segunda-feira, 8 de janeiro de 2024
domingo, 15 de outubro de 2023
[Opinião] As Vozes do Coração - Jodi Picoult #539
Editora: Verus
N° de Páginas: 392
Quote:
"Talvez eu ficasse assim se você morresse. Talvez chorasse desejando que houvesse tido um minuto extra. Talvez gastasse meu tempo e dinheiro entrando em contato com médiuns, lendo sobre o mundo espiritual, na esperança de encontrar você e ter a chance de lhe dizer coisas que não disse. Talvez eu olhasse duas vezes no reflexo dos espelhos e vitrines na esperança de ver seu rosto novamente. Talvez eu me deitasse na cama como agora, com os punhos cerrados com tamanha força, tentando me convencer de que você está em pé, em carne e osso, diante de mim. Mas, com toda a probabilidade, se você estivesse morta, eu não teria nenhuma chance. Não conseguiria dizer o que devia ter lhe dito todos os dias: que eu amo você."
Opinião:
É a primeira vez que leio um livro da Jodi Picoult que não tem um tribunal no meio, não criticando a formula da autora, mas que ela existe, existe.
Aqui vamos conhecer a história de uma família: Jane, Oliver e a filha adolescente Rebecca. Jane é a filha de um pai abusivo, e para fugir dos mais tratos deste ela sai de casa e se casa com Oliver, um oceanógrafo bem sucedido fissurado por baleias e que considera seu trabalho mais importante do que a sua família. Juntos tiveram Rebecca, que quando era uma pequena bebê e os pais brigaram, foi para o outro lado do país com a mãe. Jane e Oliver estavam em pé de guerra pela filha, entre outras coisas... Para acalmar o marido Jane coloca a filha (que se não me engano tem uns 5 anos) num avião e a manda pra casa... Mas o avião cai durante a viagem, e Rebecca é a única sobrevivente... Qual o peso disso pra história? Confesso que não muito, existe um trauma, que será revisitado, mas se toda essa coisa do avião fosse retirada da história acho que não faria lá muita diferença.
Agora, uns dez anos depois, se não me engano, Jane e Oliver brigam... De novo, em um ataque de fúria Jane estapeia o marido, o que a faz lembrar das surras que levava do pai e da briga que teve quando a filha era pequena... O que a faz entrar em contato com o irmão Joley, que vive em uma fazenda de maçãs, onde ela pretende ir se abrigar. Mas o irmão resolve fazer com que Jane faça uma viagem diferente, então combina com ela que escreverá cartas que a guiarão pelo país, revisitando lugares que, na opinião dele, ela precisa visitar. E aí começa sua jornada até chegar, enfim, na fazenda onde o irmão mora.
A autora vai dividir a voz narrativa entre os quatro personagens já mencionados, além do dono do pomar onde Joley vive. Mas essas narrativas serão bem diferentes entre si. Jane lembra muito do passado, enquanto alterna com o presente. Joley narra através das cartas que escreve para Jane, Oliver narra de uma forma opressiva, desenrolando planos mirabolantes e falando incessantemente sobre baleias. Já Rebecca começa narrando de um futuro próximo ao final da história e a cada capítulo ela retrocede, até encontrar os demais narradores.
Já conheço bem a forma da autora escrever, e gosto muito, aqui não foi diferente, é uma história muito mais simples do que as outras que já li da autora, mas ela compensa bem com essas narrativas diferentes, além de todas as subtramas que acontecem. A meu ver ela perde um pouco a mão próximo ao final, muita coisa acontece e ela acaba se perdendo um pouco.
Mas é uma história envolvente, agoniante em vários momentos e com um final um tantinho decepcionante, mas pelo conjunto da história, acredito que seja uma leitura que valha a pena.
terça-feira, 10 de outubro de 2023
[Opinião] Terra Papagalli - José Roberto Torero e Marcus Aurélio Pimenta #538
N° de Páginas: 191
Quote:
"Caso isso seja verdade, senhor conde, esses meus escritos esperam saciar, ao menos, três de vossas fomes. A primeira, e mais importante, será a fome de Deus, pois aqui tereis provas da grande bendição que cai sobre aqueles que crêem na sua força e no seu poder, armas tão necessárias como a faca e a espada para quem teve a desgraça de passar por confins tão ferozes quanto desconhecidos."
Opinião:
Há muito já ouvia falar sobre esse livro, sobre ser um livro bem humorado sobre os primeiros portugueses que chegaram no Brasil, mas nada sabia dele além disso. Acho que posso começar essa postagem comprovando essa fama.
Cosme Fernandes foi deixado no Brasil depois da primeira vinda de Cabral à essas terras, e aqui ficou, junto de vários outros "degredados" por cerca de trinta anos até que os portugueses voltaram pra se estabelecer.
Nesses trinta anos Cosme - que passou a ser conhecido como Bacharel da Cananéia, baseado em um homem que realmente existiu e que foi deixado no Brasil na época descrita, mas que muito pouco se sabe a respeito dele - faz sua vida, bem diferente da vida que conhecia em Portugal. Além de contar com muita malandragem e jogo de cintura para se estabelecer entre os povos nativos e os demais detratados.
