quarta-feira, 2 de agosto de 2023

[Opinião] Paraíso e Inferno - Jón Kalman Stefánsson #522

Compre pela Amazon 

Editora: Companhia das Letras

N° de Páginas: 200

Quote:
"Confiamos em ti, Senhor, que nos criaste à tua imagem, criaste os pássaros para que pudéssemos voar no céu e nos recordar da liberdade, criaste os peixes com barbatanas e caudas para que pudessem nadar nas profundezas que tememos. Todos nós podemos, é claro, aprender a nadar como Jonas, mas, Senhor, não estaríamos, então, expressando a nossa falta de fé em ti, como acreditássemos ser capazes de corrigir algo na criação? Além disso, o mar é muito frio, nenhum homem nada por muito tempo nele; não, não confiamos em ninguém, para além de ti, Senhor, e no teu filho, Jesus, que não conseguia nadar mais do que nós, nem tinha necessidade disso, apenas caminhava sobre a água."

Opinião:
  Fiquei em dúvida se realmente iria comentar sobre este livro aqui, peguei o ebook dele e da continuação (A Tristeza dos Anjos) porque quando vi me despertou uma memória... achava eu ter visto um vídeo recente da Tatiana Feltrin falando maravilhas desse livro... Depois da leitura concluída fui rever o tal vídeo do qual lembrei e percebi que ele na realidade não existe... a Tati até tem um vídeo sobre essa obra, mas muito antigo, onde ela nem fala muito bem dele... e com razão.
  Aqui vamos acompanhar um jovem protagonista que vive da pesca na gélida Islândia, esse protagonista não tem nome, mas seu melhor amigo tem, chama-se Badur, ou Baldur... alguma coisa assim, mas com aquele d cortado das línguas nórdicas... Esse amigo do protagonista é fissurado no livro Paraíso Perdido, de John Milton, tanto que tão imerso no livro acaba esquecendo seu casaco ao sair para pescar nos fiordes, o que acaba fazendo com que morra de frio, em frente a tripulação que mesmo com escassez de opções bem que poderia ter feito alguma coisa.
  A edição que Baldur estava lendo lhe foi emprestada por um velho capitão cego, e nosso protagonista então resolve devolver o livro ao seu legítimo dono e se suicidar depois disso, ele culpa o dono do livro pela morte do amigo, e até pela sua própria que ele está planejando causar. E o capitão será apenas um dos vários personagens com quem nosso protagonista sem nome irá se encontrar.
  Esses encontros do protagonista serve para que o autor nos apresente personagens, todos sem muito aprofundamento, com fashbacks formados por parágrafos e frases intermináveis... a escrita é bonita e é um ótimo livro para você retirar legendas para o instagram, raras delas parecem realmente forçadas, em sua maioria funcionam e tornam a história que beira o maçante, agradável e bela... apesar do clima super deprê do livro todo.
  A ambientação é bem feita, as descrições, também longas e em sua maioria, poéticas, são bem feitas e conseguem transmitir bem a imagem que o autor quer passar, mas o que poderia ser uma vantagem faz o livro parecer a página aberta do google imagens.
  A narrativa do livro parece se perder em alguns momentos, piorando conforme se aproxima do fim, somos apresentados a uma galeria de personagens nos cenário gélido e melancólico que só sevem para falar do cenário gélido e melancólico... a história em si não transmite um real propósito, com algum esforço você até consegue atribuir algumas reflexões a história, mas isso tem mais a ver com a determinação do leitor do que com a competência do autor.
  No vídeo que falei no começo a Tati comenta que há semelhanças entre este livro e A Desumanização, do Valter Hugo Mãe (que já li, mas não falei sobre por aqui porque achei um porre) mas a única semelhança que encontrei foi que ambos são livros melancólicos, presunçosos e cheios de frases que parecem ter sido criadas antes do livro em si... a diferença é que A Desumanização falha mais do que este na hora de encaixar essas frases...
  Apesar de tudo que falei, não considero que o livro seja de todo ruim, ele é meio incompetente, sim... mas não chega a ser uma ofensa ao leitor. Mas acho que vou ignorar os outros livros do autor.


Cresceu em Reykjavík e Keflavík. Depois de acabar os estudos escolares, trabalhou na Islândia ocidental como pescador e em outras funções.
Estudou literatura na Universidade da Islândia de 1986 a 1991, mas não terminou o curso. Durante este período deu aulas em distintas escolas e escreveu artigos para o jornal "Morgunblaðið". De 1992 a 1995, viveu em Copenhague. Regressou à Islândia para dirigir a Biblioteca Municipal de Mosfellsbær até 2000. Após isso só tem se dedicado a escrever contos e novelas.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Talvez você goste de:



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...