quarta-feira, 6 de setembro de 2023

[Opinião] Cartas a uma Igreja Acanhada - Dorothy L. Sayers #532

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Editora: Thomas Nelson Brasil

N° de Páginas: 287

Quote:
"O sexto pecado capital é chamado pela igreja de acídia ou preguiça. No mundo é chamado de tolerância, mas no inferno é chamado de desespero. É cúmplice dos outros pecados e seu pior castigo. É o pecado que em nada acredita, de nada cuida, nada busca conhecer, em nada interfere, de nada gosta, nada ama, em nada vê propósito, por nada vive e permanece vivo apenas apenas porque nada há pelo que morrer. Já o conhecemos muito bem nos últimos anos. A única coisa que talvez não tenhamos reparado é que se trata de um pecado mortal."

Opinião:
  Eu soube da existência de Dorothy Sayers porque C. S. Lewis comenta sobre ela em algum lugar de algum dos livros dele, querer que eu me lembre qual já é exigir demais da minha pessoa, mas ela era não só uma conterrânea e contemporânea dele, como também uma amiga próxima... Mas só fui ver um livro dela quando a Thomas Nelson lançou O Homem que Nasceu Para ser Rei, que é uma coletânea de doze peças de teatro que se passam, de forma sequencial, durante a vida de Jesus enquanto ser humano na Terra, mas sempre pela ótica dos coadjuvantes, logo recebi esse livro em um clube de assinatura e fiz a leitura, gostei bastante do livro, apesar de não morrer de amores pelo formato que a autora escolheu.
  Quando vi que a editora estava lançando este outro livro dela já fiquei interessado, quando li o título já fiz questão de conseguir um exemplar pra chamar de meu. Neste livro ela vai trazer dezesseis "cartas" com belos puxões de orelha para os cristãos atuais, que muitas vezes se amoldam a padrão do mundo, ao invés de se transformarem pela renovação de suas mentes... foi um livro que fui lendo na maciota, em vários momentos tive vontade de aplaudir a perspicácia da autora, que há cerca de 50 anos atrás, já visualizava os problemas que hoje em dia estão tão evidentes e, ao mesmo tempo, tão mascarados.
  Por ser uma acadêmica, assim como seu já citado amigo, Lewis, Dorothy vai transbordar sabedoria em suas palavras, sem deixar que a fé seja ofuscada, muito pelo contrário, é um belo exemplo do que Jonas Madureira fala em seu Inteligência Humilhada, sobre a fé e a razão não serem antagônicas ou excludentes, mas sim complementares, como duas pernas que permitem uma caminhada saudável e equilibrada. Ela vai comentar sobre Lewis em uma ou duas cartas e a forma de ambos escreverem é até parecida, mas achei a Dorothy muito mais direta, incisiva e, ao mesmo tempo, bem humorada.
  Como são dezesseis textos sobre assuntos diferentes não tenho como falar resumidamente sobre cada um, mas em praticamente todos ela nos abre a visão sobre algum assunto e mostra um cenário mais amplo, mostrando coisas que muitas vezes não levamos em consideração, como o conceito do pecado da preguiça, que tem uma parte no trecho que destaquei no início da minha postagem, presente na "carta" chamada Os Outros Seis Pecados Capitais. Outras cartas que gostaria de destacar aqui são Alimento Sólido, sobre maturidade, de forma geral, mas em especial sobre maturidade na fé. 
  Um voto de Agradecimento a Ciro é um texto incrivelmente interessante, onde ela narra quando ela se tocou que as histórias da Bíblia não são apenas as histórias da Bíblia, mas a História com H maiúsculo, coisas que realmente aconteceram e que nos trouxeram até aqui, porque muitas vezes nós cremos na Bíblia como manual de fé e conduta e como relato espiritual, mas esquecemos desse fato, que tudo que está lá realmente aconteceu (ou ainda vai acontecer), e precisamos saber introduzir essa consciência na nossa vida.
  Os textos A Lenda de  Fausto e a Ideia do diabo e o chamado A Escrita e a Leitura da Alegoria são meio que complementares, que vão falar sobre a corrupção da cultura, a romantização do diabo e como obras de alegoria cristã, às vezes, não tem o peso necessário porque a literatura "mais fraca" já amorteceu nosso cérebro. Não necessariamente criticando as outras obras, mas criticando a incapacidade de retirar de cada história o que realmente importa.
  Um livro fenomenal, que todo cristão, em especial pastores, deveriam ler e se debruçar sobre ele. Inclusive é um bom livro para se fazer um estudo em grupo, já que no final de cada carta há uma seção com algumas perguntas para reflexão e debate.

Dorothy Leigh Sayers foi uma escritora, poetisa, dramaturga, ensaísta, tradutora e humanista cristã inglesa; ela também era uma estudante de línguas clássicas e modernas. Ela é talvez mais conhecida por seus mistérios, uma série de romances e contos, ambientados entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que apresentam Lord Peter Wimsey, um aristocrata inglês e detetive amador. A própria Sayers considerou sua tradução da Divina Comédia de Dante seu melhor trabalho.
Sayers foi educado em casa e depois na Universidade de Oxford. Isso era incomum para uma mulher na época, já que as mulheres não eram admitidas como membros titulares da universidade até 1920 - cinco anos depois de Sayers ter concluído seu diploma de primeira classe em francês medieval. Em 1916, um ano após sua formatura, Sayers publicou seu primeiro livro, que ela seguiu dois anos depois com um segundo, um volume fino intitulado Contos católicos e canções cristãs. No mesmo ano, ela foi convidada a editar e contribuir para as edições anuais da Oxford Poetry, o que ela fez nos três anos seguintes. Em 1923 ela publicou Whose Body?, um romance de mistério e assassinato apresentando o fictício Lord Peter Wimsey, e escreveu onze romances e 21 contos sobre o personagem. As histórias de Wimsey eram populares e bem-sucedidas o suficiente para Sayers deixar a agência de publicidade onde trabalhava. Ela também escreveu 11 histórias de Montague Egg e várias histórias fora da série.
No final da década de 1930, e sem explicação, Sayers parou de escrever histórias de crimes e voltou-se para peças e ensaios religiosos e para traduções. Algumas de suas peças foram transmitidas na BBC, outras no Canterbury Festival e algumas em teatros comerciais. Já em 1929 Sayers havia produzido uma adaptação – do francês medieval – do poema Tristão de Thomas da Grã-Bretanha, e em 1946 ela começou a produzir traduções de Dante, primeiro as quatro canções de Pietra e depois, a partir de 1948, as cantigas da Divina Comédia . Suas análises críticas de Dante foram populares e influentes entre os estudiosos e o público em geral.





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