Editora: Cia das Letras
N° de Páginas: 577
Quote:
"Sobrevive-se à depressão através de uma fé na vida que é tão abstrata quanto qualquer sistema de crença religiosa. A depressão é a coisa mais cínica do mundo, mas é também a origem de uma espécie de crença. Suportá-la e emergir com o próprio eu é descobrir que algo pelo qual não se tinha a coragem de esperar pode até se tornar realidade."
Sinopse:
Partindo de sua própria batalha contra a depressão, Andrew Salomon constrói um retrato monumental da doença que assola os nossos tempos. O vasto amálgama de medicações disponíveis, a eficácia de tratamentos alternativos, o impacto do distúrbio nas várias populações demográficas, as implicações históricas, sociais, biológicas, químicas e médicas da depressão: nada fica de fora deste que é um dos maiores tratados já escritos sobre o tema.
No epílogo inédito à nova edição brasileira, o autor retoma seu percurso, os avanços da medicina e a trajetória dos entrevistados desde a primeira edição do livro, em 2000. Com rara humanidade, sabedoria e erudição, Solomon convida o leitor a uma jornada sem precedentes pelos meandros de um dos assuntos mais espinhosos, significativos e complexos dos nossos dias. Um livro obrigatório para todos aqueles que sofrem ou conhecem alguém que sofre de depressão.
Opinião:
Minha maior surpresa com esse livro foi ler um texto escrito por uma vítima da depressão, sobre a depressão e ele conseguir me fazer rir em vários momentos.
Claro que eu bem sei que depressão mata muita coisa na pessoa, mas o senso de humor nem sempre é uma delas.
Nesse livro o autor vai contar a sua história, ao mesmo tempo em que vai dissecar a doença da melhor forma possível, falando sobre os grupos mais suscetíveis, os diferentes tipos e como, muitas vezes, a medicina convencional não dá a devida atenção e cuidado que os acometidos pela depressão precisam.
"Quando alguém vai a um consultório dizendo que não consegue se alimentar, sente fadiga extrema ou alguma outra coisa relacionada a depressão e o médico lhe diz 'não há nada errado com você, só está deprimido' é o mesmo que ele dissesse à alguém que não consegue respirar 'não há nada de errado com você, é só um enfisema'"Transcrevi este trecho de cabeça, marquei tanta coisa nesse livro que meus post-its acabaram antes de chegar ao último quarto dele. O autor também vai tratar sobre medicação e causas da doença, desmistificando muita coisa, falando sobre o circulo vicioso onde a depressão sempre causam os sintomas, mas nem sempre quem apresenta os sintomas tem depressão ao mesmo tempo em que os sintomas podem desencadear uma depressão.
Ele vai tratar também sobre a importância da fé no tratamento da doença, mesmo que ele mesmo não seja, exatamente uma pessoa muito espiritualizada.
Ele fala como o preconceito agrava a doença, o autor é homossexual, ou bissexual, parece que nem ele se decidiu 100%, na verdade, e que todo o preconceito que sofreu por isso desencadeou alguns momentos extremamente ruins, ele fala sobre as crises que teve ao mesmo tempo que insere a história de outras pessoas acometidas pela doença, sempre em algum capítulo onde essa história vai fazer mais sentido.
Entre tantas e tantas outras coisas ele fala sobre tratamentos alternativos, perguntas, sugestões e ideias idiotas que recebe ou tem com frequência, vai falar também que, embora o suicídio seja a forma mais comum pela qual a depressão ceifa as vidas não é a única, pois uma mente doente torna o corpo doente e acarreta diversas complicações, o livro é bastante instrutivo e didático mas em momento nenhum enfadonho, nem quando ele fala sobre números ou remédios, falando inclusive que a depressão mata mais pessoas do que o câncer o álcool e o trânsito juntos.
Falando mais um pouco sobre o capítulo onde ele trata de suicídio, ele dá uma romantizada na coisa e eu entendo o porquê, mas acredito que seja um assunto por demais delicado para que ele exalte ao nível de ato heroico e de extrema coragem, esse foi o único problema que eu encontrei no livro. Como disse eu entendo o que fez ele falar dessa forma, por um tempo na minha vida eu também via isso como a melhor saída, mas diferente dele eu e apesar de toda a eloquência dele ao falar do assunto eu ainda vejo, hoje, como um ato de extremo egoísmo e fuga, claro que na grande maioria das vezes esse ato é feito por alguém que não está muito bem, ou nada bem, melhor dizendo, e essas pessoas precisam de ajuda, respeito e, o que é mais difícil, compreensão, o pior é que muitas vezes essas pessoas não sabem que precisam, não dizem que precisam ou não aceitam ajuda, por isso ainda é um assunto muito delicado e que deve ser mais conhecido para que o impacto da doença não seja agravado pela ignorância da sociedade. Neste capítulo ele também fala como participar do suicídio assistido de sua mãe colaborou para o desenvolvimento da doença nele e como o fez ver que esse é também um direito dele, quando ele achar que chegou a hora.
Sobre a edição, não há muito o que falar, encontrei alguns poucos erros na revisão, o livro não tem orelhas, mas tem uma arte de capa lindíssima, como vocês podem ver pela foto, trazendo a pintura Céu Estrelado, do Van Gogh, que é provavelmente a mais notória vítima da doença. A fonte é quase pequena demais, o espaçamento é escasso e os capítulos são imensos, apesar de tudo isso a escrita do autor é fenomenal e muito fluida.
É sem dúvida um livro muito instrutivo que todos deveriam ler, com cuidado no capítulo sobre o suicídio que pode acabar encorajando algumas pessoas, ainda tenha pensamentos intrusivos mas consigo descarta-los com facilidade, mas foi um alvoroço na minha cabeça enquanto lia este capítulo então... cuidado.
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