O livro tem muita realidade misturada à comédia que os autores criaram e desenvolveram muito bem, no decorrer da narrativa vemos até os "Dez mandamentos para se viver bem na Terra dos Papagaios" que era como chamavam o Brasil na época. Mas esses mandamentos são basicamente malandragens pra se dar bem nas costas dos outros, e é meio triste ver que muita gente os segue ainda nos dias atuais (mesmo que nunca tenham ouvido falar do livro).
É um livro com um protagonista malandro e preguiçoso, mas que pra conseguir seus interesses se empenha em presepadas que tornam a leitura divertida e engraçada, até que você para pra pensar e começa a ver a sua própria malandragem e preguiça nos personagens, nesse momento, mesmo em meio às piadas você se obriga a fazer uma auto análise e tentar melhorar.
É um livro de leitura fácil, divertida e que ainda consegue ser reflexiva, se você assim quiser. Escrito com maestria e bom humor.
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
[Opinião] O Rosto de Deus - Roger Scruton #537
Editora: É Realizações
N° de Páginas: 232
Quote:
"Mesmo que respondamos à questão 'por quê?' mencionando a causa de nosso estado de espírito, estaremos dando conta de nós mesmos. E esse prestar contas é algo que fazemos eu a eu, quando refletimos a respeito de nossas ações e emoções querendo julgá-las, vendo-as de fora, como vemos as ações e emoções dos outros. Está contido na pergunta 'por quê?' o notável fato de cada um de nós é, ao mesmo tempo, eu e outro, ligado a outras pessoas numa rede de encontros face a face. A questão tira o véu que existe entre nós, criando um lugar onde, por assim dizer, eu olha para eu."
Opinião:
Scruton é um autor de competência e inteligência ímpar. Este é o segundo livro dele que leio, já havia feito a leitura de A Alma do Mundo, que conversa bastante com este livro, inclusive. Embora aqui a questão do sagrado não seja o centro, como no outro livro que mencionei, ela também é abordada aqui.
Este era um dos livros que mais me interessavam dentro da obra do autor, mas como eles costumam ser caros e este, em especial, ficou muito tempo esgotado, nunca havia conseguido um pra ler. Aí minha prima me deu a missão de encontrar um exemplar com valor praticável para a coleção dela, acabei encontrando na Estante Virtual por um preço bacana e que diziam estar inteiro o suficiente. Ela gostou, comprei pra ela e quando chegou resolvi ler antes de entregá-lo à sua legítima dona.
Como disse, aqui o autor também vai tratar sobre o conceito de sagrado, mas até chegar a isso, que, novamente, não chega a ser o foco do pensamento exposto, ele vai passear pela arte em suas diversas formas, de pintura e escultura até arquitetura. Ainda não li o Beleza, mas acredito que muita coisa daqui também conversa com este livro.
O autor vai falar sobre identidade e identificação, como muita coisa tenta tirar a questão do rosto da jogada porque sem o rosto não há identidade, ele usa a pornografia como exemplo, um verdadeiro mal que além de escravizar e denegrir ao máximo as pessoas que são submetidas a "performance" também envenena quem consome, ele fala que como o foco lá são os órgãos sexuais, em detrimento ao rosto, o que rebaixa o indivíduo à posição objeto.
O autor ainda usa diversos exemplos até chegar na questão da identidade de Deus, explicando também o porquê disso ser tão resistido por muitas pessoas.
Um livro sensacional, e até mais simples do que o outro que mencionei, onde o autor fez com que me sentisse um semi-analfabeto, aqui sua inteligência não me deixou assim, tão constrangido.
domingo, 1 de outubro de 2023
[Opinião] Oração e a Vida Cristã - John Knox e João Calvino #536
Editora: Vida
N° de Páginas: 114
Quote:
"Para concluir em uma palavra, a cruz de Cristo somente triunfa no coração dos crentes sobre o Diabo e a carne, o pecado e os pecadores, quando seus olhos estão direcionados ao poder da sua ressurreição."
Opinião:
Ganhei este livro da Kelly, do blog Café, Fé e Livros, já tem algum tempo, aproveitando que setembro separei para ler apenas livros de não ficção achei que era um bom momento para finalmente lê-lo.
Aqui vamos encontrar, na realidade, são dois textos diferentes, de duas pessoas diferentes... o que está explícito no que está escrito na capa, mas eu achava que era um único texto, escrito em conjunto, que falava sobre Oração e a Vida Cristã como complementares, então já vamos começar tirando essa impressão de quem mais a tenha.
A primeira parte é um tratado sobre a oração que, a princípio, não tinha a intenção de sê-lo. Ele o escreveu em decorrência a morte do rei Eduardo VI, da Inglaterra. Em seu lugar sobe ao trono Mary Tudor, que ficou conhecida como Mary, a sanguinária. Ela havia prometido não perseguir os protestantes, e parte das súplicas de Knox eram pra que ela cumprisse essa promessa, pelo apelido que a rainha ganhou ja dá pra imaginar que ela não cumpriu.
A segunda parte é um guia para a Vida Cristã, um manual mesmo, com lista de tópicos e depois o aprofundamento em cada um desses tópicos, é uma leitura quase essencial para novos convertidos e de extrema importância para os "velhos de casa" que tenham caído na mesmice e, com o tempo, passaram a não dar a devida atenção e importância à sua conduta e ações.
É um livro curto, de leitura simples mas bastante reflexiva, que deverei estar no repertório de todo cristão. Muito bom
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