domingo, 3 de setembro de 2023

[Opinião] D. Pedro II: A História Não Contada - Paulo Rezzutti #531

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Editora: Leya

N° de Páginas: 514

Quote:
"A Coroa fazia sua parte. Toda a família Imperial estava unida no que dizia respeito à emancipação da mão de obra escravizada. D. Pedro assalariou os escravos da Coroa, não os libertou porque eles pertenciam ao Estado nacional, e isso podia ser interpretado como uma expropriação dos bens nacionais se não houvesse uma lei que amparasse o ato. D. Pedro, a esposa, a filha e o genro participaram e auxiliaram  financeiramente a libertação de diversos escravos com compras de alforria - no caso de d. Isabel, ela chegou a esconder alguns fugitivos."

Opinião:
  Minha ideia era ter lido as biografias dos pais desse cidadão antes, mas acabou não rolando. E o que mais me impressionou, e assombrou, durante essa leitura, foi coisas que eu nunca soube. E mais do que coisas que não nos contam na escola, são coisas que eu nunca parei para pensar e me questionar de como tinha acontecido.
  Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, ou simplesmente D. Pedro II, foi o filho caçula de D. Pedro I com D. Leopoldina, a primeira imperatriz do Brasil, que era a princesa da Áustria, já começa aí as coisas que eu não sabia, mas sobre isso falaremos quando eu for comentar sobre a biografia dela. Mesmo sendo o caçula ele acaba se tornando o príncipe herdeiro por ser o único menino, mas a irmã mas velha é a segunda na linha de sucessão, caso algo aconteça com ele antes de assumir o trono ou de dar um herdeiro para o império.
  D. Pedro I foi um homem que adotou o Brasil como sua pátria e amava essa terra como poucos nascidos aqui... mas ele não era um santo, então ele acaba perdendo um pouco o amor do povo, junte a isso uma câmara legislativa que queria o poder para si e o imperador era, na visão deles, um empecilho para isso, e uma mídia vendida e mentirosa (vê-se que em 200 anos as coisas não mudaram muito, né?). Aí chegamos a mais um fato que eu não sabia, D. Pedro I foi forçado pela pressão pública a renunciar o trono em favor do filho e sair fugido para Portugal, isso quando o filho tinha apenas cinco anos de idade.
  O povo clamava por Pedro II porque, manipulados pela oposição e os meios de comunicação, queriam um imperador nascido em solo brasileiro. Depois de D. Pedro e D. Leopoldina fugirem para Portugal e deixarem os filhos no Brasil, já que eram as princesas do Império e o então imperador, apesar de ser uma criança. Filho e pai trocavam cartas com frequência e, pelo menos assim, o pai teve bastante "contato" com os filhos. Muita treta acontece até que D. Pedro II tenha idade pra assumir o trono e começar a exercer, de fato, suas obrigações de soberano da nação... Tenha idade assim, né... Quando ele tinha 14 para 15 anos os apoiadores do império (porque já havia um pessoal querendo a república desde a época do primeiro imperador) aplicam o que ficou conhecido como "O Golpe da Maioridade" onde mexeram os pauzinhos pra diminuir a idade mínima para que se assumisse o trono, e ainda assim foi preciso mentir a idade do imperador.
  Pedro II vai se casar com Teresa Cristina, uma princesa italiana, e vai ter um início de casamento complicado, porque, no receio de que ele se tornasse um libertino pulador de cerca como o pai, ele foi criado mergulhado no puritanismo, então ele quase não sabia o que fazer com a esposa, a qual o decepcionou, inicialmente, porque não era tão bela quanto parecia pela fotografia que havia recebido, daí surgiram boatos de que o imperador seria impotente... Enfim, obstáculos são superados e eles terão quatro filhos, dois meninos e duas meninas, os meninos não vingam e logo morrem. Ficam as meninas: Leopoldina (como a avó) e Isabel, a famosa lá da Lei Áurea, que não faz nem um ano que descobri que era filha dele... é obvio, eu sei que é obvio, mas eu nunca tinha parado pra pensar na árvore genealógica da família imperial.
  Enfim, não quero falar sobre tudo aqui, mesmo que se trate da história do nosso país, então não tem como me acusarem de spoilers, né? Mas quero deixar que vários fatos sejam descobertos durante a leitura, porque esse é um daqueles poucos livros que quero recomendar a todos, sem qualquer ressalva. Não só pela história presente no livro mas também pela maestria com que o autor conduz a narrativa.
  No começo confesso que não estava morrendo de amores pela forma que o autor estava nos contando a história, era tudo em pequenos textos, com 4 ou 5 subtítulos a cada duas páginas, mas depois me toquei que isso se deve, provavelmente, por serem fatos que ele já desenvolveu mais nas biografias que escreveu sobre D. Pedro I e D. Leopoldina, depois ele desenvolve mais os assuntos e os texto passam a ser maiores. Além do que, aqui temos uma biografia bem escrita, fácil de entender e, mais importante, imparcial, o autor não passa pano para os erros do biografado, mas também não induz o leitor a garrar ranço dele, inclusive, denuncia a mídia enganosa da época.
  Simplesmente fenomenal!

Arquiteto e Urbanista formado pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo é membro titular do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Pesquisador independente e estudioso sobre a história de São Paulo, tem artigos publicados na Revista de História da Biblioteca Nacional, Revista História Viva, Revista da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais entre outras.
É autor da apresentação e notas explicativas da obra Uma Festa Brasileira Celebrada em Rouen em 1550, do brasilianista Ferdinand Denis, lançado pela Usina de Idéias em 2007.
Em 2011, publicou o livro Titília e o Demonão, pela Geração Editorial, onde revelou 94 cartas trocadas entre d. Pedro I e a Marquesa de Santos, que estavam desaparecidas a quase cento e cinqueta anos. E em 2012 lançará Domitila, a verdadeira história da marquesa de Santos de sua autoria.




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