quinta-feira, 27 de abril de 2023

[Opinião] A Borra do Café - Mario Benedetti #508

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Editora: Alfaguara

N° de Páginas: 187

Quote:
"Sentou-se ao meu lado, na cama. 'Não tenha vergonha de chorar. Faz Bem. Elimina toxinas. Por isso nós mulheres vivemos mais do que os homens. Porque choramos mais.' Sua sabedoria me deixou pasmado. Mesmo assim, fiz as contas: o velho não chorava quase nunca e mamãe sim, e no entanto, apesar de todas as toxinas que havia eliminado, ela ia morrer antes dele."

Opinião:
  Este é um daqueles livros de conforto, tem boas pitadas de humor muito bem colocadas, pontinhas de drama... um livro curto, tem seu valor mas é despretensioso, uma delicinha!
  Carlos é um menino comum, não tem nada demais nele, vive em uma casa bacana, da janela do seu quarto ele pode acessar um galho de árvore que o leva até o quintal do seu vizinho e melhor amigo, até que um dia ele precisa se mudar, meio triste em deixar pra trás tudo o que conhece está no seu quarto se lamentando quando uma menina que ele nunca viu na vida entra pela janela, ele acha estranho mas tudo fica bem quando ela se identifica como a prima de seu melhor amigo, essa visita estranha e inesperada vai transformar a vida de Carlos fazendo-o ficar em uma eterna espera, principalmente depois que o seu amigo diz não ter nenhuma prima.
  Conforme Carlos vai crescendo ele reencontra, vez ou outra, essa personagem cativante e misteriosa. O autor usa episódios de sua própria infância e faz um livro com capítulos curtos e simpáticos, que faz com que o leitor se sinta abraçado pela história, cativado pelas personagens e aconchegado pelo livro. O título se refere a crença de ver o futuro das pessoas na borra do café, mas isso não é tão explorado no livro, serve mais para dizer que os acontecimentos, reações, encontros e desencontros da vida podem ser explicados pela forma como a pessoa viveu seu passado.
  É um convite a nostalgia e reflexão, nos faz pensar em nossas próprias aventuras e descobertas na infância e no decorrer da vida, com uma narrativa lírica que nos conduz por nossas próprias memórias. Eu diria que ele é a mistura perfeita entre Sul da Froteira, Oeste do Sol, do Haruki Murakami e O Oceano no Fim do Caminho, do Neil Gaiman, mas com muita cor acrescentada, pois a melancolia aqui é muito menor do que nos dois livros que citei.
  Uma agradabilíssima surpresa, um autor que já quero ir atrás de toda a obra.




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