domingo, 23 de abril de 2023

[Opinião] Mundo Sem Fim - Ken Follett #506

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Editora: Arqueiro

N° de Páginas: 1131

Quote:
"Nosso pai descendia de Tom Builder, o padrasto e mentor de Jack Builder, que foi o arquiteto da catedral de Kingsbridge. O pai prometeu que daria seu primogênito a Deus, mas infelizmente fui a primeira criança a nascer. Ele me deu o nome de Santa Petranilla, que era filha de São Pedro, como tenho certeza de que sabem, e rezou para que nascesse um menino em seguida. E nasceu, só que deformado. Como não queria dar a Deus um presente defeituoso, ele criou Edmund para assumir o negócio da lã. Felizmente veio outro menino em seguida, nosso irmão Anthony, bem-comportado e temente a Deus, que ingressou no mosteiro ainda pequeno, para se tornar agora, como todos nos orgulhamos de proclamar, o prior."

Opinião:
  Os Pilares da Terra foi um livro que ficou muitos anos estacionado na minha estante até eu finalmente pegá-lo para ler, e se tornou um dos favoritos do meu ano, assim sendo não quis cometer o mesmo erro com a continuação, e fico feliz em dizer que minhas expectativas aqui foram não apenas supridas, mas também superadas.
  Este livro se passa cerca de duzentos anos após a construção da Catedral de Kingsbridge, agora o priorado é grande e próspero. Conhecemos cinco crianças que depois de um ofício na catedral (onde vemos que as pessoas se aproveitam da penumbra da imponente construção para praticar todo tipo de pecado lá dentro) entrar na floresta para que um deles, Merthin, mostre suas, er... "habilidades" com o arco que ele mesmo fez. Além de Marthin esse grupo conta com seu irmão mais novo, embora maior, chamado Ralph, a pequena Gwenda e seu irmão Philemon, além de Caris. Logo temos uma cena que vai mostrar muito bem a índole de cada uma dessas personagens. Depois disso eles acabam presenciando... e contribuindo... com um assassinato, este evento vai permear tudo o que acontece no restante do livro nos muitos anos que se seguem.
  Depois de um salto temporal vemos essas mesmas crianças já crescidas, e também alguns pontos da história s repetindo, afinal, o ka é uma rosa... ah não, pera... saga errada. Mas é isso mesmo, a primeira parte do livro segue uma sucessão de eventos que podem ser ligados facilmente com os acontecimentos do livro anterior: intrigas políticas, acidentes catastróficos que exigirão o trabalho de um construtor habilidoso e anos de trabalho, a troca do prior de Kingsbridge... mas apesar de parecido os caminhos pelos quais o autor conduz torna a história distinta, além do fato de que aqui termos muito mais personagens, o que culmina em v´rias personalidades e visões de mundo diferentes, as personagens são muito mais cinzentas aqui do que no livro anterior, onde heróis e vilões eram mais definidos, não que aqui não sejam, mas vamos pegar o exemplo da Gwenda, que foi minha personagem favorita no livro, ela é uma mulher boa, mas ela não hesita em usar de artimanhas não muito morais para alcançar seus objetivos.
  Outra grande diferença deste livro para o anterior é que agora Kingsbridge tem também um convento, e as freiras são, em vários sentidos, mais importantes que os monges... e por essa causa muito conflito entre eles acontece durante a história.
  É um livro que vai falar muito sobre determinação, responsabilidade, hipocrisia e moralidade, nunca colocando isso  de forma explícita, mas com situações que levarão as personagens principais aos seus limites.
  O protagonismo fica principalmente nas 5 crianças que conhecemos no início do livro, sendo elas os mocinhos ou vilões da história, mas é inegável, infelizmente, que Caris e Merthin recebem mais atenção na narrativa, digo infelizmente porque Caris , muitas vezes, vai irritar muito o leitor, com sua forma de pensar que a faz recusar seus próprios sentimentos por não querer ficar presa a responsabilidades onde ela não viveria apenas pelo próprio umbigo, o tiro acaba saindo pela culatra, já que, a menos que queira ser um ser desprezível, como Ralph se torna, você terá que viver um pouco para os outros. Um coisa que gostei muito na forma que o autor conduziu a vida da Caris foi o fato de que ela toma suas atitudes extremamente revoltantes e deploráveis, mas a vida e o arrependimento amargam a personagem, o autor não a poupa das consequencias só por ela ser, obviamente, a protagonista.
  Como disse a Gwenda foi a minha personagem favorita, mesmo que não tenha recebido tanta atenção da narrativa quanto a chata da Caris, enquanto Caris tem um pensamento que podemos qualificar como feminista Gwenda é mais ligada na realidade, sem vitimismo ou revolta, mesmo sua vida sendo muito mais difícil do que a da amiga ela se prova uma personagem muito mais forte e capaz que a outra.
  O irmão de Gwenda, Philemon, se torna o braço direito e sombra do prior Godwyn, que é um dos principais antagonistas da história, fazendo tudo o que pode para dificultar a vida dos nossos protagonistas de um lado, enquanto Ralph os inferniza pelo outro.
  Cheio de voltas, reviravoltas, construções, destruições nascimentos e mortes o livro nos cativa em cada páginas, com personagens secundários tão maravilhoso quanto os principais, com desenvolvimento belamente feito e sem deixar nenhum ponta solta, mesmo que levem anos para se amarrarem.
  O evento inicial na floresta é trazido à tona em alguns momentos, quando o leitor está quase se esquecendo dele, até ser finalmente exposto e desvendado próximo ao final da história. É um livro fenomenal, extremamente fluido e que, assim como o seu antecessor, nos deixa em um turbilhão de acontecimentos e querendo mais... muito mais.




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