o mar lavaria tudo. Acontecia assim porque, aos quarenta anos, o Crisóstomo assumiu a tristeza para reclamar a esperança."
É uma história profundamente melancólica sobre o passar do tempo e a necessidade humana de complementar sua vida com outras pessoas, uma história que mostra que nunca é tarde para corrermos atrás dos nossos sonhos.
A escrita do autor me lembrou bastante a do Alejandro Zambra, não sei se foi pelo fato de que eu esperava algo mais de ambos os autores. Confesso que gostei mais da forma do Valter conduzir a história.
Até o momento não é nada extraordinário, vou ler o restante dos contos na esperança que sejam mais impactantes.
Ei, Rudi, tudo bem?
ResponderExcluirTenho uma vontade de ler algo do Valter Hugo Mãe. Nunca tinha ouvido falar do conto tão pouco da obra em si, mas ao ouvir que esse homem, o Crisóstomo, chegou aos 40 anos e percebeu que não viveu nem a metade do que poderia me deu um frio na espinha. Meio que uma angústia, sabe?! Será que estamos vivendo tudo o que deveríamos e poderíamos? Muito bacana a resenha. Depois compartilhe mais das suas impressões sobre os demais contos.
Beijão!
Acho que não fui tão tocado por ter consciência que nunca viveremos tudo que a vida tem a oferecer, e eu vejo isso como um dos grandes encantos da mesma, sempre terá algo inédito para experimentarmos.
ExcluirVou falar dos outros contos sim, log, logo eles aparecem por aqui ;)